De comediante gorducho passando para pinta de galã sarado (mas mantendo o bom humor), Christopher Michael Pratt é o mais forte candidato a queridinho da América depois de protagonizar Guardiões da Galáxia (2014). O mais engraçado é que pouca gente lembra de ter assistido um filme com ele nos últimos anos (e sim, você deve ter assistido pelo menos um), graças à sua repaginada visual (resultado de cinco meses de dieta e musculação), além disso, ele tem papel cativo em uma premiada série de TV (Parks & Recreation da Sony). Nascido em 1979 na cidade de Virgina no Minessota, Pratt começou a ser reconhecido por suas participações nas série Everwood (2002/2006) e The O.C. (em 2006 e 2007), antes ele havia realizado dois filmes para o cinema (The Extreme Team/2003 e Strangers with Candy/2005) que não receberam muita atenção do público ou da crítica (e nem mereciam). Em 2007 participou de uma comédia dramática independente, Walk The Talk ao lado de Cary Elwes e Illeana Douglas, mas o sucesso na telona permanecia distante. As coisas também não melhoraram com a comédia boboca Os Salsichas de 2008 e o sucesso passou raspando com sua participação no filme de ação mirabolante O Procurado/2008 ao lado de Anjelina Jolie e James McAvoy, mas seu papel era pequeno demais para chamar atenção. A situação começou a melhorar quando foi escalado para ser um dos noivos de Noivas em Guerra/2009, restando servir de escada para Anne Hathaway e Kate Hudson. No filme, seu gosto pela comédia ajudou para que conseguisse ser protagonista da comediota Deep in The Valley (2009) com Denise Richards. Fez uma participação em Garota Infernal/2009, mas sua atuação mereceu tanta atenção quanto o resto do (fiasco que foi o) filme. Investiu mais uma vez no tom cômico em Uma noite Mais que Louca/2011, que estava longe de ser memorável... sorte que no mesmo ano ele atuou O Homem que Mudou o Jogo (2011) ao lado de Brad Pitt. Na trama sobre um time de beisebol formado por jogadores fracassados, problemáticos e derrotados, que Pratt deu a sorte de encarnar o jogador com maior destaque na trama. Sua atuação contida serviu para mostrar que ele tinha dotes dramáticos bastante confiáveis. O filme fez surpreendente sucesso e foi indicado a 6 Oscars (incluido melhor filme e roteiro adaptado). No mesmo ano fez duas comédias românticas de algum sucesso (Qual é o seu Número? e Dez anos de Pura Amizade) que lhe garantiram ainda mais a simpatia do público como aquele rapaz de bochechas em (constante) crescimento e carisma para viver sujeitos comuns bem humorados. Esse tipo simpático foi encarnado mais uma vez, em Cinco Anos de Noivado (2012) onde faz o amigo/cunhado do casal protagonista (Emily Blunt e Jason Segel). No mesmo ano, atuou em outra produção indicada ao Oscar, o badalado A Hora Mais Escura, onde vive um dos soldados que participa da caçada à Osama Bin Laden. Chris (já bastante acima do peso, encarnado o estereótipo do gordinho engraçado) percebeu que seu nome começava a ficar em alta, tanto que ousou participar de um dos curtas mais divertidos do grotesco Para Maiores/2013, onde vivia um rapaz que precisava lidar com o estranho fetiche da namorada. Apesar do tema nojento (que recuso escrever aqui), Pratt conseguiu mais uma vez dar alguma dignidade a um personagem que poderia facilmente cair na canastrice. No mesmo ano, o moço provou ser pé quente quando o assunto é Oscar, afinal, participou de Ela, filme de Spike Jonze, indicado a cinco estatuetas (incluindo melhor filme) e que levou para a casa o prêmio de melhor roteiro original. Pratt interpreta (de bigode) o gentil amigo de Joaquin Phoenix que compreende sua paixão por um sistema operacional. Uma participação afetiva pequena, mas que encaixa perfeitamente no retrato das relações construídas pelo filme. Em 2013 também participou de De Repente Pai - e se fosse o protagonista do filme (que ficou a cargo de Vince Vaughn), talvez o filme alcançasse maior sucesso junto ao público. Provavelmente foi pela sua versatilidade em viver diferentes personagens em diferentes locais e situações que foi escolhido para duplar o simpático protagonista de Uma Aventura Lego (2014), animação esperta que mostra um boneco comum que se junta a alguns personagens famosos do universo Lego para salvar o mundo. Sucesso de público e crítica, o filme parecia o prenúncio do barulho que o novo filme de Pratt faria. Os Guardiões da Galáxia (2014) de James Gunn já era um risco por levar às telas personagens pouco conhecidos do universo Marvel, mas ampliou esse risco ao investir num protagonista desconhecido que poderia colocar tudo a perder se não encontrasse o tom certo. Sorte que Chris Pratt estava no papel de sua vida como o auto-proclamado Senhor das Estrelas, que já é considerado um dos personagens mais cool da ficção científica, uma espécie de Han Solo repaginado para o público do século XXI. Além disso, serviu para provar que o ator tem capacidade de levar um filme nas costas (ainda mais depois da transforação física que passou no último ano). A confiança no seu taco está tão forte que ele foi escalado para ressuscitar a franquia Parque dos Dinossauros no ano que vem. Parque dos Dinossauros IV não conta com a atuação de Steven Spielberg (assim como o episódio anterior) e será o primeiro filme do ator após o sucesso de Guardiões da Galáxia, resta saber se o papel fará tão bem à sua carreira quanto ele imagina. Até lá podemos vê-lo como Andy Dawyer na série Parks & Recreation, onde relembra seus tempos onde precisava só fazer graça para a plateia (sem se envolver com cenas de ação mirabolante cheias de efeitos especiais).
Pratt (ao centro) em Para Maiores: antes da dieta.
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