Madonna e Beatty: romance dentro e fora da tela |
Criado em 1931 pelo cartunista Chester Gould para as tiras de jornal, o detetive Dick Tracy ficou famoso, por sua inteligência, habilidade em não ser baleado, agilidade em sacar uma arma e (especialmente) por enfrentar os vilões mais grotescamente feios das HQs. Com as aventuras ambientadas na Chicago da década de 1930, o personagem conquistou grande popularidade com suas histórias - algo tão grande que os fãs nem estranharam quando com a efervescência da corrida espacial na década de 1960, o personagem se tornou até policial de uma colônia humana na Lua! Tracy figurou nos jornais dominicais até o ano de 1977, quando suas tramas pararam de ser publicadas, no entanto, seu porte de ícone pop da cultura americana permaneceu inabalável - ao ponto de 1990 ganhar uma versão cinematográfica pelas mãos do astro Warren Beatty (que também encarna o detetive) e ganhar três Oscars! Para além de perseguir gangsteres de Chicago, a aventura de Dick Tracy nas telas tem nos três prêmios da Academia um bom começo para essa resenha. Beatty foi muito esperto ao contratar uma dupla que seria capaz de retratar com fidelidade a carranca dos vilões das tirinhas. O trabalho de John Cagliano Jr. e Doug Drexler merece todos os elogios por criar as personificações do vilão Big Boy Caprice (Al Pacino, ainda expressivo debaixo de tanta maquiagem, sendo indicado ao Oscar de coadjuvante) e seu bando de marginais (que conta ainda com Paul Sorvino e Dustin Hoffman). Outro ponto alto do filme é o tom berrante utilizado nos cenários (que garantiu o prêmio de melhor direção de arte), essa estratégia garante um certo tom de fantasia mesmo quando a violência aparece na história. Além disso, devemos admitir que o filme deve parte de seu sucesso à participação de Madonna, que estava no auge da indústria fonográfica e que namorava Beatty na época. A popstar encarna Breathless Mahoney, uma típica femme fatale com figurinos cuidadosamente criados pela consagrada Milena Canonero (indicado ao Oscar da categoria). Breathless canta no cassino clandestino de Caprice e flerta com Dick Tracy para o desespero da noiva certinha do detetive (Glenne Headley). Ainda que não alcance todas as nuances que apersonagem exige, a presença da loura na tela é marcante no joguinho de sedução que se estabelece. Além desse apelo, o roteiro constrói um típico caso de gato e rato entre mocinho e bandido, com o diferencial de apresentar um novo vilão na história: um sujeito sem rosto que não se sabe ao certo seus interesses e que pode tanto ajudar quanto atrapalhar as investigações de Tracy. Com tantas estrelas no time dos vilões, Beatty foi até criticado por sua encarnação apenas "charmosa" do consagrado personagem, mas nada que prejudique o andamento da trama que é embalada por belas canções de Stephen Sondheim, que são defendidas com afinco por Madonna (tanto esforço garantiu ao filme o prêmio da academia para melhor canção original por "Sooner or Later" que ainda rendeu um dos momentos musicais mais marcantes da história do Oscar). Numa época em que filmes em quadrinhos ainda eram um risco, Beatty merece reconhecimento por ser fiel ao universo original de Tracy, com direito aos toques de film noir, bom humor e a presença de personagens importantes para o desenvolvimento do universo criado por Chester Gould. Falando nisso, vale ressaltar a presença do ator mirim popular nos anos 1990, Charlie Korsmo na pele de Kid, o comparsa mirim do detetive e que o ajuda em alguns momentos de apuros. Bem executado, o filme resulta numa divertida brincadeira com os filmes de gangster e ainda faria bonito nos cinemas de hoje em dia.
O time dos vilões: maquiagem certeira.
Dick Tracy (EUA-1990) de Warren Beatty com Warren Beatty, Al Pacino, Madonna, Dustin Hoffman, Charlie Korsmo, Glenne Headley e Seymour Cassell. ☻☻☻
Também acho que a Madonna fez um trabalho legal nesse filme,ainda mais comparado a outros filmes em que ela aparece.Estudar atuação não faz mal kkkkkkkkk
ResponderExcluirNão faz mal mesmo... rsrs
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