Luca Marinelli: batalha particular.
O cinema e a literatura estão cheios de personagens que precisam realizar jornadas cheias de desafios por um motivo nobre, seja retornar para a esposa que o espera ansiosamente (base do clássico A Odisseia) ou fugir de uma gerra, tão sem sentido quanto todas as outras (como o personagem de Jude Law em Cold Mountain/2003 que, por acaso, também tem origem em uma obra literária). Junta-se a este grupo de personagens o jovem partisano Milton (Luca Marinelli), que atravessa os conflitos na Itália fascista dos anos 1940 a procura de um amigo. Na verdade, Milton tenta descobrir o paradeiro de sua amada Fulvia (Valentina Bellè), mas pelo caminho descobre indícios de que ela manteve um caso com o seu melhor amigo, Giorgio (Lorenzo Richelmy). A procura de esclarecimentos, Milton parte em busca da brigada a qual o amigo faz parte e, descobre que o moço foi feito prisioneiro pelo exército fascista. É neste emaranhado de emoções que o protagonista decide fazer um prisioneiro de guerra que possa ser trocado por Giorgio. Nesta jornada, os cultuados cineastas Paolo e Vittorio Taviani estão mais preocupados em apresentar o poder de destruição da guerra. Entre vilarejos com camponeses mortos e reencontros em circunstâncias adversas, Milton recorda do passado e ressalta como vidas são interrompidas pelos horrores da guerra. Muita gente irá estranhar o ritmo da narrativa ou a forma como os diretores se preocupam mais com a dramaticidade do gerar cenas de ação, mas quem se render ao esmero dos diretores irá perceber como o filme bebe em várias narrativas clássicas. Some isto à fotografia em tons de verde e azul, a edição áspera e o cuidado na construção de cada cena e você perceberá que o filme é uma grata surpresa. Obviamente que também não posso esquecer do trabalho do ator Luca Marinelli, ator de enormes olhos verdes que já chamou atenção em A Solidão dos Números Primos/2010 (se não viu, veja!) e aqui dá conta de outro personagem melancólico, que desde a primeira cena está fadado a enfrentar aquelas tragédias que só alguns roteiros podem construir. Uma Questão Pessoal é um filme que opta por apresentar uma visão intimista da guerra e o faz com bastante sensibilidade.
Uma Questão Pessoal (Una Questione Particulare/ Itália - 2017) de Paolo e Vittorio Taviani com Luca Marinelli, Lorenzo Richelmy, Valentina Bellè, Jacopo Olmo Antinori e Marco Brinzi.☻☻☻☻
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