Logan: o segundo cérebro em um chip.
O diretor Leigh Whannel faz parte da galera que fez de Jogos Mortais (2004) um sucesso ao redor do mundo. Assinando a produção da série sanguinolenta, o rapaz (que antes era ator) fez muito dinheiro e embarcou até em outra franquia de horror cinematográfica: Sobrenatural (2010). Curiosamente, Whannel dirigiu apenas um filme (Sobrenatural: A Origem/2015) antes desta ficção científica chamada Upgrade. Filmado na Austrália, a história é ambientada em um futuro próximo, em que a tecnologia toma recebe cada vez mais espaço na vida da humanidade. É neste cenário que conhecemos Grey (Logan Marshall Green, sempre parecido com Tom Hardy), um homem comum que gosta de passar o tempo fazendo reparos em seu carro não eletrônico. Ele vive feliz ao lado da esposa, Asha (Melanie Vallejo) que trabalha em uma grande corporação tecnológica. Em uma noite eles vão visitar um velho amigo de Grey, Eron Keen (Harrison Gilbertson), recluso visionário de apetrechos futuristas. Na ocasião, Keen apresenta ao amigo uma espécie de chip que funciona como uma inteligência artificial capaz de ser acoplada ao corpo humano, uma espécie de segundo cérebro (ou seria um sistema operacional "orgânico"?) capaz de fazer o corpo humano explorar todas as suas possibilidades. Grey considera a ideia absurda e um tanto assustadora, mas o encontro com um grupo de bandidos assassinos o fará mudar de ideia. Grey aceita instalar o chip em seu próprio corpo e segue em busca dos malfeitores, o que faz o filme soar como um Desejo de Matar (1974) hi- tech misturado com filme de origem de super-herói. Na concepção do filme o que chama mais atenção é a forma diferenciada como Whannel trabalha a edição, dando ao personagem movimentos quase robóticos - com efeito ainda mais interessante nas cenas de luta. Obviamente que existem alguns segredos na história (que os mais espertos irão captar desde o início), momentos em que o diretor mata a saudade de filmes de terror (há um bocado de sangue por aqui) e ainda mistura referências de vários filmes do gênero, mas funciona graças à interação de Grey com Stem, a tal I.A. que acoplada ao seu corpo (com belo trabalho vocal de Simon Maiden, que faz lembrar o antológico HAL de 2001 - Uma Odisseia no Espaço/1968). Visualmente o filme poderia ser um pouco mais caprichado (a direção de arte tem o maior jeitão de filme B - e aquele carro eletrônico parece feito de papelão - e a afetação do provável vilão do filme cria o maior jeitão de trash em alguns momentos), sorte que o herói vivido por Logan e a detetive de Betty Gabriel (que depois de Corra!/2017 merece a nossa atenção) sempre conseguem injetar credibilidade. Apesar dos tropeços, Upgrade tem um bom ritmo e ideias interessantes, mas chama atenção mesmo é por demonstrar que seu diretor está disposto a não ficar preso somente a um gênero cinematográfico.
Upgrade (Australia/2018) de Leigh Whannel com Logan Marshall Green, Betty Gabriel, Harrison Gilbertson, Melanie Vallejo e Benedict Hardie. ☻☻☻
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