domingo, 31 de agosto de 2014

DVD: Para Roma com Amor

Davis, Allen, Pill e Flavio Parenti: surrealismo não salva as irregularidades. 

Woody Allen dirigiu a maioria de seus filmes com locações em Nova York. A Big Apple ainda é o cenário favorito do diretor, mas desde que ele resolveu realizar alguns trabalhos pela Europa, algumas cidades turísticas do mundo resolveram convidá-lo para fazer o mesmo (incluindo o Rio de Janeiro). Assim que ele filmar na Espanha (Vicky Cristina Barcelona/2008), na França (Meia-Noite em Paris/2011) e até em Roma nesta que seria sua declaração de amor à cidade italiana. No entanto, vale lembrar, que declarações de amor feitas por encomenda costumam não funcionar e Para Roma com Amor. Um amigo meu diria que é um dos filmes que "Woody filmou para cumprir tabela" - se referindo à compulsão do cineasta lançar uma produção por ano, este foi o filme com o selo 2012, ou seja, lançado depois dos prêmios e bilheteria surpreendente de Meia-Noite e Paris e a aclamação de Blue Jasmine/2013. Para contornar a premissa o diretor criou vários personagens que visitam Roma por algum motivo e a filmagem narra os acontecimentos com cada um deles. O efeito é como se fosse um episódio da cine-série cidade que amamos (como Nova York, Eu Te Amo/2008) em que os episódios foram misturados na edição. Algumas histórias são bacanas, outras nem tanto (e essas prejudicam a fluência das que funcionariam bem), sendo assim, Allen chega a temperar algumas com toques surreais para que fiquem mais engraçadas. A coisa funciona com a história do homem comum (Roberto Benigni)  que do nada é perseguido pela imprensa, ou com o homem que é ótimo cantor de ópera - somente quando está debaixo do chuveiro (vivido pelo tenor Fabio Armiliato), mas nada pode salvar a arrastada trama sobre adultério eminente protagonizada por Jesse Eisenberg, Ellen Page e Greta Gerwig que não decola nem com o espectro de Alec Baldwin para dar uma mãozinha (essa deve ser a pior história já escrita por Allen). Allen ainda encontra espaço para colocar Penelope Cruz como uma prostituta metida numa farsa com um jovem tímido recém casado (enquanto a esposinha se perde na cidade) e o fato de colocar uma espanhola como italiana é o motivo da melhor piada autorreferencial do filme, já que Allen diz em cena que não entende espanhol... quando está no meio de uma autêntica discussão italiana. Sem a preocupação de misturar as tramas (são todas independentes) ou seguir uma linha temporal comum (algumas tramas acontecem por dias, enquanto outras acontecem em uma única tarde), Allen recicla algumas ideias (o mundo das celebridades, o adultério, seres imaginários...) e capricha num elenco plural para ajudá-lo a tornar interessante um filme irregular. Maçante em sua duração, Para Roma com Amor (e o título sem graça só reforça a ausência de um corpo coerente à história disfarçada de brincadeira com as Cidades que Amamos) deve figurar na lista dos filmes mais descartáveis do diretor.  Para dizer que não gostei de nada, tem uma piadinha aqui e outra ali que funciona, também curti ver a sumida Judy Davis novamente ao lado do diretor e um personagem discutindo as qualidades de A Solidão dos Números Primos (2010), um dos melhores filmes italianos dos últimos anos. 

Para Roma com Amor (To Rome with Love/EUA-Itália-Espanha/2012) de Woody Allen com Jesse Eisenberg, Woody Allen, Judy Davis, Ellen Page, Alec Baldwin, Alison Pill, Alessandro Tiberi, Roberto Benigni e Fabio Armiliato. ☻☻

Um comentário:

  1. Você realmente não pode perder o segundo espisódio da nova série de comédia, Vice Principals, nos primeiros minutos demonstram ser uma proposta bastante divertida, louca e com um tom cômico e muito agradáel. Só espero que de verdade consigam cumprir as expectativas e que os 18 episódios tenham sido planejados para cubrir as expectatias do espectador. Eu recomendo muito, parece uma boa propuesta.

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