terça-feira, 31 de janeiro de 2012

INDICADOS AO OSCAR 2012: ATOR COADJUVANTE

Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)
Nascido em 1929 e ator desde a década de 1950, este célebre  canadense ficou famoso no cinema por contracenar com Julie Andrews como o galante Sr. Von Trapp em A Noviça Rebelde (1965) que acabou ficando de fora dos indicados ao Oscar daquele ano - mesmo com o filme concorrendo em 10 categorias! Sem ter parado de trabalhar - seus filmes mais recentes e importantes foram Os 12 Macacos (1995), O Informante (1999), Uma Mente Brilhante (2001) e a voz do velhinho de Up (2009) - a Academia só lhe rendeu a primeira indicação em 2009 por viver Leon Tolstói no razoável A Última Estação. Neste ano Plummer já faturou vários prêmios (Globo de Ouro e SAG inclusive) o que o deixou com porte de favorito ao Oscar de Coadjuvante pelo papel do octogenário que enfrenta um câncer enquanto sai do armário. 

Jonah Hill (O Homem que Mudou o Jogo)
Pensei que Jonah Hill estava fadado a ser o gordinho chato a que já estava se acostumando em produções como Cyrus (2010), mas não é que o rapaz resolveu dar uma guinada na carreira! Está certo que ele serve de alívio cômico como uma espécie de assistente do personagem de Brad Pitt e acaba se envolvendo numa forma revolucionária de escalar um time de beisebol. Apesar de ter sido lembrado em algumas premiações como um dos melhores do ano, o rapaz tem poucas chances de levar o prêmio - mas ao que parece está disposto a encarar novos desafios. Quem viu o resultado de sua dieta rigorosa no Globo de Ouro percebe que o papel mudou a vida do rapazinho de Superbad (2007). Hill é o mais jovem (28 anos!!!) e único estreante em Oscar entre os indicados da categoria. 

Kenneth Branagh (Sete Dias com Marilyn) 
Este ator nascido na Irlanda do Norte já foi considerado um prodígio como ator e diretor e desde que pagou mico em Wild Wild West (1999) andou sumido (apesar dos pequenos papéis em Harry Potter e a Câmara Secreta/2002 e Operação Valquíria/2008). Diretor de 13 filmes, 2012 foi o ano de sua ressurreição com o sucesso de sua direção em Thor e sua interpretação como Sir Laurence Olivier nas conturbadas filmagens de "The Prince and The Showgirl" - onde sua relação com a co-estrela Marilyn Monroe era extremamente tensa. Branagh era a escolha óbvia para o papel já que é reconhecido  pela sua verve shakesperiana - que lhe rendeu as indicações ao Oscar por Herique V (ator e diretor) em 1989 e Hamlet (roteiro adaptado) em 1996. Além disso concorreu pela direção de um curta de animação chamado Swan Dog em 1992. Apesar de ser a primeira vez que concorre ao prêmio de coadjuvante é o que  mais obteve indicações entre seus concorrentes. 

Max von Sydow (Tão Forte e Tão Perto) 
Atuando no cinema desde 1949, Max von Sydow já recebeu 23 prêmios por seus trabalhos - especialmente depois de seu magnífico trabalho como o guerreiro das cruzadas do clássico O Sétimo Selo (1957), uma obra-prima de Ingmar Bergman. Muita gente também deve lembrar dele em outro clássico de fãs ardorosos: O Exorcista (1973).  Prestes a completar 83 anos, Sydow conseguiu sua segunda indicação ao Oscar (concorreu ao prêmio de ator somente por Pelle, O conquistador/1987). Depois de participar de filmes recentes como Ilha do Medo, Lobisomen e Robin Hood (todos de 2010), o ator foi indicado ao prêmio de coadjuvante pelo seu silencioso personagem no longa de Stephen Daldry - onde é um dos personagens que o personagem principal encontra pelo caminho. Muitos comentam que apesar de abordar a tragédia de 11 de setembro, o único personagem que parece realmente sincero no filme é o deste cultuado astro sueco.

Nick Nolte (Guerreiro) 
Nessa categoria marcada por veteranos, o grandalhão Nolte já estava pensando que ficaria de fora do páreo no Oscar após a esnobada do Globo de Ouro. Nolte interpreta um híbrido de pai e técnico do lutador que dá nome ao filme. Marcado por sua personalidade auto-destrutiva, o personagem é um prato cheio para o ator que enfrentou problemas com o uso abusivo de algumas substâncias perigosas. Veterano (atua desde a década de 1960) aos 61 anos, o ator conseguiu sua terceira indicação ao Oscar (as anteriores foram por O Príncipe das Marés/1991 e Temporada de Caça/1997), mas é a primeira vez que concorre como coadjuvante. Nolte está com cinco filmes agendados para este ano, incluindo Parker de Taylor Hackford (de Advogado do Diabo) e The Company you Keep, o novo longa assinado por Roberd Redford. 

O ESQUECIDO: Albert Brooks (Drive)
Não é só por ser fã de Brooks desde que o vi em Nos Bastidores da Notícia (1987) admirar seu trabalho de direção em Um Visto Para o Céu (1991), mas me pareceu uma grande maldade esnobar Bernie Rose, seu assustador gangster de Los Angeles no filme de Nicolas Winding Refn (que foi badalado em Cannes, mas a quem o Oscar destinou somente uma indicação: edição de som). Acostumado a viver tipos simpáticos em comédias, Brooks está mais do que convincente como o malvadão que persegue o personagem de Ryan Gosling por conta de uma dívida de 300 mil dólares. Lembrado no Globo de Ouro e ignorado no Oscar, Brooks terá de se contentar com os prêmios recebidos em festivais de cinema independente e associações de críticos que se surpreenderam com sua performance. Se concorresse ao careca dourado, seria sua segunda indicação na categoria coadjuvante - a primeira foi como o repórter que queria ser âncora em Bastidores.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

GANHADORES SCREEN ACTORS GUILD 2012

O elenco de Histórias Cruzadas: o que  você esperava com tanta gente boa reunida? 

Não costumo dar destaque aqui no blog para os prêmios Guilda (leia-se sindicatos do cinema americano), mas com a proximidade do Oscar até então sem favoritos é interessante conhecer os ganhadores do sindicato dos atores que ocorreu neste domingo (29/01) - ainda mais que em 2010 e 2011 quem recebeu o prêmio do sindicato acabou levando o Oscar. Se você (como eu) achava que George Clooney levaria sua primeira estatueta de Melhor Ator e Meryl Streep seria premiada como Margareth Tatcher sem esforço é bom ficar atento. As regras do jogo acabam de ser alteradas (tornando tudo ainda mais emocionante): 

Melhor Elenco em Cinema: Histórias Cruzadas
Melhor Ator: Jean Dujardin (O Artista)
Melhor Atriz: Viola Davis (Histórias Cruzadas)
Ator Coadjuvante em Cinema: Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)
Atriz Coadjuvante em Cinema: Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)
Melhor Elenco de Dublês em Cinema: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte II
Melhor Elenco em Série Dramática: Boardwalk Empire
Melhor Ator em Série Dramática: Steve Buscemi (Boardwalk Empire)
Melhor Atriz em Série Dramática: Jessica Lange (American Horror Story)
Melhor Elenco em Série Cômica: Modern Family
Melhor Ator em Série Cômica: Alec Baldwin (30 Rock)
Melhor Atriz em Série Cômica: Betty White (Hot in Cleveland)
Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme: Paul Giamatti (Too Big to Fail)
Melhor Atriz em Minissérie ou Telefime: Kate Winslet (Mildred Pierce)
Melhor Elenco de Dublês em Série: Game of Thrones

domingo, 29 de janeiro de 2012

DVD: A Águia da Legião Perdida

Bell: "Ei Channing, você tomou algum anestésico?"

Tem gente que acha que interpretar é sorrir o tempo inteiro e dizer as falas que decorou, Channing Tatum não faz parte deste grupo. O ator prova neste longa assinado por Kevin MacDonald que interpretar é ficar com cara de marrento durante todo o filme. Uma vez ou outra ele pode até se aproveitar dos olhos de cão sem dono e mostrar um pouco dos efeitos da musculação em uma ou outra cena, mas ele não convence como ator. Depois de aparecer na versão para as telas dos brinquedos Comandos em Ação (G.I.Joe/2009 que terá uma sequência em breve) e fazer as moçoilas chorarem suas pitangas em Querido John (2009), o moço pensou que podia ser o novo Russell Crowe nessa versão para o cinema do livro de Rosemay Suteliff, que desde 1954 chama a atenção dos jovens nas bibliotecas americanas. O filme não foi bem nas bilheterias e ainda recebeu um título desajeitado em sua chegada às locadoras brasileiras - seria menos ruim se deixassem o título original (A Águia/The Eagle) seria neutro, não diria grande coisa, mas também não ficaria esse nome esquisito. O filme tem o maior jeitão de filme feito por encomenda para MacDonald, que já assinou a direção de dois longas ambiciosos (O Último Rei da Escócia/2006 e Intrigas de Estado/2009) e que podem não ter estourado na bilheteria, mas eram dignos de nota e com resultado mais correto do que este aqui. O filme conta a história de um general do império romano, Marcus (Tatum) que vive lembrando da trajetória de seu pai, somente depois descobrimos que o tal pai perdeu um símbolo da bravura romana ao desaparecer com toda sua legião após uma batalha mal sucedida. O tal símbolo é uma águia dourada, uma espécie de totem para os soldados. Após uma batalha ingrata, Marcus acaba se ferindo e sendo socorrido por um tio (Donald Sutherland). Nessa temporada na casa de repouso ele acaba salvando a vida de um escravo bretão chamado Esca (Jamie Bell, o crescido Billy Elliot/2000) é deste ponto em diante que o filme se torna mais interessante e Channing Tatum perde qualquer chance de dominar o  filme. Marcus resolve ir atrás da tal águia perdida pelo pai com a ajuda dos conhecimentos do escravo, mas todos os personagens o advertem, que por ser um bretão (um dos povos dizimados e dominados por Roma) as probabilidades dele matar o seu dono são muitas. Essa simbologia entre dois personagens juntos e de povos inimigos poderia ser o aspecto mais forte do roteiro, mas acaba abordado apenas superficialmente até quando se metem em encrencas ao se depararem com outros povos vitimados pelo império romano. Quando os dois partem fica claro que se Tatum soubesse trabalhar essa tensão tão bem quanto Bell o filme poderia ser outra coisa, mas já que Jamie Bell tem que fazer tudo sozinho o filme só tem metade da densidade que poderia ter. Não chega  a ser um desastre, já que  MacDonald já provou que consegue construir momentos de grande tensão e aqui não decepciona, mas é pura maldade lhe dar um ator tão limitado para trabalhar, se tivesse um jovem ator com a mesma habilidade dramática do escravo as coisas poderiam ser muito melhores.  Ou melhor, Tatum poderia ser menos cara de pau e se esforçar um pouco diante de uma câmera, ou então investir na carreira de modelo. 

A Águia da Legião Perdida (The Eagle/Reino Unido - EUA/2011) de Kevin MacDonald com Channing Tatum, Jamie Bell e Donald Sutherland. 

DVD: Capitão America - O Primeiro Vingador

Chris Evans: Capitão América como manda o gibi. 

A Marvel Studios ficou preocupada com a rejeição que o filme do Capitão América poderia ter ao redor do mundo por ser confundido com mais um exercício de patriotada americana e por isso resolveu colocar o acréscimo "O Primeiro Vingador" no título (além de fazer uma certa propaganda de Os Vingadores que estreia esse ano). Vendo o filme eu percebo o motivo da preocupação - e os comentários maldosos que ouvi sobre o filme também ajudaram nessa compreensão -, mas PELO AMOR DE DEUS! É O FILME DO CAPITÃO AMÉRICA! O sentimento antiamericano já havia afetado a venda dos gibis do herói e não queriam que a coisa afetasse o filme, mas precisa ser bastante alienado para rejeitar o filme por causa de um sentimento tão preconceituoso à uma obra de ficção. Os xiitas podem até dizer que filmes de entretenimento servem para expandir o império do Tio Sam e blábláblá, mas acredito que as pessoas não são facilmente manipuláveis. Deixando esse delírio nerd de lado, eu gostei bastante de Capitão América, especialmente pelo fato da produção ser totalmente fiel à história do personagem (sua criação relacionada ao alistamento de jovens na força militar, sua luta contra vilões fascistas e, especialmente, sua ingenuidade por pertencer a uma época em que ser super-herói era mais simples do que hoje em dia). O diretor Joe Johnston não é um gênio mas consegue aplicar durante toda a sessão aquele clima de matine que é bastante coerente com o personagem que vemos na tela. Além disso, penso que a Marvel aprendeu que para trabalhar personagens menos populares, precisa construir uma identidade muito própria para seus longas. Se Thor bebe na fonte da mitologia, ousando utilizar até uma cadência shakesperiana (cortesia de Kenneth Branagh), Capitão América é moldado como um filme de guerra tradicional, com mocinhos que são mocinhos e vilões que são vilões e ponto. Além do ritmo correto durante toda a sessão, efeitos especiais bem realizados e cenas de ação capazes de agradar todos os públicos, os produtores ainda tiveram o bom senso de escolher o ator correto para o papel. Chris Evans tem shape de galã, mas já mostrou em outros filmes que é mais eficiente do que, por exemplo, Ryan Reynolds (o mal fadado Lanterna Verde), prova disso é quando vive o jovem soldado Steve Rogers franzino (com ajuda daquele efeito especial que cola seu rosto sobre um ator magrelo) onde consegue exteriorizar sua boa índole e intenções - as principais características do Capitão América.  Quando passa por experiências que o anabolizam (literalmente), Rogers tem tudo para virar um herói coerente com os perigos da Segunda Guerra Mundial, mas ainda não tem confiança das forças armadas (personificada por Tommy Lee Jones e sua antipatia natural). Acaba sendo garoto propaganda do exército, fazendo showzinhos para venda de títulos, vira personagem de gibi e até faz alguns filmes (esse pedaço me lembra um bocado os melhores momentos de Watchmen/2009 de Zack Snyder), mas só depois, num ato de indisciplina percebe que tudo isso é puro mercantilismo e é preciso ser um herói de verdade. Johnston carrega seus mocinhos de sentimentos nobres como amizade e gratidão (o que pode soar piegas nos filmes de hoje), fazendo com que tudo funcione numa atmosfera nostálgica criada com auxílio da boa reconstituição de época. Até o clima de romance com Peggy Carter (Hayley Atwell) não parece forçado, acontecendo gradativamente até um final que pode levar os mais sensíveis às lágrimas. Além disso, se muitos reclamam que Rogers é mostrado bonzinho demais é mais do que compreensivo que considerem o vilão Caveira Vermelha (Hugo Weaving) exagerado, mas acredito que seja tudo proposital. O maior inimigo do Capitão é mostrado como o líder de uma subdivisão nazista, a Hydra, que  produz armamentos tecnológicos ultramodernos. O Caveira é fruto de experiências semelhantes a que sofreu Rogers, só que com alguns efeitos colaterais. Esqueça o que poderia ser patriotada e aproveite já que o filme serve para criar ainda mais expectativa para Os Vingadores (sempre elogio o fato da Marvel criar um universo próprio e bem amarrado para seus filmes, aqui, por exemplo, o pai de Tony Stark tem papel de destaque na atuação de Dominic Cooper). Apesar de não ter feito o sucesso esperado nos cinemas (rendeu 368 milhões ao redor do mundo, quase o dobro do que custou) a sequência está programada para 2014. Oba!

CAPITÃO AMÉRICA - O  PRIMEIRO VINGADOR (Captain America - The First Avenger/EUA-2011) de Joe Johnston com Chris Evans, Hayley Atwell, Hugo Weaving, Tommy Lee Jones, Stanley Tucci, Dominic Cooper, Toby Jones, Sebatian Stan e Samuel L. Jackson

sábado, 28 de janeiro de 2012

CATÁLOGO: Tumbleweeds

McTeer: a alma esquecida de Tumbleweeds.

Faz tempo que assisiti à Tumbleweeds um road movie independente estrelado por uma atriz inglesa desconhecida e que parece com tantos outros que abordam o relacionamento de uma mãe meio maluquete com sua filha adolescente em suas andanças pelo mundo. No fim das contas o filme ficou gravado na minha mente como aquele estrelado por uma atriz indicada ao Oscar, a qual ninguém lembrava mais. Apesar de ter levado para casa o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Comédia/Musical em 2000 por sua atuação no longa de Gavin O'Connor (que garantiu a presença de Nick Nolte no páreo do Oscar neste ano por Guerreiro),  a inglesa Janet McTeer permaneceu fazendo os mesmos filmes que teria feito se Hollywood não colocasse os holofotes sobre ela (dedicou-se muito ao teatro britânico e a produções para TV). O filme recebeu por aqui o acréscimo de Livre Para Amar e não recebeu muita atenção nos cinemas ou em DVD, mas merece uma olhada para conhecer o trabalho de Janet que concorre ao Oscar deste ano como atriz coadjuvante por Albert Nobbs. Janet tem bons momentos como Mary Jo Walker, uma mulher divorciada que vive ao lado de sua filha (Kimberly J. Brown), de 12 anos, indo de cidade em cidade fugindo de relacionamentos falidos. Quando ela procura um novo início para sua vida em San Diego, ela acaba se envolvendo com um caminhoneiro (vivido com grande desenvoltura pelo diretor O'Connor) que as ajudou na viagem e que mudará a rotina da relação entre mãe e filha.  O argumento de Angela Shelton lapidado pelo roteiro do diretor parece nunca caminhar. O que vemos é uma sucessão de fatos cotidianos de uma família incomum filmados com alguma simpatia, realismo e algumas surtadas da protagonista.  Por vezes Mary Jo parece uma chata neurótica e mesmo sabendo que seu caso com o tal caminhoneiro está fadado ao fracasso, conseguimos até simpatizar com ele. O'Connor tenta dar várias nuances psicológicas aos seus personagens, mas está sempre no meio do caminho (tenta abordar a dependência de Mary Jo para depois descambar em mais uma fuga desenfreada, seu despeito em perceber o quanto esse processo é difícil para a filha adolescente). Mas o maior problema do filme é que tem todos os cacoetes dos filmes independentes sobre personagens disfuncionais e não faz muito esforço para se distanciar disso, mesmo assim custou pouco mais de 300 mil e rendeu o triplo disso somente nas bilheterias americanas - mas sem a atuação inspirada de McTeer provavelmente o filme teria passado em branco até na minha memória.  

Tumbleweeds - Livre para Amar (Tumbleweeds/EUA-1999)  de Gavin O'Connor com Janet McTeer, Kimberly J. Brown, Jay O. Sanders e Gavin O'Connor. 

DVD: Missão Madrinha de Casamento


 McCarthy, Byrne e Wiig (à frente): momentos hilariantes pré-casório.

Rendendo mais frutos do que o esperado, Missão Madrinha de Casamento rendeu mais de 300 milhões de dólares em bilheteria mundial e já andava aparecendo em premiações pré-Oscar. No Globo de Ouro, por exemplo, concorreu a melhor Filme Comédia/Musical e melhor atriz comédia/musical (para Kristen Wiig que também assina o roteiro). Quando o filme foi lançado muito se falou sobre parecer um Se Beber Não Case  (2009) de calças - saindo os padrinhos atrapalhados do filme de Todd Phillips e dando espaço para um grupo de madrinhas  que podiam mostrar que poderiam ser tão grosseiras quanto qualquer homem. O filme prova que isso é verdade, mas há pelo menos quatro cenas hilariantes no filme e a costura surpreendentemente sentimental feita por Wiig garante a diversão, até para quem não curte esse tipo de comédia mais escrachada (e o nome de Judd "O Virgem de 40 anos" Apatow na produção já dá ideia do que está por vir). Wiig interpreta Annie que é chamada para ser madrinha de casamento da melhor amiga de Lilian (Maya Rudolph), que fica surpresa ao ter a mão pedida pelo namorado. Aqui no Brasil nós temos uma pequena noção do que é ser madrinha de casamento nos Estados Unidos - por conta dos filmes que chegam por aqui vemos que são inúmeros jantares, formalidades, provas de vestido além de possíveis viagens, despedida de solteira e ainda uma versão anabolizada de nosso humilde chá de panela que pode virar uma superprodução! As coisas poderiam ser bem mais fáceis se Annie não atravessasse uma terrível maré de azar. Descontente e frustrada com sua vida profissional e pessoal, a moça tem que se contentar com um parceiro sexual esporádico, um emprego numa joalheria conseguido às custas da mãe que é conselheira do AA e dividir o apartamento com um casal de irmãos ingleses! A vida poderia ser muito melhor se a confeitaria aberta por Annie não houvesse fechado em meio à crise econômica. Tanto estresse vem a tona quando conhece Helen (Rose Byrne, a Moira de X-Men Primeira Classe), esposa do patrão do noivo e que tem uma personalidade, digamos, muuuito competitiva. Helen quer sempre mostrar que é melhor do que Annie (e o discurso repetitivo na festa de noivado é apenas um aperitivo do que está por vir). A tensão instalada entre as duas personagens irá avacalhar com todas as etapas comuns nas ocasiões de pré-casamento com direito a várias piadinhas que não são comuns num filme  estrelado essencialmente por mulheres (incluindo alguma escatologia) além de um clima de romance sincero entre Annie e um policial de bom coração (Chris O'Dowd).  Dizem que a campanha de marketing do longa nos EUA foi agressiva, mostrando que assistir ao filme era um ato civil para a mulherada, a estratégia não só funcionou como deixou claro que se o filme não tivesse seus méritos não teria feito o sucesso - e recentemente recebido duas preciosas indicações  para o Oscar.  Em meio ao elenco feminino a Academia preferiu a atuação de Melissa McCarthy, totalmente diferente de sua adorável personagem no seriado Mike & Molly (que até lhe rendeu um Emmy de atriz de série cômica), na pele da abrutalhada cunhada de Lilian, a atriz tem até um momento sentimental de desabafo (em que morde o traseiro da protagonista) e deve ser a estrela da continuação do longa - já que as outras atrizes reclamaram do pouco retorno financeiro de receberam do estúdio. Apesar de McCarthy ter a atuação reconhecida pela Academia, nosso vínculo afetivo durante toda a sessão é com a Annie de Kristen Wiig que aos trancos e barrancos só precisa tomar as rédeas de sua própria vida. 

Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaid/EUA-2011) de Paul Feig com Kristen Wiig, Maya Rudolph, Rose Byrne, Melissa McCarthy, Jill Clayburgh e Chris O'Dowd. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

INDICADOS AO OSCAR 2012: ATRIZ COADJUVANTE

Bérénice Bejo (O Artista) 
Apesar de ter no currículo vários filmes franceses, Bérénice nasceu na Argentina e chegou a participar do bobinho Coração de Cavaleiro (2001) ao lado de Heath Ledger numa breve passagem por Hollywood. Casada com o diretor de O Artista, a atriz conseguiu sua indicação pelo papel da atriz de cinema mudo que está em ascensão em pleno período de transição do cinema mudo para o falado. Sua indicação é o reconhecimento de que sua excelente expressão facial e corporal deram conta de um personagem complicado num filme mudo e em preto e branco. Apesar de ser um marco em sua carreira, Bejo não está muito cotada para levar o prêmio para casa mas não deve se importar. 

Janet McTeer (Albert Nobbs)
Pouca gente lembra de Janet, mas ela já possui um Globo de Ouro de atriz na estante pela dramédia Tumbleweeds (1999) que ainda lhe rendeu uma indicação ao Oscar de atriz - mas que não teve grande efeito em sua carreira que permaneceu presente em pequenas produções, especialmente na Inglaterra. No filme de Rodrigo Garcia, Janet é Hubert Page, que assim como o protagonista Albert (Glenn Close) é uma mulher que se veste de homem para viver no século XIX. É Page que serve de inspiração para Albert vestir-se de mulher para arranjar um emprego.  Sua atuação acabou ofuscando a da própria Glenn Close. Entre as concorrentes da categoria, Janet é a única com uma indicação anterior no currículo. 

Jessica Chastain (Histórias Cruzadas) 
A atriz precisou de apenas um ano para fazer filmes capazes de a colocar entre as mais requisitadas de Hollywood. Não deve ter sido fácil decidir qual longa deveria render uma indicação para esta ruiva até então desconhecida e que poderia estar concorrendo por filmes como O Refúgio e Árvore da Vida nesta mesma edição do Oscar. Em Histórias Cruzadas, Jessica interpreta uma patroa no melhor estilo Marilyn e que sofre preconceito por seu estilo de vida na comunidade conservadora em que vive. A participação em diversos filmes importantes do ano podem servir de bônus para atriz frente às suas concorrentes. 

Melissa McArthy (Missão Madrinha de Casamento) 
Conhecida como a fofa Molly do seriado Mike & Molly da Warner, Melissa ficou famosa por fazer um personagem totalmente diferente no filme escrito e estrelado por Kristen Wiig (que também concorre ao prêmio de roteiro original). Na pele da sem frescuras Megan, a atriz roubou várias cenas de suas colegas de elenco. O filme foi a surpresa do ano e rendeu mais de 300 milhões de bilheteria e já tem uma continuação engatilhada - mas corre o boato que por problemas de cachê Wiig e parte do elenco não deve retornar o que deixaria o caminho livro para Melissa. Essa indicação veio mesmo a calhar para uma atriz de vários papéis em seriados e participações especiais em filmes como Plano B (2010) e A Vida de David Gale (2003)

Octavia Spencer (Histórias Cruzadas
Na ativa desde sua estreia como uma enfermeira de Tempo de Matar (1996), Spencer é conhecida pelo senso de humor entre seus colegas. Foi esse senso de humor que deu corpo e alma para a doméstica Minny Jackson que fala o que pensa (entre outras coisas) para se vingar do preconceito sentido na pele por conta de sua patroas. Pela atuação, Octavia já levou o Globo de Ouro para a casa e tornou-se a grande favorita da categoria no Oscar. Pelo visto as participações pequenas em filmes como Quero Ser John Malkovich (1999) e Sete Vidas (2008) ficarão definitivamente para trás!Com ou sem Oscar a atriz possui três filmes para estrear neste ano.

A ESQUECIDA: Shailene Woodley (Os Descendentes) 
Apesar de aparentar ser mais nova, Shailene completa 21 anos em novembro e tem no currículo várias participações em seriados americanos (especialmente em A Vida Secreta de Uma Adolescente Americana em exibição desde 2008), mas não foi dessa vez que Woodley recebeu sua indicação ao careca dourado. Mas pelo papel de filha adolescente rebelde de George Clooney em Os Descendentes a atriz concorreu ao prêmio do sindicato e ao Globo de Ouro.  Reconhecida como uma das melhores de sua geração, a primeira indicação de Woodley deve surgir em breve se permanecer tão dedicada aos seus papéis. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DVD: O Poder e a Lei

Matthew e Phillipe: não, eles não vão se beijar...

Matthew McConaughey não é um mau ator, mas gosta de desperdiçar seus créditos em comédias românticas esquecíveis como Um Amor de Tesouro/2008 e Minhas Adoráveis Ex-Namoradas/2009. Lembro quando ele se tornou a figura mais celebrada de 1996 quando estrelou o polêmico Tempo de Matar de Joel Schumacher no papel de um advogado novato que pegava um caso espinhoso onde o racismo era o combustível. Na época era um grande risco colocar um ator desconhecido para carregar um filme que tentava se equilibrar sobre o fio de uma navalha. 16 anos depois, o ator volta a ser um advogado neste O Poder e A Lei, a diferença é que não é mais um risco colocá-lo nesse tipo de papel e sim, um risco não tê-lo para vender um filme que poderia passar em branco nos cinemas. O filme do diretor Brad Furman é um filme de tribunal com doses de suspense e suspense de serial killer, mas que bebe diretamente o visual dos filmes policiais da década de 1970 - aqueles que Sidney Lumet sabia fazer tão bem. McConaghey é o advogado Mick Haller que é famoso por inocentar criminosos, mas sua consciência dói mesmo é pela sensação de ter colaborado para que um inocente fosse considerado culpado. Enquanto tem suas crises de consciência ele se depara com o julgamento do mauricinho Louis Roulet (Ryan Phillipe que agora parece ganhar para fazer sempre a mesma cara) acusado de quase matar uma garota, ele garante que é inocente e que está sofrendo um golpe. Não vale contar muitos detalhes do caso, já que parte do suspense brota da sensação de que Louis não é tão inocente quanto aparenta, especialmente quando Mick sente que seu amigo detetive homossexual (William H. Macy) e sua ex-esposa (Marisa Tomei) correm risco de sofrer alguma ação criminosa por conta do caso. Completa as armações do roteiro o jovem promotor inexperiente Ted Minton (Josh Lucas) e  a matriarca Roulet vivida pela veterana Francis Fisher. De edição bem marcada e fotografia amarelada, o filme até funciona quando consegue ser seco com a narrativa, mas se perde quando começa a dar muitas voltas para surpreender e descamba para um final ridículo que destrói toda a tensão da narrativa - e ainda se arrasta mais do que devia até que os créditos apareçam. Saber a hora de colocar o ponto final faz toda a diferença!

O Poder e A Lei (The Lincoln Lawyer/EUA-2011) de Brad Furman com Matthew McConaughey, Ryan Phillipe, William H. Macy, Marisa Tomei, Josh Lucas e Francis Fisher. 

DVD: Um Homem Bom

Mortensen e Jodie: passividade em meio ao nazismo.

Faz algum tempo que escutei historiadores ressaltando a participação popular na ascensão nazista na Alemanha pré-Segunda Guerra Mundial, mas somente de uns tempos para cá o cinema comprou essa ideia. Se Stephen Daldry arranhou essa temática em O Leitor (2008), com Kate Winslet vivendo uma analfabeta que não aceita ser vista como um monstro exterminador de judeus, este Um Homem Bom vai quase pelo mesmo caminho, com a grande diferença de seu protagonista ser um professor universitário, mas que também não percebia os rumos que seu partido tomaria enquanto estivesse no poder. O filme foi a primeira empreitada do brasileiro Vicente Amorim (do bom O Caminho das Nuvens/2003) no exterior e o resultado é muito interessante. Além de arrancar boas atuações do elenco encabeçado por Viggo Mortensen e contar sua história com muita desenvoltura, o diretor ainda consegue criar algumas cenas que permanecem em nossa mente após a projeção. Mortensen é o professor de literatura John Halder, um homem alemão comum, que atravessa uma crise no casamento com a esposa problemática e com a mãe adoentada (em ótima atuação da inglesa Gemma Jones). Diante da vida doméstica desgastada ele ainda consegue resistir às investidas de uma aluna (Jodie Whitaker) interessada em se tornar sua amante. Apesar  de viver na Alemanha em plena ascensão nazista ao final da década de 1930,  Halder se dá conta do que está acontecendo em seu país quando vê uma pilha de livros ser incendiada no pátio da universidade. Mesmo ficando chocado, os seus problemas particulares parecem cegá-lo para o discurso dos seguidores de Hitler. Sem perceber os rumos que seu país tomará ele não percebe a ameaça que ronda os judeus, nem quando o amigo psicanalista Maurice Glückstein (Jason Isaacs) tenta abrir seus olhos para as proporções assustadoras do que estava por vir. Vicente Amorim não tem medo de contaminar a narrativa com o tom passivo de seu protagonista e prepara cuidadosamente o envolvimento de seu personagem quase que por acaso com a SS.  Maurice chega a pedir à Halder que lhe compre uma passagem de ida para Paris com a intenção que escapar do holocausto, mas Halder considera o temor do amigo um grande exagero e quando resolve ajudá-lo já é tarde demais. Não, eu não contei o final do filme, já que a incerteza do destino de Maurice que retira o pacato professor de sua passividade e o faz perceber que ter como nova esposa um "protótipo da mulher ariana" é algo mais ameaçador que elogioso. Quando Halder tem contato com as ações violentas e genocidas de seu partido o filme mostra-se maduro e até poético (a banda de judeus no campo de concentração é de partir o coração de qualquer um) foi neste ponto que algumas pessoas reclamaram de seu final abrupto (assim como do tom melodramático da relação com sua mãe e montagem de idas e vindas temporais). Na verdade o final exemplifica bem a sensação de horror do professor, que procurava uma vítima específica e se depara com uma multidão de vítimas prestes a serem exterminadas. Engraçado como o título do filme em português modifica seu sentido durante a projeção. Halder não é em momento algum mostrado como um vilão (sem quando trai a esposa), dedicado à família e aos amigos, é muito fácil simpatizar com ele, mas conforme a situação de seu país se complica toda sua bondade destinada aos mais próximos se dissolve em meio à tragédia eminente capitaneada por um partido político ao qual aderiu por pura conveniência. Baseado na peça de C.P. Taylor e bem realizado o filme merece atenção. 

Um Homem Bom (Good/Reino Unido-Alemanha/2008) de Vicente Amorim com Viggo Mortensen, Jason Isaacs, Jodie Whitaker, Mark Strong e Gemma Jones. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

INDICADOS AO OSCAR 2012


A Invenção de Hugo Cabret: o mais indicado com 11 categorias.

Hoje pela manhã foram divulgados os indicados ao Oscar deste ano. As categorias principais foram divulgadas na TV e as demais no site da Academia. Tive várias surpresas entre os indicados, mas o mais engraçado foi conferir os indicados a Melhor Filme. Não pelos filmes em si, mas a Academia inventou tantas presepadas dizendo que não seria mais dez indicados, mas apenas a quantidade de filmes que alcançasse determinado número de votos, ou seja: NOVE! Além disso, o filme Tão Forte e Tão Perto mantém o aproveitamento de 100% na carreira cinematográfica de Stephen Daldry (que dirigiu quatro filmes e todos foram indicados a melhor direção ou filme). Fiquei feliz com as indicações de A Árvore da Vida, Jean Dujardin, Bérénice Bejo, Rooney Mara (mas ela merecia mais do que Tilda Swinton?) e Gary Oldman - mas a categoria Ator foi um massacre (nem sinal de Ryan Gosling ou Leo DiCaprio, J Edgar de Clint Eastwood não emplacou uma indicação). E melhor canção? Só dois concorrentes! Pode chorar Madonna - e os brasileiros podem celebrar a única indicação de Rio nas premiações! A seguir os indicados e meus  modestos acertos ().

MELHOR FILME

O Artista 
Os Descendentes
Hugo
Meia Noite em Paris
Cavalo de Guerra
O Homem Que Mudou o Jogo
A Árvore da Vida
Histórias Cruzadas
Tão Forte e Tão Perto

MELHOR DIRETOR
Martin Scorsese (Hugo)
Michel Hanazavicius (O Artista)
Alexander Payne (Os Descendentes)
Woody Allen (Meia Noite em Paris)
Terrence Malick (A Árvore da Vida)

MELHOR ATRIZ
Glenn Close (Albert Nobbs)
Viola Davis (Histórias Cruzadas)
Rooney Mara (Millennium - Os Homens que não Amavam as Mulheres)
Meryl Streep (A Dama de Ferro)
Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn)

MELHOR ATOR
Demián Bichir (A Better Life)
George Clooney (Os Descendentes)
Jean Dujardin (O Artista)
Gary Oldman (O Espião que Sabia Demais)
Bradd Pitt (O Homem Que Mudou o Jogo)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Kenneth Branagh (Sete Dias com Marilyn)
Jonah Hill (O Homem Que Mudou o Jogo)
Nick Nolte (Warrior)
Christopher Plummer (Begginers)
Max von Sydow (Tão Forte e Tão Perto)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Bérénice Bejo (O Artista)
Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)
Melissa McCarthy (Missão Madrinha de Casamento)
Janet McTeer (Albert Nobbs)
Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Os Descendentes
Hugo
Tudo pelo Poder (oops inverti a categoria)
O Homem Que Mudou o Jogo
O Espião que Sabia Demais

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
O Artista
Missão Madrinha de Casamento
Margin Call
Meia Noite em Paris
A Separação

MELHOR ANIMAÇÃO
Um Gato em Paris
Chico e Rita
Kung Fu Panda 2
O Gato de Botas
Rango

Minhas apostas eram só até aqui, no meio de tantas surpresas de 46 palpites eu acertei 31! Se contar que troquei a categoria de roteiro de Tudo pelo Poder são 32! Nada mal! Vejamos os outros indicados:

MELHOR EDIÇÃO
O Artista
Os Descendentes
Millennium: os Homens que Não Amavam as Mulheres
Hugo
O Homem Que Mudou o Jogo

MELHOR FOTOGRAFIA
Hugo
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulhertes
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra
O Artista

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Bullhead (Bélgica)
Monsieur Lazhar (Canadá)
A Separação (Irã)
Footnote (Israel)
In Darkness (Polônia)

MELHOR TRILHA SONORA
A Aventuras de Tintim (John Williams)
O Artista (Ludovic Bource)
Hugo (Howard Shore)
O Espião que Sabia Demais (Alberto Iglesias)
Cavalo de Guerra (John Williams)

MELHOR CANÇÃO
“Man or Muppet” (Os Muppets)
“Real in Rio” (Rio)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
Hugo
Gigantes de Aço
Planeta dos Macacos: A Origem
Transformers 3

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Drive
Millennium: os Homens que Não Amavam as Mulheres
Hugo
Transformers 3
Cavalo de Guerra

MELHOR MIXAGEM DE SOM
O Homem Que Mudou o Jogo
Millennium: os Homens que Não Amavam as Mulheres
Hugo
Transformers 3
Cavalo de Guerra

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
O Artista
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
Hugo
Cavalo de Guerra

MELHOR FIGURINO
Anonymous
O Artista
Hugo
Jane Eyre
W.E.

MELHOR MAQUIAGEM
Albert Nobbs
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
A Dama de Ferro

MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO
The Barber of Birmingham
God is the Bigger Elvis
Incident in New Baghad
Saving Face
The Tsunami and Cherry Blossom

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Hell and Back Again
If a Tree Falls
Paradise Lost 3
Pina
Undefeated

MELHOR CURTA EM ANIMAÇÃO
Dinamche
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
La Luna
A Morning Stroll
Wild Life

MELHOR CURTA FICÇÃO
Pentecost
Raju
The Shore
Time Freak
Tuba Atlantic

No placar Hugo tem 11 indicações, seguido de perto por O Artista (10). Os outros mais indicados são Cavalo de Guerra (6), Os Descendentes (5) e Os Homens que Não Amavam as Mulheres (5). Em breve começo a esmiuçar os indicados nas categorias principais. Façam suas apostas! 

FILMED+: Los Angeles - Cidade Proibida

Crowe e Basinger: brilhante adaptação do universo de James Ellroy. 

Russell Crowe era um ator australiano que foi levado para Hollywood por Sharon Stone para atuar no western moderninho Rápida e Mortal (1995), como o filme não fez o sucesso esperado, sua carreira na terra do Tio Sam ficou à deriva - rendendo papéis pequenos em longas nada memoráveis (incluindo Assassino Virtual/1995 onde era o inimigo de Denzel Washington). Quando estava prestes a voltar para as produções de sua terra natal, o ator foi redescoberto por Curtis Hanson, um diretor operário dos estúdios que tinha no currículo suspenses familiares como A Mão que Balança do Berço (1992) e Rio Selvagem (1994). Hanson estava prestes a alcançar outro patamar em sua carreira, já que havia adaptado ao lado de Brian Helgeland o livro L.A. Confidential de James Ellroy para um roteiro que estava prestes a ser filmado... mas tinha alguns obstáculos. O primeiro é que Ellroy é um aclamado autor de livros policiais mas que não é muito querido em Hollywood (até porque adora alfinetadas sobre a vida secreta de estrelas do cinema). O segundo ponto é que por mais que um livro de Ellroy seja bem adaptado para o cinema, o labirinto de personagens e crimes que se cruzam poderia render uma grande confusão cinematográfica e desagradar  público e crítica (basta ver o que Brian DePalma fez anos depois com Dália Negra/2006 que resultou num longa decepcionante). Os outros dois aspectos parecem mais simples, mas não são: que atores dariam conta da atmosfera noir (muito comum nos primórdios de Hollywood, mas que não era simples de se construir num público acostumado à histórias explicadinhas e rápidas) e honrar um investimento considerável na produção? Isso sem contar que Hanson tinha sucessos no currículo, mas nunca havia demonstrado que daria conta de um longa-metragem tão complexo.  Quando Curtis Hanson exibiu Los Angeles - Cidade Proibida em Cannes a plateia ficou de queixo caído, o filme funcionava brilhantemente na telona. Junto à reconstituição de época impecável, trilha sonora perfeita, edição excepcional e direção precisa, os olhos ainda ficavam hipnotizados com a atuação de um elenco que deixava os famosos Kevin Spacey, Danny deVito e Kim Basinger (todos ótimos no filme) em segundo plano, dando ênfase  aos desconhecidos australianos Russel Crowe e Guy Pearce. São os dois compatriotas que encarnam os principais policiais da trama, o agressivo Bud White (Crowe) e o certinho ...(Pearce). Na já desacreditada polícia de Los Angeles da década dos anos 1950 os dois já se estranham desde uma complicação na noite de natal ocorrida na delegacia - e as coisas só pioram quando o parceiro de White é encontrado morto no massacre feito em uma lanchonete. Os dois acabarão seguindo caminhos opostos em suas investigações - e novos crimes e personagens surgirão neste universo que é totalmente fiel aos livros de James Ellroy. Aos poucos personagens que pareciam secundários ganham destaque (do cafetão vivido por David Strathairn, passando pela sósia de Veronica Lake de Kim Basinger, o repórter de tablóide interpretado por Danny DeVito e o chefe de polícia magistralmente encarnado por James Cromwell). Povoado de estrelas de cinema e prostitutas que parecem estrelas, Los Angeles - Cidade Proibida mostra o glamour disfarçando tudo que o submundo da capital do cinema pode ter, esta mistura fica latente no em Lynn Braken (Basinger que ganhou o Oscar de coadjuvante pelo papel justamente por evocar a aura das atrizes da era de ouro de Hollywood) que tem um caso com Bud White (que expõe as contradições de White de agressividade assustadora por uma causa nobre). O filme inúmeros méritos, mas ao fim da sessão temos a impressão que os maiores elogios cabem mesmo à Curtis Hanson por destrinchar o universo de Ellroy com tanta competência, seja no visual repleto de referências Hollywoodianas ou no texto que consegue ser coeso, tenso e interessante, sem perder seus personagens pelo caminho (não por acaso o filme levou o Oscar de roteiro adaptado e se não fosse lançado no mesmo ano de Titanic teria levado mais uma dezena de prêmios). Hanson bem que poderia se animar e tirar Meus Lugares Escuros (o mais aclamado livro de Ellroy) da gaveta. 

Los Angeles - Cidade Proibida (L.A. Confidential/EUA-1997) de Curtis Hanson com Russell Crowe, Guy Pearce, Kim Basinger, Danny DeVito, James Cromwell, Kevin Spacey, David Strathairn, Matt MxCoy e Simon Baker. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

DVD: 72 Horas

Banks e Crowe: plano mirabolante em drama familiar.

Russel Crowe pode não ser tão badalado quanto era na década passada, mas ainda tem talento suficiente para carregar um filme nas costas. O astro de Gladiador (2000) também não tem a forma física de antigamente, mas o visual rechonchudo ajuda a dar credibilidade ao professor universitário que cria um plano de fuga mirabolante para tirar a esposa da prisão. Não fosse por Crowe o filme poderia ser apenas mais um suspense mediano sobre a didática de uma fuga na prisão, mas todo mundo sabe que mesmo calado o ator consegue expressar uma gama de sensações que poucos atores conseguiriam. É a atuação de Crowe que consegue nos manter interessados durante a sessão (já que o tal plano mirabolante só conhecemos quando está em execução, até lá, vemos uma série de cacos e pistas correspondente ao mosaico complexo que o personagem pendura na parede de sua casa). Na verdade, o filme é uma refilmagem de um longa francês de chamado Pour Elle (2008) protagonizado por Diane Kruger e Vincent Lindon, só que sofreu alguns retoques para a realidade estadounidense, ou melhor hollywoodiana - e esta nova versão apenas arranha as motivações do personagem pacato desacreditar dos tramites legais que não funcionam (todos os recursos em todas as instâncias foram negados) e apelar para a marginalidade.  Desde o início o marido confia na inocência da esposa (vivida por competência por Elizabeth Banks) e pelo filme ser baseado em seu olhar sobre os acontecimentos, torcemos por ele - que além de cuidar da casa e do filho sozinho ainda tem a mente disposta a criar uma elaborada fuga e resistir à tentadora Olivia Wilde! Paul Haggis se aventura por um gênero que tem feito a glória de Liam Neeson (que faz até uma participação especial no filme), onde um pai de família precisa bancar o herói mesmo que não tenha muita experiência no ramo. Mas o diretor continua com a mão pesada de seus longas anteriores (o oscarizado Crash/2004 e No Vale das Sombras/2007), sinal do exagero é a cena da prisão da esposa do professor, na frente do filho pequeno na hora do café da manhã. A cena pode até aumentar a carga dramática do filme, mas é difícil de digerir (assim como a cena em que o protagonista invade a casa de um traficante em busca de dinheiro ou aquela cena "susto" desnecessária na rodovia). O que importa é que mesmo com alguns tropeços (incluindo o uso de canções do Moby em hora inadequada), o filme se redime quando o plano é posto em execução e só nos resta grudar os olhos na tela para ver os malabarismos do marido para alcançar seu objetivo. 

72 Horas (The Next Three Days/EUA-2010) de Paul Haggis com Russel Crowe, Elizabeth Banks, Olivia Wilde, Bryan Dennehy e Liam Neeson. 

Palpites para o OSCAR 2012

A Dama de Ferro: Meryl Streep rumo ao terceiro careca dourado.

Amanhã de manhã saem as indicações ao Oscar 2012 e como de costume vou listar quem eu acho que deve ser indicado, como sei que as características costumas envolver mais surpresas do que favoritos, vou listar meus palpites somente em algumas categorias. 

MELHOR FILME
O Artista
Histórias Cruzadas
Os Descendentes
Tudo Pelo Poder
A Invenção de Hugo Cabret
Meia Noite em Paris

MELHOR DIRETOR
Michel Hazanavicius (O Artista)
Alexander Payne (Os Descendentes)
Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)
George Clooney (Tudo Pelo Poder)
Woody Allen (Meia Noite em Paris)

MELHOR ATOR
George Clooney (Os Descendentes)
Ryan Gosling (Tudo Pelo Poder)
Michael Fassbender (Shame)
Leonardo DiCaprio (J. Edgar)
Brad Pitt (O Homem que Mudou o Jogo)

MELHOR ATRIZ
Meryl Streep (A Dama de Ferro)
Glenn Close (Albert Nobbs)
Tilda Swinton (Precisamos Falar Sobre Kevin)
Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn)
Viola Davis (Histórias Cruzadas)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Jonah Hill (O Homem que Mudou o Jogo)
Kenneth Branagh (Sete Dias com Marilyn)
Andy Serkis (Planeta dos Macacos - A Origem)
Albert Brooks (Drive)
Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Janet McTeer (Albert Nobbs)
Octavie Spencer (Histórias Cruzadas)
Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)
Shailene Woodley (Os Descendentes)
Melissa McCarthy (Missão Madrinha de Casamento)

ROTEIRO ADAPTADO
Incredibly Loud Extremely Close 
Histórias Cruzadas
Os Descendentes
A Invenção de Hugo Cabret
O Espião que Sabia Demais

ROTEIRO ORIGINAL
Toda Forma de Amor
Tudo Pelo Poder
Drive
O Artista
Meia Noite em Paris

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Rango
As Aventuras de TinTim
Gato de Botas 
Carros 2
Kung Fu Panda 2

sábado, 21 de janeiro de 2012

DVD: O Pequeno Nicolau

Lançado no final de 2010 em meia dúzia de salas brasileiras, o francês O Pequeno Nicolau conseguiu boa bilheteria por um motivo muito simples: é um filme que parece voltado para crianças e que não aborrece os adultos - especialmente por não ser protagonizado por algum marmanjo em decadência. Os méritos de O Pequeno Nicolau podem ser percebidos por pessoas de todas as idades (e não estou me referindo às suas qualidades técnicas fotografia, edição, figurinos, trilha sonora que são perfeitas). Criado em 1959 por Jean Jacques Sempé e René Goscinny (de Asterix), o filme mantém a caracterização da trama na década original e se beneficia em conservar o tom ingênuo das histórias do personagem popular na França. Outro grande trunfo do filme é o seu elenco infantil, o menino Maxime Godard interpreta Nicolau, mas todos os seus amiguinhos dão conta de personagens interessantes e de várias nuances que não deixam que caiam em estereótipos, afinal seus amigos possuem características que são comuns às crianças de qualquer época (e são apresentados com muito senso de humor logo no início da sessão enquanto Nicolau questiona a si mesmo qual profissão deverá seguir quando for adulto) e suas pequenas aventuras são saborosas de assistir. O roteiro assinado por Alain Chabat, Laurent Tirart e Grégoire Vigneron tem o mérito de ser simples e costurar algumas historinhas do personagem sem perder o fio da meada: a ameaça de um irmãozinho que está para chegar - ou pelo menos isso é o que Nicolau pensa, principalmente depois que um amigo da escola desaparece das aulas após o nascimento do irmão caçula (todos imaginam que os pais o abandonaram no bosque - e Nicolau não quer que isso aconteça com ele, ao ponto de cogitar contratar um gangster para sumir com o bebê). Se a ideia parece ameaçadora,  a produção faz os personagens transmitirem tanta inocência que as trapalhadas em que se metem merece até o nosso perdão. Paralela às angústias de Nicolau contrasta a trama protagonizada por seus pais com as convenções sociais do mundo do trabalho (com destaque para a mãe interpretada por Valerie Lemercier), o que deixa ainda mais divertido ver as crianças recebendo a visita do Ministro da Educação, fazendo testes psicológicos, criando uma fórmula secreta de super-força ou tentando roubar um carro (repare que durante o filme as situações ficam mais estapafúrdias). Com as molecagens temperadas com nostalgia o filme é uma verdadeira pérola da cinematografia francesa dos últimos anos.

Nicolau e sua mãe: um mundo ingenuamente complicado.

O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas/França-2010) de Laurent Tirard com Maxime Godard, Valérie Lemercier, Kad Merad, Sandrine Kimberlain e Vincent Claude. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

CATÁLOGO: As Confissões de Schmidt

Nicholson: atuação surpreendente na pele de Schmidt.

Depois de perder o Oscar de roteiro adaptado por Eleição (1999), Alexander Payne resolveu ser mais sério no seu filme seguinte e cumpriu todo o protocolo direitinho. As Confissões de Schmidt foi exibido com elogios no Festival de Cannes e muitos críticos ficaram surpresos da forma como Payne conseguiu tirar uma atuação mais contida de Jack Nicholson - algo que não se via há muito tempo. Mais sério e amargo o filme marcou um corte na cinematografia do diretor que deixava o humor em segundo plano e investia cada vez mais nos dramas de seus personagens. Curiosamente o preço da empreitada foi Payne ter que lidar com os leitores fãs do livro homônimo de Louis Begley (que alcançou tanto sucesso que rendeu até uma continuação: Schmidt Delivered) que alegavam que havia drenado muito do humor da narrativa, mudando totalmente a essência do personagem (que era muito mais preconceituso e mal intencionado do que o velhinho rabugento apresentado no filme). Warren Schmidt (Jack Nicholson, indicado ao Oscar de ator) é um senhor prestes a se aposentar, mas está totalmente ciente de que sua vida foi um desperdício (tanto que se vangloria do tempo que lhe resta de vida).  Depois de aguentar a esposa castradora (que o obriga até a urinar sentado para não correr o risco de respingar o branheiro) ele sabe que sua vida de aposentado será pior do que no escritório insosso em que trabalhava - mas com o trailer que comprou pretende espantar a rotina de tédio e depressão que se anuncia desde a primeira cena. Obviamente que a esposa não gostaria dessa ideia, mas as coisas mudam quando Schmidt fica viúvo. Diante da situação, Schmidt prentende dar novo rumo à sua vida e fazer uma boa ação, ou melhor duas: uma é ajudar um menino nos cafundós da Tanzânia através do envio de cheques, o outro é impedir o casamento de sua filha (Hope Davis) com um noivo o qual desaprova (vivido por gosto por um Dermot Mulroney totalmente brega), Schmidt pensa que conseguirá convencer a filha a desistir do casório. Até encontrar a filha, o personagem irá se deparar com uma série de sujeitos comuns feito ele em situações comuns. Quando se transforma em road movie o filme tenta sair do lugar comum com um humor sutil, mas seus melhores momentos estão no seu encontro com a sogra de sua filha (vivida pela ótima Kathy Bates, indicada ao Oscar de coadjuvante e que tem a coragem de fazer uma cena de nu frontal) que acaba demonstrando mais interesse por ele do que o próprio poderia imaginar. Schmidt não é apresentado com muitas qualidades, é como se ele simplesmente existisse num mundo que se move independente de suas ações - essa sensação de ser descartável dá ao filme uma incômoda sensação deprimente e apesar de momentos de alívio cômico, o filme consegue ser baixo-astral a maior parte do tempo.  Se após toda a sessão a vida de Schmidt parece sem sentido, Payne guarda o melhor momento para o final, numa belíssima cena em que Schmidt recebe uma carta muito especial. Parece que Payne e Nicholson construíram toda a trajetória do filme apenas para essa cena especificamente, o incrível é que ela funciona magistralmente fazendo toda a diferença em nosso apreço pelo longa. Ainda assim, devo confessar que na filmografia de Payne é o longa do qual menos gosto, o que não quer dizer que não tenha seus méritos (além da edição precisa e bela fotografia). Prova de que o filme está longe de ser uma unanimidade é o fato de ter sido indicado a cinco Globos de Ouro (Filme/Drama, diretor, ator/Drama, atriz coadjuvante/Bates e roteiro) mas somente Nicholson e Bates foram lembrados nas indicações ao Oscar. Mesmo assim, vale conferir. 

As Confissões de Schmidt (About Schmidt/EUA-2002) de Alexander Payne com Jack Nicholson, Kathy Bates, Hope Davis e Dermot Mulroney

DVD: Amizade Colorida

Mila e Justin: depois da tensão sexual, a tensão emocional. 

Justin Timberlake anda realmente investindo em sua carreira de ator. Enquanto seu novo álbum não sai ele tem escolhido com muita sorte seus projetos cinematográficos. Embora ainda não tenha me convencido como ator (acho que ele só atuou de verdade em Alpha Dog/2006) ele é responsável por cinquenta por cento do sucesso desta comédia romântica co-estrelada por Mila Kunis. O curioso é que depois de anos com as comédias românticas se apoiando no chororô de mulheres e nos corações vis da galera masculina, os roteiristas resolveram fazer filmes sobre amigos que resolvem transar. Mais curioso ainda é que dois filmes sobre o tema estrearam ano passado e contavam respectivamente com duas amigas que dividiram o set de Cisne Negro (2010). Natalie Portman deu azar ao aparecer ao lado de Ashton Kutcher em Sexo sem Compromisso sendo um par insosso para um tema apimentado,  Mila Kunis se sai melhor ao contar com a direção esperta de Will Gluck (de A Mentira/2010). Kunis é Jamie, uma olheira que procura profissionais que interessam às empresas e tenta convencê-los que aceitar a oferta é o melhor a fazer (já que é assim que recebe as comissões), é assim que conhece Dylan (Timberlake), que escrevia em um blog e agora está prestes a ser contratado pela revista GQ. Vindos de rompimentos amorosos não muito agradáveis os dois acabam gostando da companhia um do outro, se consideram amigos e resolvem ter relações sexuais sem envolvimento emocional - como se isso fosse possível. A grande vantagem de Amizade Colorida sobre Sexo sem Compromisso é que seu roteiro é mais esperto do que o estrelado por Natalie Portman, o que faz com que seus personagens sejam mais interessantes (inclusive os coadjuvantes como o comentarista esportivo gay - mas muito macho - vivido por Woody Harrelson, a mãe maluquete de Jamie interpretada pela sempre ótima Patricia Clarkson e e o pai com Alzheimer de Dylan feito por Richard Jenkins). Embora o filme perca o ritmo em sua metade, todo mundo sabe que todas as situações inventadas estão ali só para passar o tempo e reforçar o quanto a dupla combina um com o outro.   Mesmo com algumas ironias sobre comédias românticas (a trilha sonora, as locações...) e alguns clichês (oh como os relacionamentos amorosos podem ser traumatizantes!) o filme consegue ser simpático - especialmente pelo elenco que consegue manter nosso interesse e até gerar uma torcidinha. Mas como toda comédia romântica, ganha um doce quem acertar o final!

Amizade Colorida (Friends with Benefits/EUA-2010) de Will Gluck com Mila Kunis, Justin Timberlake, Patricia Clarkson, Richard Jenkins, Jenna Elfman e Emma Stone. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

DVD: Professora sem Classe

Cameron e seus pretendentes: adivinha quem vai ficar com Elizabeth?

O alarme deve ter soado na carreira de Cameron Diaz ao fim de 2011, depois do fiasco ao lado de Tom Cruise em Encontro Explosivo (2010), ano passado a loura não tinha nada para fazer em Besouro Verde e ainda apareceu com esse Professora Sem Classe em mais um desses roteiros cheios de baixaria que ela adora! Sei que existe muita gente que conferiu o o filme nos cinemas por achar engraçado ver a atriz apalpando o silicone de uma colega ou humilhando adolescentes em sala de aula (tanto que o filme rendeu mais de 200 milhões em bilheteria mundial), mas a verdade é que o filme não acrescenta nada na carreira de sua estrela - até porque o melhor filme de baixaria que já foi feito já tinha o nome de Cameron no meio (Quem Vai Ficar com Mary que lhe rendeu até uma indicação ao Globo de Ouro em 1998). Já que em Professora sem Classe a proposta é fazer humor chulo, ele poderia ser pelo menos um pouco mais original. Elizabeth Halsey (Cameron) é uma vigarista que acaba de ser desmascarada pelo noivo ricaço que descobriu que sua fortuna era gasta em inutilidades, formada em Literatura, Elizabeth preferia comer gilete a ter que voltar a lecionar. Mas a loura tem seus sonhos: bancar uma plástica nos seios e arranjar um bom partido milionário. Enquanto isso não acontece, ela prefere enrolar seus alunos com tudo quanto é filme com professores (de O Preço do Desafio até Pânico de Wes Craven!!!), além disso cria estratégias desonestas para conseguir os sete mil dólares necessários para bancar a cirurgia. Enquanto flerta com um professor substituto riquinho (Justin Timberlake fazendo mais do mesmo deixando seu personagem ainda mais bizarro), aguenta uns gracejos de um simpático professor de Educação Física (o grandão Jason Segel) e ainda tem que se livrar de uma professora chata (a sempre esquisita Lucy Punch) que está disposta a provar que a loura é uma fraude. As piadas sobre o relacionamento da professora com seus alunos estão longe de ser originais, mas devem estar entre as mais descaradas entre as criadas especialmente para chocar os puristas (como a cena em que é surpreendida fumando maconha no estacionamento ou a que dá uma peça íntima para um aluno com problemas de relacionamento). Devo confessar que Cameron faz um papel tão oco com grande desenvoltura, pose, biquinhos, rebolado e modelitos provocativos, mas tudo isso já vimos antes em filmes melhores e piores de sua filmografia. Prestes a completar quarenta anos, a atriz terá que começar a repensar os rumos de sua carreira, depois de trabalhar com diretores renomados como Martin Scorsese, Spike Jonze, Terry Gillian e Oliver Stone, a loura anda precisando de uma forcinha para ser levada a sério novamente. Ainda que siga a cartilha do politicamente incorreto da primeira até a última cena, Professora sem Classe é mais um filme para ver e esquecer. Apesar do sucesso dessa bobagem, Cameron sabe que precisa rebolar daqui para frente, está no filme com roteiro dos Irmãos Cohen a ser filmado por Michael Hoffman (chamado Gambit) e juntará forças com Jennifer Lopez em O que Esperar quando se está Esperando (que deve ser outra bobagem, mas J.Lo nunca foi chegada numa baixaria, ainda mais agora que vive fazendo filmes sobre gravidez!), veremos o que o ano novo reserva para Cameron.

Professora sem Classe (Bat Teacher/EUA-2011) de Jake Kasdan com Cameron Diaz, Jason Segel, Lucy Punch e Justin Timberlake. 

DVD: RED - Aposentados e Perigosos

RED: 56, 74, 58 e 66 anos ainda na ativa.

Desde que recebeu seu Oscar por A Rainha (2006), a inglesa Helen Mirren tem variado bastante os filmes em que tem aparecido, além de filmes sérios (A Última Estação/2009), animações (A Lenda dos Guardiões/2010), passando por comédias recicladas (Arthur, o Milionário Irresistível/2011), filmes infantis (Coração de Tinta/2008) e até filmes de ação como este RED. O filme do desconhecido Robert Schwentke era uma das grandes apostas do verão americano em 2010 e conseguiu até relativo sucesso, rendendo uma boa sessão da tarde para os carentes de comédias de ação no estilo Máquina Mortífera. Baseado em uma história em quadrinhos, RED (abreviação em inglês para Aposentado e Extremamente Perigoso) conta uma história com ex-agentes da CIA que suspeitam de uma conspiração envolvendo o candidato a vice-presidente dos EUA. A tal conspiração é para liquidar agentes envolvidos numa missão que revelaria o passado obscuro do candidato - ou pelo menos é isso que eles pensam. Bruce Willis é o protagonista Frank Moses que tentava levar uma vida tranquila enquanto flertava com Sarah (Mary Louise Parker), mas acaba sofrendo um atentado e tendo que reunir seus amigos  para salvar a pele, um deles é Joe (Morgan Freeman) que vive sossegado numa casa de repouso, já Marvin (John Malkovich) perdeu vários parafusos em suas missões secretas e sua mente paranóica é mais prestativa do que os outros podem imaginar, para completar o grupo está Victoria (Mirren), a melhor do ramo da "limpeza" - e que carrega um affair mal resolvido do passado com Ivan Simanov (Bryan Cox, ótimo). Apesar de algumas cenas de ação elaboradas e muitas piadinhas, RED não entrega tudo o que promete. É o tipo de filme a que se assiste para passar o tempo e nada mais. Os atores fazem o que podem com personagens unidimensionais e parecem mais se divertir (especialmente Helen Mirren com armas na mão) do que atuar. Rovert Schwentke ainda precisa comer bastante arroz com feijão para se tornar um mestre neste tipo de filme, fica a dica para que no próximo projeto não se concentre somente em ter um elenco de primeira, mas em desenvolver melhor os seus personagens. Tudo em RED é tão simples que a premissa interessante acaba desenvolvida com certo desânimo, especialmente na primeira metade da sessão que se arrasta enquanto Frank reúne seus amigos. Sorte que um elenco desses reunido já vale a visita, prova disso é que em meio às comédias esqueléticas de 2010 o filme conseguiu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia ou Musical. Deixando o filme um pouco de lado, interessante notar como os atores principais continuam aparecendo em vários filmes mesmo com a idade avançada - o que me fez pensar nisso é que Richard Dreyfuss faz um papel pequeno no longa, o que acabou se tornando uma constante para ele, que era um dos atores mais celebrados da década de 1980 e 1990 (décadas que são a clara referência de RED). 

RED - Aposentados e Perigosos (RED/EUA-Canadá-2010) de Robert Schwentke com Bruce Willis, Morgan Freeman, Helen Mirren, Mary Louise Parker, John Malkovich, Bryan Cox, Richard Dreyfuss e Keith Urban.