Teller e Eckhardt: boxeador de respeito.
A crítica americana sempre se entusiasma quando tem algum filme sobre boxe prestes a estrear na temporada de prêmios. Embora vários tenham passado em branco, sempre que surge na tela um lutador em sua jornada pessoal dentre e fora dos ringues o povo se anima. Ano passado foi a vez do diretor Ben Younger (do bom O Primeiro Milhão/2000) lidar com esta expectativa ao lado do ator Miles Teller. Teller chamou atenção por seu papel no ótimo Whiplash/2014 e desde então tenta se manter como um jovem astro confiável e, pelo que faz aqui, ele realmente merece ser levado a sério. Além de mudar o físico, com o ganho de massa muscular para viver o campeão de boxe Vinny Pazienza, Teller tem bons momentos na pele do lutador que surpreendeu o mundo a se recuperar de um acidente que quase o impossibilitou de andar. Logo no início do filme, o maior desafio de Vinny era se manter com o peso apropriado de sua categoria. Afim de melhorar ainda mais o seu desempenho, ele aceita a proposta de seu novo treinador (Aaron Eckhardt, completamente diferente) de ganhar peso e mudar de categoria. Somente esta ideia já gera conflitos na família do lutador (o pai é vivido por Ciarán Hinds e a mãe por Katey Sagal), mas quando tudo parece voltar aos eixos surge um acidente para mudar o destino de Vinny. Com a coluna fragilizada, ele precisa atravessar um longo período de recuperação (seis meses) com parte do corpo imobilizado e repouso quase absoluto, mas ele não perde a esperança de poder voltar aos ringues. A história de Vinny em si já parece coisa de filme e, se você conhece a história original, já sabe como termina, seja pelo inusitado retorno aos treinos ou dificuldades de voltar às lutas como gostaria. O resultado é interessante, mas Younger faz um trabalho dentro de sua zona de conforto, sem ousadias ou maiores polêmicas sobre o biografado. O foco está totalmente no protagonista e isso ajuda a narrativa a se desenvolver sem maiores problemas, mas o roteiro poderia ser um pouco mais elaborado - assim como as cenas de luta que não chegam a empolgar. Pena que a maioria dos personagens não possui grande funcionalidade, já que não é todo dia que se vê Katey Sagal (a Peggy do antológico seriado Um Amor de Família) num papel sério no cinema. Sorte que Miles Teller consegue carregar o filme nas costas, ou seria no muque? O moço está bem diferente dos tipos adolescentes que vive desde a sua estreia em Reencontrando a Felicidade/2010, conseguindo imitar o jeito e até o sotaque do biografado. Além disso, o ator tem algo em comum com o personagem, já que também se envolveu em um acidente de carro que quase o impossibilitou de andar (e por isso seu rosto ainda possui cicatrizes). Sangue pela Vitória é o primeiro papel de gente grande do rapaz que pode ter ficado de fora da lista de prêmios da última temporada de ouro, mas que prova ter talento para ser lembrado futuramente.
Sangue Pela Vitória (Bleed for This/EUA-2016) de Ben Younger com Miles Teller, Aaron Eckhardt, Ciarán Hinds, Katey Sagal, Ted Levine, Tina Casciani e Daniel Sauli. ☻☻☻
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