Shannon: outro grande acerto.
Admito que tenho uma espécie de fetiche por Michael Shannon, já que ele se tornou um dos poucos atores que quando vejo associado a um projeto já o aguardo ansiosamente. O ator pode ainda não ser um astro (e talvez nunca seja), mas já entregou atuações difíceis de esquecer. Ele me chamou atenção pela primeira vez como o paranoico de Possuídos (2006) e depois como o vizinho de parafuso frouxo (ou seria apertado demais?) de Foi Apenas um Sonho (2008) que lhe valeu uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante. Depois vieram os bons trabalhos em The Runaways (2010), O Abrigo (2011) e nesse O Homem de Gelo (2012), todos filmes independentes que fazem mais por sua carreira do que a participação como vilão em superproduções como Homem de Aço (2013). Embora sempre viva personagens complexos psicologicamente, Shannon sempre os preenche de características bastante distintas e, por isso mesmo, merece atenção. Por esse aqui alguns até cogitavam que ele concorresse ao Oscar (mas até eu sei que sua próxima indicação será por um sujeito comum e meio cômico que anda faltando em seu currículo). Shannon interpreta Richard Kuklinski, um matador profissional que da década de 1960 até a data de sua prisão em 1986 estima-se ter matado mais de cem pessoas. De origem polonesa, Kuklinski começou a carreira de matador meio que por acaso, após problemas em seu emprego de origem (ele trabalhava com revelação de filmes) ele é convidado a tornar-se matador profissional pela frieza com que lidava com as ameaças que recebia. Se profissionalmente tornou-se conhecido por seu sangue frio, na vida pessoal ele foi casado e feliz com Debora Pellicotti (Winona Ryder), com quem teve duas filhas enquanto escondia sua profissão obscura. Família e amigos acreditavam que trabalhava com câmbio e especulações financeiras, mas ele prestava serviços para o mafioso Roy Demeo (Ray Liotta) e seu bando, até que a recusa de assassinar uma testemunha de 17 anos comprometeu sua relação com o mafioso. O filme divide a atenção com a vida familiar de Richard e os serviços que executa com cruel maestria, ou seja, um papel na medida para Shannon demonstrar porque é um dos atores mais cobiçados para viver papéis sinistros. No entanto, preciso destacar que seu elenco de apoio ajuda bastante, Ryder parece o contraponto ideal para a ideia de uma versão marginal de A Bela e a Fera, além disso, se você identificar David Schwimmer bigodudo, tente reconhecer o parceiro de Richard nos momentos de crise! Em termos de narrativa o filme pode não ser inovador em reproduzir aquela atmosfera dos dramas criminais da década de 1970, mas consegue prender a atenção do espectador até o final onde o que Kuklinski tem de mais valioso é colocado em risco. Depois de analisar a vida de um assassino o diretor Ariel Vromen irá abordar as memórias de um agente da CIA em Criminal (previsto para 2015).
O Homem de Gelo (The Iceman/EUA-2013) de Ariel Vromen com Michael Shannon, Winona Ryder, Ray Liotta, David Schwimmer, Chris Evans, James Franco, John Ventimiglia e Stepehn Dorff. ☻☻☻
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