segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PL►Y: Amores Canibais

Suki e Momoa: pós-apocalipse canibal. 

Fiquei decepcionado com o segundo filme da cineasta Ana Lily Amirpour, afinal, depois de assistir sua estreia com o sensacional Garota Sombria Caminha Pela Noite (2014), um filme sobre vampiros com alma de filme iraniano, você só consegue só imaginava qual seria o passo seguinte da jovem cineasta que se apropriava do mundo pop e elementos clássicos do terror para criar um filme que envolvia justamente por sua originalidade. Infelizmente, com Amores Canibais a diretora se perde em referências que tornam o resultado apenas confuso. Ambientado num mundo pós-apocalíptico, nós conhecemos Arlen (Suki Waterhouse), garota que resolve se aventurar pelo deserto mesmo sabendo dos perigos que ele esconde. Ela termina perseguida e vendo partes de seu corpo servir de refeição para uma comunidade de canibais que vivem no meio do deserto. Fica difícil escrever mais sobre a história a partir deste ponto, já que qualquer comentário pode deixa-lo desinteressante, já que não existe propriamente uma história, personagens bem delineados, diálogos elaborados ou situações surpreendentes, o que vemos é um conjunto de ideias que mais parecem um esboço de um roteiro. O resultado é disperso e um tanto frouxo em conjunto. No futuro distópico imaginado por Amirpour, a humanidade vive em pequenos aglomerados de gente, que nutrem uma cultura bastante específica. Enquanto os canibais preferem cultivar musculaturas impressionantes e tratar a "comida" como se fosse apenas  estoques de carne, do outro lado existe um grupo de curte música eletrônica e consome drogas para não "deixar o sonho morrer" (e eu considero uma grande ironia que o líder deste povo seja Keanu Reeves, o enviado de Matrix e que deveria escolher entre  aquela pílula azul ou a vermelha).  Lá pelo meio do caminho, o personagem de Jason Momoa ganha destaque atrás de uma garotinha e precisa da ajuda de Arlen para recuperá-la. É praticamente isso. Sobrevivendo às chocantes cenas iniciais, você irá perceber que Lily investe em cores fortes, luzes piscantes e pontua a trama com música pop, mas nada consegue ser atmosférico ou envolvente como em seu filme de estreia. Ao final da sessão, você fica pensando sobre o que era tudo aquilo afinal, talvez a ideia era de que no futuro o homem acabará devorando seus semelhantes sem muita cerimonia, pena que faltou um roteiro bem construído para  contar a história que a diretora tinha em mente. Lily tem talento para filmar, mas aqui fica a impressão que ela deveria ter cogitado pedir ajuda para escrever colocar suas ideias em ordem. Ainda assim, o Festival de Veneza percebeu os méritos do filme e o colocou no páreo da disputa do Leão de Ouro no ano passado, mas o filme acabou levando para casa um prêmio especial do júri por sua ousadia estética. 

Amores Canibais (The Bad Batch/EUA-2016) de Ana Lily Amirpour com Suki Waterhouse, Jason Momoa, Jayda Fink, Giovanni Ribisi e Jim Carrey. 

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