É comum um comediante se aventurar pela seara dos dramas para provar que é um ator a ser levado a sério. Adam Sandler de vez em quando faz isso e são nestes momentos em que percebo que ele talvez tenha salvação. Quem acompanha o blog sabe que o ator está longe de ser um dos meus artistas favoritos (na verdade ele nem é cogitado pela isso), mas não posso ignorar que ele já fez alguns bons trabalhos tanto em comédias quanto em papéis mais dramáticos. Esta lista é para lembrar que Sandler não é mais um comediante, mas um ator:
05 Homens, Mulheres e Filhos (2014) Sempre tenho a impressão que pouca gente entendeu o filme de Jason Reitman - ou será que seu olhar crítico sobre a sociedade americana resultou assustadora demais ao mostrar um grupo de personagens que passam mais tempo ligados em computadores, celulares e tablets do que nas pessoas que estão ao seu redor? Neste cenário que dispensa comentários, Sandler é o marido acima de qualquer suspeita que começa a se envolver com outras mulheres via sites de relacionamento. Pode se dizer que ele não faz nada demais neste filme, mas é justamente sua economia que evidencia ainda mais os conflito do personagem.
04 Tá Rindo do Quê? (2009) Eu sei, eu sei, o filme de Judd Apatow não é bem um filme sério, na verdade é justamente quando tenta ser que as pessoas começam a reclamar dele, no entanto, deu a Sandler o desafio corajoso de voltar-se para a sua própria persona pública e lidar com todas as críticas que já recebeu. Some isso ao fato dele encarnar um comediante que começa a pensar na vida quando precisa lidar com uma doença fatal e a morte que você terá uma ideia que Sandler não estava para brincadeiras. O problema foi que Apatow acreditou tanto no que tinha em mãos que esqueceu de cortar tudo o que estava sobrando.
03 Os Meyerowitz (2017) De vez em quando dá uma vontade de rir quando a imprensa vê Sandler num filme mais sério, com diretor badalado e começa a dizer que ele ganhará um prêmio concorrido de atuação. Foi assim quando este novo filme de Noah Baumbach estreou no Festival de Cannes, sinceramente, nunca imaginei que o júri iria premiar o moço pelo seu trabalho como o filho de pendores artísticos de um escultor que vive uma vida um tanto perdida ao lado da família. Sandler está bem em cena e encaixa perfeitamente no universo do diretor, oscilando entre o introspectivo e o desespero com bastante habilidade. Talvez ele seja indicado ao Globo de Ouro de ator de comédia/musical e acredito que já ficará feliz.
02 Reine Sobre Mim (2007) Contar uma história de traumas sobre a queda das Torres Gêmeas apenas seis anos depois da tragédia não é tarefa para qualquer um. Sandler topou a proposta e encarnou Charlie Fineman, um sujeito comum que se reencontra com seu ex-colega de quarto dos tempos de faculdade (papel de Don Cheadle). Só que Charlie agora é uma pessoa marcada pela dor por perder a família no famigerado ataque em Nova York. O diretor Mike Binder não tem pulso para evitar o melodrama durante a sessão, mas consegue criar uma história bastante deprimente que gira em torno de uma atuação coerente de Sandler fora de sua zona de conforto.
01 Embriagado de Amor (2002) Para o azar de Sandler ele foi o protagonista do filme mais odiado de Paul Thomas Anderson (embora o cineasta tenha recebido o prêmio de direção em Cannes), mas eu não ficaria surpreso se até o Oscar houesse lembrado dele pela atuação do homem comum, um tanto excêntrico que vive protegido pelas irmãs enquanto coleciona milhas aéreas para dar a volta no mundo. Sua vida parece melhorar quando ele se apaixona (por Emily Watson) e desanda quando se mete num grande problema com o cartão de crédito num site obscuro da internet. Sandler consegue dar conta de um personagem complexo e foi indicado ao Globo de Ouro por seu papel (na categoria de melhor ator de comédia/musical).
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