Gustavo, Monica e Daniell: queimar sutiã para quê?
Sucesso no teatro desde 2005, "Os Homens são de Marte... e é pra lá que eu vou" recebeu uma adaptação quase inevitável para o cinema perante o interesse da plateia por comédias nacionais. Com o sucesso nos cinemas a peça acaba de virar uma série de TV. A trama acontece a partir das desventuras amorosas de Fernanda (Monica Martelli) que diz ter 39 anos (falo mais sobre isso depois), tem vida sexual ativa, mas que ainda não casou - e isso parece ser a morte para uma mulher madura que se dedica a planejar festas de casamento. Fernanda tem dois fiéis escudeiros, Aníbal (Paulo Gustavo no papel de sempre) e a aspirante à atriz Nathalie (Danielle Valente), que tentam ajudar a protagonista a realizar seu casamento de colocar uma aliança no dedo. Meu problema com esse tipo de filme está longe de ser as piadas (eu admito, eu ri de várias cenas), mas que sempre algo me parece fora do lugar. A começar por Monica Martelli, ela pode ser bonita, em forma e elegante, mas não convence como mulher que ainda não chegou aos 40. Parece pouco, mas sempre que vejo sua personagem caindo de amores por um homem depois de uma noite de sexo ela parece mais se comportar como uma daquelas adolescentes pegajosas que mentem para si mesmas para enganar-se de que aquele relacionamento tem futuro.... bem... ela diz que tem 39 anos (mas eu até relevo esse deslize já que muitas mulheres não dizem a idade verdadeira nem sob tortura) mas se comporta como uma garota que está começando a vida amorosa somente agora (e isso pode explicar porque os homens acabam fugindo dela). Mas tudo bem, vai que Fernanda trata isso com o analista há anos e ainda não conseguiu mudar!? Talvez se fosse mais esperta e aprendido com seus tropeços ela teria evitado o coração partido por um político (Eduardo Moscovis), um empresário cheio de si (Humberto Martins) e aproveitado os conselhos de Marcelinho (José Loretto) que pede para ela relaxar depois dos finalmente. Não tem jeito, amigo, a mulher é tensa mesmo! Bem sucedida em sua profissão, independente financeiramente e com um belo apartamento, Fernanda precisa de um homem para ser completa. É isso mesmo?! Ela parece nutrir-se daquela expectativa de que ele vai ligar, ele vai decidir onde ir, ele vai estabelecer o dia e horário do encontro, ou seja, ele vai libertar a submissa que tem dentro dela. Isso para alguns pode parecer romântico, mas soa um tanto doentio e beira a neurose (e isso não significa que não tem graça, já que Woody Allen vive fazendo comédias com neuras, histerias, hipocondrias, transtornos... só que com mais personalidade do que vemos aqui). Meus momentos favoritos ficam por conta do namoro de Fernanda com o alemão, quase baiano, Nick (Peter Ketnath, ótimo) que lhe ensina a desapegar das coisas até o limite do suportável. Esse relacionamento, somado ao casamento que Fernanda organiza para ser um tiro n'água, dá a entender que a protagonista irá entender que sua obsessão é um tanto exagerada para uma mulher independente do século XXI, mas o final deixa claro que o casamento é o único caminho da felicidade para ela - pelo menos até a última cena. Talvez eu tenha que lembrar que o título, no entanto, revela que tudo pode ser apenas uma provocação com o best seller "Homens são de Marte e Mulheres são de Vênus" de John Gray, lançado em 1992 e que fez sucesso por dizer que homens e mulheres são feitos para pensar e agir de forma diferente - e isso explica a piada que perpassa todo o filme. Os Homens São de Marte... e é Pra Lá que Eu Vou é escrito essencialmente por mulheres, mas deixa claro que a fonte inspiradora é de um homem.
Os Homens são de Marte... e é pra lá que eu Vou (Brasil/2014) de Marcos Baldini e Homero Olivetto com Monica Martelli, Paulo Gustavo, Danielle Valente, Eduardo Moscovis, Humberto Martins, José Loretro, Peter Ketnath e Marcos Palmeira. ☻☻☻
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