sábado, 11 de agosto de 2018

BREVE: Thoroughbreds

Olivia e Anya: amigas do mal. 

Quando chegou aos cinemas americanos em março deste ano, Thoroughbreds já havia conquistado a crítica em sua passagem por vários festivais, realmente o trabalho do estrante de Cory Finley impressiona pela segurança em construir uma atmosfera bastante particular, que mistura suspense, drama, filme teen e verniz de humor sinistro. A história parte do reencontro entre duas amigas, Lily (a ótima Anya Taylor-Joy) e Amanda (a também ótima Olivia Cooke) que depois de um tempo sem se encontrarem, tem um encontro armado pela mãe de uma das duas. Desde o início, Amanda percebe que Lily está diferente, um pouco distante e indiferente - e ela está realmente certa já que a amiga lhe confessa que cansou de fingir emoções. Amanda deixa a amiga assustada ao afirmar nunca sentiu culpa, alegria, remorso ou empatia por ninguém. Aumenta o estranhamento a capacidade de Amanda perceber que algo incomoda Lily, ou, para ser mais específico, a presença do padrasto Mark (Paul Sparks). Não demora muito para que as duas organizem um plano para se livrar dele - o problema é colocar em prática (com a ajuda de um traficante vivido pelo falecido Anton Yelchin). Na execução deste plano, o diretor demonstra bastante firmeza e sempre soa irônico quando priva o espectador de ver toda a violência que a história possui. Existem cenas com sangue, ferimentos e fotos brutais que são mencionadas (e nunca mostradas), toda esta discrição ressalta ainda mais como por trás de todo aquele universo esconde algo bastante desagradável. Lily e Amanda são de famílias com alto poder aquisitivo, estudaram em escolas caras (não por acaso, a tradução do título original é "puro-sangue", uma alusão ao cavalo da história e ao prestígio familiar das meninas), mas a todo instante existem pontos que só ressaltam como tudo aquilo é postiço (exemplo mor é a mãe de Lily, Cynthia vivida por Francie Swift - ela sorri o tempo inteiro, mas em tempo algum consegue parece sincera). Bem escrito, o roteiro é repleto de diálogos cortantes que são embalados por uma trilha sonora com base em ruídos e sons dissonantes (que por vezes parecem gritos, suspiros ou gemidos). Tão interessante quanto ácido, o resultado parece um filme adolescente imaginado pelo grego Yorgos Lanthimos que depois dos estranhos (Dente Canino/2009 e O Lagosta/2015 nos apresentou um adolescente diabólico em O Sacrifício do Cervo Sagrado/2017), no entanto, o humor do novato Cory Finley consegue ser bem menos sisudo. Finley é um nome para se ficar de olho nos próximos anos - assim como Anya e Olivia, que estão cada vez melhores! 

Thoroughbreds (EUA/2018) de Cory Finley com Anya Taylor-Joy, Olivia Cooke, Anton Yelchin, Paul Sparks e Francie Swift. ☻☻

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