Philip: despedida em grande estilo.
Falecido em fevereiro desse ano Philip Seymour Hoffman foi um dos atores mais aclamados de sua geração sendo cobiçado para vários projetos. Portanto, era de se imaginar que após sua despedida precoce houvesse alguns filmes estrelados por ele prestes a estrear. O Homem Mais Procurado é um deles e estreou sem grande estardalhaço nos cinemas, mesmo sendo alardeado como o último trabalho realizado pelo ator. Baseado no livro de John Le Carré, o filme conta com a direção do holandês Anton Corbjin, que utiliza uma narrativa tradicional para mostrar o jogo de interesses governamentais nas ações antiterroristas. Como é de praxe nas obras inspiradas do autor, as cenas de ação cedem espaço para estratégias de espionagem que costumam revelar surpresas no final. Hoffman vive Günther Bachmann, que lidera uma equipe da Inteligência alemã em Hamburgo - que conforme explicado por ele, age na clandestinidade por realizar ações que o governo alemão não autorizaria. Sua equipe segue pistas sobre um homem suspeito de lavagem de dinheiro para financiar atos terroristas. Enquanto Bachman investigam o tal sujeito, cruza-lhes o caminho o jovem Issa Karpov (Grigoriy Dobrygin), imigrante ilegal, que foi submetido à tortura e sob suspeita de ter cometido atos terroristas. Issa conta com a ajuda a advogada Annabel Richter (Rachel McAdams) para permanecer na Alemanha e resolver pendências da herança que recebeu de seu pai. Parte checheno, parte russo, Issa apresenta marcas de tortura em seu corpo e intenções menos extremistas do que poderiamos suspeitar. As duas investigações se cruzam e Bachman percebe a chance de deter seu alvo principal, mas para isso deve enfrentar os interesses de seus superiores e de uma aliada americana (Robin Wright) - com quem já trabalhou anteriormente de maneira frustrante. Corbjin desenvolve sua trama de maneira linear, sem truques, destacando a atuação de Hoffman como um homem que dedicou sua vida à um trabalho que talvez nem ele confie mais - ainda que tenha que inspirar confiança aos que cruzam seu caminho (e essas cenas são as melhores do filme). O roteiro de Andrew Bovell tem o trunfo de tratar seus personagens com mais complexidade do que estamos acostumados, mostrando as ambiguidades de suas decisões e atos sem firulas ou melodramas. Em vários momentos não sabemos dizer quem são os mocinhos ou os bandidos, até que o final faz questão de ressalta essa diferença numa espécie de cadeia alimentar da espionagem. O Homem mais Procurado pode decepcionar quem espera cenas de ação mirabolantes, mas consegue tratar a vida de espiões de forma crua em seus sacrifícios pessoais, sem o glamour ilusório que atribuem a esse ofício.
O Homem mais Procurado (The Most Wanted Man/EUA - Reino Unido - Alemanha) de Anton Corbjin com Philip Semour Hoffman, Willem Dafoe, Rachel McAdams, Robin Wright, Grigoriy Dobrygin, Daniel Brühl e Nina Hoss. ☻☻☻
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