Boyd e Wilson: feitos um para o outro.
Filmes independentes também podem ser bobos e servir apenas para passar o tempo - e não há problema nisso, apenas a sensação de que com alguns ajustes o filme poderia ser algo muito melhor. Jelly, filme de estreia de Waleed Mursi é um filme sobre personagens que já deveriam ter saído da adolescência, mas que, por algum motivo, parecem estacionados nessa fase da vida. O título é o nome de sua protagonista vivida pela roteirista Sarah Louise Wilson. Jelly é uma jovem mestiça, acima do peso e que tenta sobreviver ao fim de seu duradouro namoro. Para dar um toque diferente, ela ainda tem um olhar sobre a vida inspirado nos filmes de John Hughes - considerando o ápice de sua geração o famigerado Gatinhas e Gatões (1984). Bem distante de ser Molly Ringwald, a musa ruiva de Hughes, Jelly tem problemas sérios de autoestima, mas consegue ser bem humorada, ainda que um pouco infantil para sua idade. Quem ajuda a colocar ânimo em seus dias são Mona (Natasha Lyonne), que veste-se como se vivesse na década de 1930 (o que não impede que sua vida amorosa seja um pouco confusa) e o melhor amigo Floyd (John Boyd), que é carinhoso, gentil e meigo demais para ter sua masculinidade levado a sério pelas duas amigas. O roteiro desenvolvido por Sarah Louise Wilson tem algumas referências às obras de Hughes, mas o diretor Mursi prefere não exagerar ndeixando seu longa com um estilo próprio e um tanto exagerado (incluindo as cenas de, digamos, auto-satisfação de sua protagonista), chegando a flertar com o surreal (não consigo encontrar uma palavra melhor para descrever cenas como da empresa que promove o último encontro entre ex-namorados ou da peça de Páscoa em que Floyd dá uma ajudinha ao pai de sua amiga). No entanto, o filme nãos e preocupa em atribuir uma carreira aos seus personagens, grandes ambições ou conflitos, mas deixa claro desde o início que existe uma fagulha entre Jelly e Floyd, que se devidamente alimentada pode transformar os dois num casal perfeito - por mais que ela resista a isso. Por mais que Sarah Louise Wilson se esforce para agradar a plateia, os maiores méritos ficam por conta de Natasha Lyonne na pele da amiga esquisita e, especialmente, John Boyd na pele de Floyd (afinal, ele pega o típico amigo gay de comédias românticas e o transforma no par perfeito da protagonista e digno de suspiros da mulherada). Jelly é despretensioso, filmado de forma quase amadora (ninguém experiente gastaria tantos recursos de câmera lenta em momentos tão comuns), mas diverte em sua necessidade de tentar abordar pessoas comuns que fogem dos estereótipos mais convencionais. Longe de ser brilhante e original, o filme serve como passatempo.
Jelly (EUA-2010) de Waleed Mursi com Sarah Louise Wilson, John Boyd, Natasha Lyonne, Rick Overton e Julie Cobb. ☻☻☻
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