Ruth Bader Ginsburg: ícone na luta pela equidade de gêneros.
Pode não parecer mais fazer um Ciclo temático aqui no blog dá mais trabalho do que se imagina. Para começar preciso assistir aos filmes com alguma antecedência para conseguir postar um texto por dia na rotina do dia-a-dia. Depois tem alguns parâmetros (que nem eu sei direito quais são) que me fazem perceber que um filme não se encaixa muito bem na proposta do ciclo e acha que aquele outro ficaria mais interessante no meio da semana. Também procuro ver filmes variados e no último dia sempre penso que deveria falar sobre um filme de destaque, seja pela trama, por ser um clássico ou por quem dirige. Eu pensei muito sobre qual filme seria ideal para fechar esta retomada do Ciclo Diretoras (e uma das ideias aparecerá no #FimDeSemana deste mês) e lembrei que em 2019, quando o blog ficou parado, eu assisti um longa que seria ideal para este fechamento. Em 2018 as cineastas Julie Cohen e Betsy West lançaram A Juíza, documentário obrigatório sobre um dos nomes mais influentes sobre a luta pela equidade de gênero, trata-se de Ruth Baden Ginsburg, juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos. O filme conta a história de Ruth com uma cadência pop irresistível, especialmente por apresentar como esta mulher discreta se tornou uma celebridade pelas ideias que sempre defendeu. É interessante ver como a comparam à uma super-heroína ou lhe conferem o apelido de Notorious RBG em analogia ao famoso rapper dos anos 1990 (e que Ruth lembra compartilhar com ela a mesma origem em Nova York). O filme relata muito de como Ruth sofreu na pele a discriminação de gênero (como o dia em que na faculdade reuniram as alunas do curso de direito para dizer que elas tomaram o lugar de um homem naquele espaço ou quando já formada se deparava com agências que não contratavam mulheres). Ruth comenta com muita tranquilidade e inteligência sobre os desafios que enfrentou em sua carreira, reserva muito carinho ao esposo (o também advogado Martin Ginsburg que faleceu em 2010 aos 68 anos), com quem dividiu a vida desde 1964. Os comentários do casal de filhos e dos amigos fazem com que se enxergue ainda mais a mulher por trás da lenda e um tanto de como foi difícil impor-se num mundo tão marcadamente masculino (inclusive na legislação americana). Dos processos que marcaram época e revolucionaram a equidade de gênero na justiça, percebemos como seu trabalho foi importante nos tribunais e para inspirar as futuras gerações. Curiosamente, no mesmo ano, um outro filme foi realizado para homenagear esta personalidade emblemática, Suprema de Mimi Leder com Felicity Jones no papel de Ruth, que destaca o caso que se tornou uma guinada na carreira de Ruth ao evidenciar a discriminação presente nas leis. Embora seja interessante (e sirva até de complemento do documentário), o filme de Leder não dá conta de todas as nuances da trajetória da advogada, talvez por isso foi A Juíza que foi lembrado nas premiações, chegando a disputar duas categorias no Oscar (melhor documentário e melhor canção original). Este documentário é mais do que um filme, mas um registro histórico sobre uma mulher que merece ser lembrada por suas lutas e que nos deixou em setembro do ano passado. Diante do seu falecimento o filme se torna ainda mais emocionante e necessário.
A Juíza (The RBG / EUA - 2018) de Julie Cohen e Betsy West com Ruth Bader Ginsburg, Ann Kittner, Harryette Helsel, Brenda Feigen e Mary Hartnett. ☻☻☻☻☻
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