segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

10+ MELHORES FILMES 2012

Para encerrar o ano de serviços prestados no blog é inevitável fazer a lista dos meus filmes favoritos  entre os que chegaram no Brasil durante o ano. Entre os retardatários de 2011 e os legítimos filhos de 2012 a lista (em ordem alfabética) ficou assim:

Argo de Ben Affleck Em seu terceiro filme, Affleck provou de vez que é melhor diretor do que ator. Nos anteriores ele já mostrava que era bom, mas faltava uma história com H maiúsculo. Em 1979 o Irã estava em ebulição e com a invasão à embaixada americana, seis diplomatas conseguem refúgio sigiloso na casa do embaixador canadense - enquanto um grupo da CIA planeja uma forma de resgatá-los. A saída? Bolar um filme falso que usaria o deserto iraniano como locação! Uma ideia tão estapafúrdia que só poderia ser inspirada em fatos reais! Sucesso de público e crítica, Argo promete fazer bonito no Oscar do ano que vem!

Drive de Nicholas Winding Refn Tantos diretores e atores passaram pela produção de Drive, mas não consigo pensar em como o filme seria sem a dupla Refn/Ryan Gosling. Trata-se de um filme incomum, tudo poderia guiar para mais um genérico de Velozes e Furiosos, mas a dupla sempre conduz o filme para o oposto. Seja nas cenas automobilísticas fascinantes, os personagens enigmáticos, a ambientação noir oitentista, o romance proibido do protagonista, os longos silêncios... o fato é que Drive jorra originalidade estilística numa trama que tinha tudo para dar errado: um dublê que ganha a vida dirigindo para bandidos. Obra-prima!

Histórias Cruzadas de Tate Taylor Com o sucesso nas bilheterias percebi que os críticos adoraram falar mal de The Help, disseram que a direção era frouxa e o filme era melodramático demais. No entanto, sempre ressaltavam as qualidades do seu elenco. Não sei muito bem o filme que essas pessoas queriam ver na tela, o fato é que eu gostei bastante  de ver as empregadas negras cuspindo no preconceito latente do Tio Sam sobre as pessoas que colaboraram por gerações em sua vida doméstica. Equilibrando drama, humor e um elenco estupendo,as Histórias Cruzadas (especialmente Viola Davis) ficarão na minha memória por um longo tempo.

J. Edgar de Clint Eastwood Depois de alguns tropeços nos últimos anos, tudo indicava que Eastwood tinha achado a sorte grande quando resolveu levar para as telas a biografia do homem que revolucionou o FBI, J. Edgar Hoover. O problema é que o personagem era mais controverso do que ele imaginava e o filme foi apreciado por poucos. Mais do que a construção de uma figura histórica, o filme mostra como se construiu a vida política nos EUA durante várias décadas do século XX - e como manter a privacidade se tornou garantia de "caráter"; nesse aspecto, Leonardo DiCaprio e Armie Hammer estão afiadíssimos como Edgar e Clyde Tolson. Destaque ainda para Naomi Watts como fiel escudeira da dupla.

Moonrise Kingdom de Wes Anderson Eu já estava com saudades do Wes dos primórdios de sua carreira, ele estava se tornando cada vez mais sério e com seu último filme ele mostrou que ainda consegue fazer deliciosas crônicas sobre a adolescência - e a forma como nós, os adultos, nos relacionamos com ela. Centrado no primeiro amor dos adoráveis Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward), com toda força que os doze anos podem proporcionar, Anderson constrói um dos filmes mais divertidos e ingênuos dos últimos tempos. Num universo onde uma tropa de escoteiros parece um exército em miniatura (e os policiais são mais bonzinhos que os assistentes sociais) o cineasta acertou em cheio.

O Abrigo de Jeff Nichols A quem pertence a verdade? O que distingue a loucura de uma profecia? Esse é o ponto de partida - e de chegada - deste filme que merecia mais atenção quando passou nos cinemas ou quando chegou nas locadoras. O Abrigo consome o espectador em sua angústia silenciosa de ritmo lento enquanto o protagonista pensa que está enlouquecendo, assim como aconteceu com sua mãe. Assustando a esposa (a sempre exemplar Jessica Chastain), a filha surda e os amigos com a ideia de que o fim se aproxima, o personagem de Michael Shannon tornou-se um dos mais marcantes do ano.

O Espião que Sabia Demais de Thomas Alfredson Desde pequeno que adoro quebra-cabeças (e fiz esse mesmo estrago no meu sobrinho, que aos dez anos é o  meu parceiro favorito na hora de jogar). Baseado no livro de John LeCarré, o filme do sueco Alfredson é um gratificante exercício para o espectador. Contando a busca de um traidor na inteligência britânica, o filme mescla diversos personagens e tramas. O texto tem maior interesse na vida particular sacrificada desses profissionais do que nas intrigas (e ao final elas se mostram misturadas com maestria). Vale enfrentar o desafio e acompanhar as ironias e atuações do elenco, especialmente de Gary Oldman, soberbo como o agente George Smiley.

Precisamos Falar Sobre o Kevin de Lynne Ramsay É o filme mais perturbador que assisti neste ano - talvez nos últimos dez anos! Desde que vemos Tilda Swinton coberta de vermelho sabemos que sua personagem terá um desfecho problemático com o seu filho, Kevin (Ezra Miller). Com a câmera voltada para os conflitos de uma mãe que enfrenta o desprezo de todos por ter dado a luz ao responsável por um massacre na escola local, o filme causou polêmica por culpabilizar demais a personagem. Freud explica! O fato é que o filme é um pesadelo arrepiante pela busca por explicações para a maldade humana. E será que existe explicação?

Prometheus de Ridley Scott Ficção científica é o meu segundo gênero favorito, mas tem sido bastante maltratado nos últimos tempos com tramas bobas e piadinhas que dizem satisfazer as plateias. Sorte que Scott retomou a franquia Alien em grande estilo com uma trama elaborada sobre a origem da humanidade. Trazendo questionamento sobre fé, ciência e ética o filme foi um dos grandes sucessos do verão americano e fundamentou discussões acaloradas em quem o assistiu. Scott enriquece a mitologia Alien com pelo menos dois personagens inesquecíveis: a cientista Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o robô David (Michael Fassbender), que não tem pudores em transformar seus criadores em cobaias.

Shame de Steve McQueen Sempre que chego perto do fim de uma lista eu penso em quem deveria aparecer nela, sendo assim, Shame não poderia ficar de fora. A saga de um viciado em sexo e sua rotina solitária foi uma das coisas mais emocionalmente complexas que enfrentei numa tela durante o ano. A rotina de Brandon (Michael Fassbender, premiado em Veneza2011) é movida a sexo carnal e virtual. Ainda que seja bem sucedido ele parece prisioneiro da eterna busca por sexo (o que alguns especialistas já chamam de Desejo Sexual Hiperativo), mas a visita de sua irmã (Carey Mulligan) irá colocar sua lógica de cabeça para baixo. Melancólico, o filme surpreende. 

CATÁLOGO: Focus

Macy e Dern: romance e antissemitismo.

Focus é um desses filmes independentes que se perdem quando não conseguem espaço nas telas brasileiras e acabam sendo lançados silenciosamente nas locadoras. Meu interesse por ele brotou de outros aspectos. Primeiro que é a adaptação de um livro consagrado de Arthur Miller e segundo porque é protagonizado por William H. Macy e Laura Dern, dois dos atores mais versáteis e subestimados de Hollywood - e que parecem que não estão nem aí para isso, já que sempre estão filmando e com prestígio entre produtores, diretores e estúdios. Na história de Lawrence Newman (Macy) os EUA começam a sentir as pressões da Segunda Guerra Mundial - especialmente com relação ao antissemitismo. Newman ganha a vida como administrador de recursos humanos num escritório, mas seu sossego fica abalado desde que a janela de sua confortável casa suburbana de Nova York serviu para ver uma mulher latina ser violentada. Ele finge que não viu nada e segue com a sua rotina normalmente. As coisas mudam drasticamente quando recebe o conselho do chefe para usar óculos e, desde então, começa a ser confundido com um judeu - até pela mãe com quem divide o teto desde sempre. Os comentários antissemitas crescem no trabalho e na vizinhança, mas Lawrence prefere ficar quieto no seu canto, não se junta a eles e nem os confronta - pelo menos não até conhecer Gertrude Hart (Laura Dern) que por conta do nome e dos traços físicos é confundida com judia e acaba perdendo a vaga de secretária após ser atendida pelo próprio Lawrence. Os dois irão se encontrar novamente quando ele procurar um lugar melhor para trabalhar e irão engatar um romance que irá aumentar ainda mais as suspeitas de que formam um casal judeu. A trama conduzida pelo diretor estreante Neal Slavin cresce vagarosamente na criação de uma ambiente sufocante para seus personagens (apesar da direção de arte e figurinos multicoloridos), de forma que a indiferença torna-se insustentável diante do preconceito e das atitudes cada vez mais agressivas na vizinhança - que tem como alvo preferencial o pacífico dono da banca de jornal, Finkelstein (o ótimo David Paymer). Assim como já fizera em As Bruxas de Salém (que virou filme em 1996), Miller expõe as entranhas de uma sociedade que se diz democrática mas que não consegue aceitar a diferença. Se em Salém a bruxaria servia como metáfora para a caça aos comunistas em Focus o assunto é o antissemitismo envolto num discurso pró-Cristão. Em ambos os casos o mais gritante é como a intolerância ganha corpo e força na ignorância de quem não percebe que a diferença é inerente ao ser humano apesar de alimentar o preconceito necessário para as maiores atrocidades. O assustador é que existe um Lawrence Newman em cada um de nós e ele não pode pensar que está seguro com o silenciamento. Ele precisa reagir e nessa ação não importa se ele é católico, judeu,  caucasiano, negro, deficiente ou homossexual. Importa que ele é humano como qualquer outro. 

Focus (EUA-2001) de Neal Slavin com William H. Macy, Laura Dern, Meat Loaf eDavid Paymer. ☻☻☻☻

Combo: Schwarzenneggers do século XXI

 Numa época em que os atores valem menos do que selos de franquias ou efeitos especiais, Hollywood ainda tenta encontrar herdeiros para um dos maiores atores de filmes de ação de sua história, o austríaco Arnold Schwarzennegger. Depois de uma temporada como governator da Califórnia, Arnie voltou a fazer filmes, mas com a idade avançada (65 anos) fica difícil convencer em cenas de perseguição, explosões e coisas do gênero. Por isso, preparei uma lista dos filmes que apresentam os que disputam uma vaga ao posto de Arnold do século XXI, são eles:

5 Vingador do Futuro (2012) Quando meus pais falavam de um remake de um filme de quando ainda namoravam no cinema eu pensava como o tempo havia passado. Sabemos que envelhecemos quando refilmam um longa que você viu no cinema!  Com o remake do Vingador do Futuro foi exatamente isso que eu senti! Se bem que ter envelhecido me trouxe a sabedoria de saber que o filme original do homem que descobre que sua vida era uma farsa era muito melhor quando tinha Arnoldão e Sharon Stone nos créditos. Essa refilmagem parece uma versão futurista de Corra, Lola, Corra (1998) onde toda a correria volta para o mesmo ponto de partida. No entanto, Colin Farrell (que está se especializando em repaginadas) está lá querendo credibilidade num personagem menos interessante que o original, mas suas sombrancelhas até que convencem!

4 Conan (2011) O herói criado em 1932 por Robert E. Howard para livros de bolso virou HQ na década de 1970 e filme com Schwarzennegger em 1982. O foco era o mesmo: um guerreiro que se defrontava com as hipocrisias e fraquezas de uma sociedade de doze mil anos atrás - um período fictício chamado Era Hiboriana. O engraçado é que mesmo com a violência os filmes faziam um sucesso danado na Sessão da Tarde com sangue jorrando e mulheres seminuas. Em 2011 o filme sofreu uma repaginada e ficou mais violento e menos interessante, talvez por conta da atuação do havaiano Jason Momoa que fez do personagem uma extensão de seu Khal Drogo da série Guerra dos Tronos. A cabeleira e o físico estão lá, mas faltou injetar carisma no bárbaro! 

3 Predadores (2010) Admito que fui um dos que recebeu com uma sonora gargalhada a notícia de que o magrelo Adrien Brody iria bancar Schwarzennegger neste filme. Preconceitos a parte, o cara ralou na academia e até que convenceu como o escorregadio personagem que tem que enfrentar um grupo de monstrengos que está prestes a liquidar um grupo de humanos sequestrados para servir apenas de caça para seus esportes bizarros. Esta pequena homenagem do diretor Nimrod Antal e do produtor Robert Rodriguez serviu para colocar a franquia novamente nos trilhos - apesar da bilheteria modesta, mas quando você verá um ator oscarizado bancando o Arnoldão (e com Alice Braga do lado)?

2  Exterminador do Futuro - A Salvação (2009) O australiano Sam Worthington nasceu para as grandes produções quando foi muito elogiado pela sua atuação neste filme de McG, que mostra John Connor adulto no futuro sempre anunciado pela série Terminator. Worthington conquista a plateia como uma máquia que não sabe que é uma máquina e ganhou mais destaque que o protagonista vivido por Christian Bale! Sam quase ficou com o primeiro lugar deste combo - ainda mais que depois fez o campeão de bilheteria Avatar de James Cameron (idealizador da franquia Terminator), mas perdeu o posto por não ter o mesmo vigor arnaldiano em seus filmes posteriores. 

1 Corrida Mortal (2008) Esta mistura de game com refilmagem de um dos primeiros filmes de Schwarzennegger (The Running Man/1987) não fez sucesso com a história de um presidiário metido numa competição letal, mas consolidou Jason Statham como herói de filmes de ação - e o fã clube do britânico só tende a crescer. Só franquias de sucesso ele tem três: Adrenalina, Carga Explosiva e Os Mercenários. Único da lista a se dedicar quase que exclusivamente aos filmes de ação, Statham tem o passado atlético em comum com Arnie. Schwarzennegger era fisiculturista antes de se tornar ator, Jason Statham foi competidor olímpico de saltos ornamentais, além de ser lutador de artes marciais (ele dispensa dublê nesse tipo de cena). Nada mal para quem tem 45 anos e começou nas comédias deliciosamente violentas de Guy Ritchie! 

P.S.: A ordem cronológica não foi proposital!

domingo, 30 de dezembro de 2012

DVD: O Vingador do Futuro 2012 / 1990

Farrell: o Arnold do século XXI?

"É um outro filme, só que o velho é melhor! Tinha umas coisas que me davam medo..." esse foi o parecer de minha irmã quando assistiu a refilmagem de O Vingador do Futuro estrelado por Colin Farrell. Eu não sei muito bem quais são os critérios para se fazer uma refilmagem, mas seja quais forem, eles precisam ser revistos! Sei que a refilmagem de um filme de sucesso já garante boas bilheterias, mas sei também que essa regra falha mais vezes do que deveria - assim como aconteceu com esse novo Total Recall que custou 125 milhões de dólares e rendeu 58 milhões nos EUA (o que já configura um fracasso pelas bandas de lá, já que geralmente nesses casos a arrecadação mundial consegue apenas recuperar os gastos). Lembro que vi o original de 1990 protagonizado por Arnold Schwarzennegger no auge de suas aventuras desenfreadas. A direção era de Paul Verhoeven e meu companheiro de aventuras cinematográficas era meu pai! Lembro que fiquei tempos com aquela aventura na cabeça. Com Arnoldão descobrindo que ele não era quem ele pensava, que ele tinha que ir para Marte para descobrir sua verdadeira história enquanto era perseguido por um bando de gente que era inimigo dos revolucionários dos quais era amigo. Para incrementar, tinha aqueles moradores de um colônia terráquea em Marte que tinha todo tipo de deformidades físicas, algumas disfarçáveis, outras totalmente grotescas (como o homem com uma cabeça na barriga que era uma espécie de líder revolucionário, o traidor com braço de gafanhoto  e até uma mulher com três seios - a única coisa que sobrou na refilmagem). Além disso tinha as mulheres vigorosas! A sempre subestimada Rachel Ticotin  (que pode ser vista na série Law & Order: Los Angeles e outros seriados da tv por asinatura) e Sharon Stone, antes que o diretor Verhoeven lhe convidasse para a cruzada de pernas mais famosa do cinema. Ticotin era a parceira ideal para as cenas de ação e Stone era a esposa perfeita para uma vida de sonho antes do protagonista despertar. Verhoeven contou com seis roteiristas para dar forma ao conto de Phillip K. Dick para a telona e o resultado virou um clássico dos filmes de ação da década de 1990. Cenas elaboradas, efeitos especiais bacanas, um pouco de crítica social e momentos assustadores serviam para contar a grande conspiração em que o personagem Douglas Quaid se via imerso. Pena que na refilmagem dirigida por Les Wiseman boa parte da graça se perdeu. Apesar do ponto de partida ser o mesmo conto de Dick, as ideias se perderam em meio às cenas de ação, lutas e tiroteios que começam a cansar lá pela metade da sessão. O esqueleto da história é o mesmo, mas contado de uma forma tão automática que é difícil tirar alguma emoção disso tudo. Douglas Quaid (Colin Farrell) continua sendo um operário que é casado com uma beldade (Kate Beckinsale, esposa de Wiseman) e que tem vontade de experimentar as viagens virtuais da tal empresa Recall, mas quando se rende à experiência acaba descobrindo que vive uma vida que não é a sua. Wiseman até incrementa o tom de conspiração (dessa vez, governamental), mas perde pontos ao dar mais nós do que as cenas de ação permitem desatar. São tantos efeitos especiais emoldurando a correria dos atores que sobra pouco para explorar o que realmente interessa: os personagens. Não há dúvidas de que Wiseman entende de cenas de ação, mas precisava modificar tanto um filme tão querido pelos fãs? A trama em Marte foi banida do roteiro e com isso o que o filme tinha de mais engajado (o oxigênio em marte para todos) deu espaço para uma traminha capenga de homem versus máquina além de uma prosa batida sobre colonização... acho que foi nessas horas que tirei um cochilo quando resolvi enfrentar o filme no conforto do lar! Se a direção de arte é interessante (apesar de parecer uma paródia de Blade Runner/1982) a produção deveria ter escolhido outra atriz para ser o interesse amoroso de Quaid que Jessica Biel - que não consegue empolgar. No meio da confusão de som e fúria que O Vingador do Futuro se tornou, a única vantagem parece ser Kate Beckinsale que vive a "esposa" de Quaid (antes vivida por Sharon Stone), com o personagem anabolizado dessa nova versão é difícil olhar para outra coisa em cena.  

Arnold: o antigo é muito melhor. 

O Vingador do Futuro (Total Recall/EUA- 2012) de Les Wiseman com Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Bryan Cranston, Bill Nighy e John Cho. ☻☻
O Vingador do Futuro (Total Recall/EUA-1990) de Paul Verhoeven com Arnold Schwarzennegger, Rachel Ticotin, Sharon Stone, Ronny Cox e Maichel Ironside ☻☻☻

DVD: Tarde Demais

Bello e Sheen: atuações irrepreensíveis em tragédia familiar. 

Kate (Maria Bello) e Bill (Michael Sheen) formam um casal comum aparentemente feliz que está planejando as férias ao lado do filho que se encontra em seu primeiro ano na Universidade. Kate é a mais animada para a organização para esse tempo em que a família estará junta novamente. Essa expectativa pode ser explicada pela paradisíaca cena de abertura em que o casal se encontra na praia com o filho ainda menino numa praia, ainda que a imagem de cores quentes e alegria latente contraste com a voz tímida do rapazinho que deixa claro que o primeiro ano na faculdade não está sendo fácil. Sammy (Kyle Gallner) está visivelmente deslocado e mesmo quando conversa com seus pais por telefone não tem coragem de contar as suas angústias para aquelas que parecem ser as pessoas mais próximas de seu mundo particular. Uma conversa pela metade no telefone à noite e um dia depois chega a notícia de que a universidade em que Sammy estuda foi palco de uma dessas tragédias que parecem se tornar comum nos EUA: uma chacina com mais de vinte feridos. Bill e Kate não conseguem entrar em contato com o filho e após receberem a notícia pela manhã, a verdade bate à porta na pele de dois policiais cuja presença já serve para que Kate adivinhe que seu filho está morto. A tristeza transborda da tela e recebe novos contornos quando a dor da perda vivida pela mãe recebe o acrescimo de que foi seu filho o aluno que assassinou seus colegas e professores naquela manhã, "Mentiroso! Mentiroso!" ela grita aos policiais. Seu marido observa a notícia a distância e seu ar quase catatônico denota do que se trata a história que veremos a seguir. Tarde Demais é a história da tragédia vista pelos olhos dos pais do assassino, são eles que nos conduzem numa jornada triste e íntima em busca de explicações e justificativas que tentam substituir a ausência do filho com um pouco de culpa. Depois do processo natural de negação e a fuga da imprensa que os assedia, o diretor Shawn Ku faz a gentileza de adotar um ritmo lento e silencioso que auxilia o expectador em sua tarefa árdua de acompanhar o casal por seus questionamentos amparados pelo roteiro que mais sugere do que aponta evidências. Os dois se refugiam na casa do irmão de Kate e nos deparamos não apenas com as diferenças do casal em lidar com a situação, mas também com a superproteção dela com o sobrinho e com as ausências de Bill que podem sugerir indícios da construção da identidade de Sammy - mas nada que alivie a sensação de ver a opinião pública tratá-los como péssimos pais ou sempre se referir ao rapaz como "o atirador". Redes sociais, televisão, internet todos os veículos servem para reforçar a incômoda sensação que o casal vivencia - e a ausência do filho sempre se sobrepõe ao que ele fez (com direito a vídeos de despedida e outro de ameaças exibidos em rede nacional). Trata-se de um doloroso processo de destruição de referências e torna-se curioso que o filme compartilhe o mesmo tema que o recente Precisamos Falar Sobre Kevin (2011) mas opte por um caminho radicalmente diferente, mas igualmente interessante e devastador. Vale ressaltar as atuações de Maria Bello e Michael Sheen que estão excepcionais e ampliam tudo que o filme tem de mais doloroso. A forma como conduzem as reações e tropeços de seus personagens são de extrema dignidade, sem nunca abandonar o que seus Kate e Bill possuem de mais humano. Diante da imagem tímida do vulnerável Sammy em contraste com a tragédia que provocou, as respostas para o ato cometido por ele nunca chegam - e o espectador pode até ficar tentado a procurar motivos, mas o que fica ao fim da sessão é a tristeza acachapante da tragédia de seus personagens. 

Tarde Demais (Beautiful Boy/EUA-2010) de Shawn Ku com Maria Bello, Michael Sheen, Kyle Gallner, Bruce French e Austin Nichols. ☻☻☻☻

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

FILMED+: Crepúsculo dos Deuses

Holden e Swanson: a dura vida no esquecimento. 

No meio de toda a euforia que cercou a chegada de O Artista aos cinemas, me senti um bocado estranho por não sentir grande interesse pelo filme que acabou ganhando o Oscar. Ainda não sei bem qual é o lugar do filme de Michel Hazanavicius na história dos filmes que retratam as feridas da transição do cinema mudo para o falado. Ainda hoje, O Artista, mesmo com toda sua qualidade técnica e prêmios me desperta apenas simpatia, até por que o considero um filme mais de forma do que de conteúdo - não haveria grande problema nisso se as pessoas não insistissem em me convencer de que foi a melhor produção de 2011. Sobre as mudanças geradas pela chegada do cinema falado eu conhecia um grande filme: Cantando na Chuva (1952) de Stanley Donen, a ele soma-se outro que até esse fim de semana natalino eu conhecia somente a fama: Crepúsculo dos Deuses de Billy Wilder. O filme de Wilder é um verdadeiro exemplo de como um filme pode ser provocador sem perder a elegância ao contar os últimos dias de sanidade de Norma Desmond (Gloria Swanson em atuação inesquecível), uma ex-estrela de filmes mudos que vive esquecida ao lado do mordomo num casarão na famosa Sunset Boulevard. Ela acaba redescoberta por acaso por um roteirista fracassado chamado Joe Gillis (William Holden) que precisava de um lugar para esconder o carro. Ele acaba recebendo abrigo de Norma, que pede em troca que a ajude a lapidar o roteiro que marcará o seu retorno triunfal ao cinema. Trata-se de uma versão de Salomé, onde ela interpretará o papel título (em total descompasso com sua idade avançada). O texto e a mansão de Norma revelam mais do que ela imagina sobre a sua decadência e Joe percebe rapidamente que existe algo de estranho no estilo de vida da ex-estrela (especialmente quando ela irá desenvolver uma espécie de obsessão por Gillis). Vivendo de ilusões sobre o passado, Norma revela-se cada vez mais perturbada por viver no ostracismo e, nesse processo, seu fiel mordomo tem um papel crucial. Billy Wilder mostra aqui toda a sua genialidade ao tratar um tema complicado com toques inovadores para seu tempo. Se lembrarmos que o filme foi produzido em 1950, chama ainda mais a atenção que o filme seja narrado por um morto, que conta passo a passo os acontecimentos que fizeram com que seu corpo fosse encontrado com um tiro nas costas dentro  da piscina do casarão de Desmond - além disso, o filme coloca celebridades como Buster Keaton, Cecil B. DeMille e Hedda Hopper nos papéis deles mesmos. Com toques de humor, suspense e romance, Crepúsculo dos Deuses não tem nada de arrastado ou inofensivo, trata-se de uma crítica a forma como a fama devora suas estrelas e os prejuízos que isso pode acarretar quando ela chega ao fim.    Encarnando esse processo de doloroso esquecimento, Gloria Swanson tem um performance espetacular. Suas expressões exageradas servem como uma luva para alguém que se consagrou no cinema mudo, assim como enriquece a composição de uma personagem que vive à beira do colapso. Nascida em 1899, Swanson estreou nos cinema ainda em produções mudas no ano de 1914 e em 1932 deixou a carreira de atriz em segundo plano para se dedicar à vida de empresária. No entanto, Swanson conseguiu manter sua popularidade com o advento do filme falado e aceitava somente os papéis que considerava relevantes. Crepúsculo dos Deuses rendeu sua terceira indicação ao Oscar de atriz. Só pela sua atuação o filme já valeria a pena, mas ele ainda é um retrato contundente de uma época e merece ser considerado um dos melhores filmes americanos de todos os tempos - tendo concorrido a oito Oscars (dos quais ganhou três: roteiro, direção de arte e trilha sonora).    

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard/EUA-1950) de Billy Wilder com Gloria Swanson, William Holden, Erich von Stroheim, Nancy Olsom e Cecil B. DeMille. ☻☻☻☻☻

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FILMED+: Moonrise Kingdom

Sam e Suzy: o primeiro amor com a lente do Fantástico Senhor Wes Anderson. 

Tenho uma atração especial pelas obras de Wes Anderson, tem gente que acha seus filmes uma chatice, esquisitos e sem emoção. Bem, eu não me enquadro nesse grupo. Anderson construiu uma filmografia que possui um estilo próprio, com visual arrebatador, atuações contidas em um universo bastante peculiar. Depois de dois filmes irregulares (o chato A Vida Marinha com Steve Zissou/2004 e o melhorzinho Viagem à Darjeeling/2007) ele voltou às origens ao realizar a animação O Fantástico Sr. Raposo (2009) que o fez voltar ao ponto do qual nunca deveria ter saído. É como se ao ter contato com a obra clássica de Roald Dahl ele voltasse ao que fez de Três é Demais/1998 e Os Excêntricos Tennenbaums/2001 as obras tão especiais que se tornaram. Em Moonrise Kingdom o diretor privilegia a forma como os não adultos enxergam o mundo, ampliando o que já aparecia em Três e Tennenbaums. Em 1965 o escoteiro cáqui  Sam (o irresistível Jared Gilman) foge de seu acampamento (liderado por um cômico Edward Norton) criando um grande problema para a tropa, até que eles descobrem que ele fugiu para viver numa ilha com Suzy (Kara Hayard). Ele passa a ser perseguido pela polícia (personificado por Bruce Willis)  e  escoteiros, enquanto Suzy causa preocuapação em seus pais psicólogos (Frances McDormand e Bill Murray). O roteiro (escrito por Anderson e Roman Coppola) explora os inusitados desdobramentos dessa situação, sem nunca perder a ingenuidade de seus personagens - não por acaso o filme acontece pouco antes da Guerra do Vietnã e, talvez por isso, Wes trate seus escoteiros como os soldados mais bem intencionados do mundo quando descobrem as punições que Sam irá sofrer após sua aventura amorosa (que envolve até uma funcionária do Serviço Social vivida por Tilda Swinton, já que descobrem que o garoto é adotado). Em sua trama, Anderson trata escoteiros como se fossem do exército (a cena do dilúvio é o ápice da maluquice) e seus dois protagonistas como se fossem Romeu e Julieta em miniatura (a cena em que Bill Murray os surpreende na barraca é antológica), no entanto, todo senso de humor fala muito sobre os adultos da plateia ao nos fazer pensar sobre onde foi que perdemos a sensação de que o primeiro amor nos tornava invencíveis e habitantes de um mundo diferente. É curioso como Anderson borra as fronteiras entre o comportamento infanto-juvenil e o adulto de uma forma bastante peculiar - e espero que continue investindo nisso com a mesma desenvoltura apresentada aqui. Selecionado para abrir o Festival de Cannes e indicado ao Globo de Ouro de melhor comédia do ano, Moonrise Kingdon deve aparecer em várias listas de melhores do ano e é merecido! Wes Anderson comprova aqui que se sai muito melhor quando tem uma trama ultraviajante nas mãos, além disso ele conseguiu agregados que tornaram a sua patota cinematográfica ainda mais interessante (McDormand, Swinton, Norton, Willis, Harvey Keitel, todos aparecem totalmente a vontade no universo do diretor) e ainda tem aquela estética que já é notória na carreira do cineasta. Vendo Moonrise Kingdom eu lembrei das brincadeiras malucas que eu criava com meus amigos quando era criança - e esta sensação é o máximo que eu posso esperar de um filme como esse. 

Moonrise Kingdom (EUA/2012) de Wes Anderson com Jared Gilman, Kara Hayard, Edward Norton, Bruce Willis, Frances McDormand, Bill Murray, Tilda Swinton e Harvey Keitel. ☻☻☻☻☻

domingo, 23 de dezembro de 2012

DVD: Medianeras


Drolas e Pilar: Lado a lado sem se ver. 

Costumo ser implicante com comédias românticas. Menos por ser de um gênero que é visivelmente mal compreendido por todos e mais por conta de um bando de produções que não conseguem fazer rir e nem dar aquela vontade gostosa de namorar. A grande maioria dos filmes costuma irritar por colocar homens de mulheres como um bando de idiotas imaturos que não sabem o que quer - e a maioria da plateia acredita que engatar um romance é viver assim, aos trancos e barrancos, aceitando grosserias e impossibilidades de diálogo de ambas as partes - mas se a plateia estiver rindo e rolar um beijinho no The End está tudo certo. O problema é que na vida, quando os outros riem dos outros não tem graça, assim como o The End pode não ser feliz. Por isso, vale a pena destacar esta produção argentina que fez até algum sucesso nos cinemas de arte aqui no Brasil - ele poderia muito bem ter entrado em grande circuito, mas como é latino os distribuidores consideram que só um público restrito e elitizado é capaz de gostar [sic]. Para dar uma popularizada chegaram a colocar o aposto toscão de "Buenos Aires na Era do Amor Virtual" (eu nem vou dizer quantos parcos minutos os protagonistas devem gastar no computador conversando) que deve ter afugentado metade das pessoas que se interessaram ao assistir o trailer! O filme conta a história de Martin (Javier Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala), dois jovens urbanos comuns (apesar de sempre ressaltarem suas manias e fobias, mas quem não as tem?) e solitários, que moram em prédios vizinhos, mas não se conhecem. Martin vive sozinho com uma cachorrinha - que ficou de lembrança do último namoro - e vive fazendo tudo através da internet (conforme o personagem diz, "a internet nos conectou com o mundo, mas nos afastou da vida"), ele baixa cds, filmes, se relaciona e faz compras através da rede mundial. Mariana é formada em arquitetura e ganha a vida fazendo vitrines em lojas de grife (na esperança de quem as vê queira conhecê-la), sua companhia são alguns manequins companheiros de trabalho e o livro de sua vida - "Onde Está Wally", no qual ainda não encontrou o personagem na parte referente à cidade grande. O Wally é apenas uma das referências pop que o  diretor Gustavo Taretto tempera o filme - ainda tem espaço para Woody Allen, King Kong, Star Wars - mas o que faz a diferença mesmo são as reflexões sobre a selva de concreto onde os personagens vivem. Os comentários são sempre elaborados para construir a ideia de como um lugar que reúne tanta gente gerar sentimentos de depressão, isolamento e solidão? Em alguns momentos consegue ser mais do que poético ao relatar as plantas que emergem do concreto ou as janelas que desafiam as regras ao serem abertas nas medianeras (aquele lado dos prédios que não tem janelas e que geralmente são  usadas para publicidade - na Argentina a construção de janelas nestas paredes chega a ser proibido por lei, mesmo assim, várias pessoas a descumprem em busca de maior claridade nos seus apartamentos.). Mas nada disso funcionaria se Taretto não conseguisse construir um casal de verdade, desses que passam por nós todos os dias nas ruas. Embora o filme se concentre em mostrar os tropeços amorosos de Martin e Mariana (geralmente equilibrando drama e humor nas figuras que aparecem) é evidente que os dois irão se encontrar e viver um romance, resta ao espectador cruzar os dedos para que percebam a presença do outro dentre as inúmeras vezes que o destino roteiro tentou colocá-los juntos. Vale a pena encarar o divertido teste de paciência que o diretor nos impõe até o final deliciosamente açucarado. Medianeras é uma comédia romântica gostosa de assistir, mas poderia ser melhor se o diretor não exagerasse em alguns momentos de melancolia - maldosamente embalados por um terrível vizinho pianista que faria qualquer um cortar os pulsos em seus piores dias... sorte que Mariana é das minhas! 

Medianeras (Argentina/Espanha/Alemanha - 2011) de Gustavo Taretto com Javier Drolas, Pilar López Ayala, Inés Efron, Adrián Navarro e Rafael Ferro. ☻☻☻☻ 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MOMENTO ROB GORDON: Melhores Pôsteres de 2012

Todo fim de ano começam a pipocar listas sobre tudo e eu sempre gosto de lembrar dos melhores pôsteres do ano, afinal de contas é o primeiro contato que temos com um filme e já começa a despertar aquele desejo de ir para a sala escura ver tudo o que ele prometeu. Às vezes ele é até melhor que o próprio filme - e por isso o pôster merecia até uma categoria especial no Oscar (assim como melhor trailer, não acham? O departamento de marketing agradece!). Esses são os meus cinco escolhidos do ano que está chegando ao fim:

5 - As Palavras
O filme passou praticamente em branco em nossos cinemas, mas o pôster merece ser lembrado ao utilizar palavras para vender a trama de um homem que rouba a obra de um escritor e tem que lidar com as consequências disso. Esteticamente marcante - garotas, me desculpem, mas o que menos chama atenção é o rosto de Bradley Cooper - muita gente considera o poster a melhor coisa do filme. 

4 - O Homem da Máfia
Quem percebe o filme (que repete a parceria entre Brad Pitt e o diretor Andrew Dominik) como uma metáfora sobre a sociedade americana, curte muito mais a trama sobre o matador que pretende apurar um assalto ocorrido num jogo de pôquer ilegal. O pôster evidencia o que o filme tem de mais simbólico num exercício de minimalismo onde a bandeira americana parece mirar a violência no espectador. 

3 O Segredo da Cabana
Poucos filmes de terror podem se gabar de ter um pôster tão estimulante. Para que fotos de famosos ou nomes em destaque? A ideia já transborda mistério ao utilizar a casa como se fosse um quebra-cabeça - o que cai como uma luva no filme que nasce de um clichê manjado (grupo de amigos em uma casa misteriosa no meio do mato) e aos poucos ajeita suas peças em nome de um roteiro mais imaginativo do que a maioria do gênero. 

2 Argo
Pode ser por conta das tiras que lembram os documentos destruídos em escândalos políticos na década de 1970 (fonte de inspiração cinematográfica da obra), pode ser a bandeira que se anuncia no olhar de seu diretor/ator ou até o apelo de mostrar que Ben Affleck comprovou-se de vez um diretor sério e engenhoso. O fato é que desde o cartaz, Argo já se mostrava um dos grandes acertos de 2012. 

1 Ted
A ideia é tão simples que beira o genial. Basta olhar a foto bem humorada para já entender o espírito do filme. Ted se tornou uma surpresa nas bilheterias do ano - e rendeu ao seu diretor o convite para apresentar o Oscar do ano que vem. Alguns podem ficar assustados dele repetir as falas do urso fofinho desbocado (ele que dubla o peludo na versão original), mas se for para repetir o humor bem sacado do cartaz, já podemos relaxar!

DVD: A Ovelha Negra

Ascanio e Maya: ótima dramédia sobre loucura. 

É sempre bom ter uma surpresa quando se opta por escolher assistir um filme do qual nunca ouviu falar e, ao final, ter um sentimento inesperado despertado por ele. A Ovelha Negra é um filme italiano de 2010 e o qual assisti neste fim de semana sem grandes expectativas. O mais interessante é que o filme ficou remoendo na minha cabeça nos últimos dias devido à mistura de comédia e melancolia de sua trama. Misturando drama e comédia envoltos por uma fotografia quase sempre sombria, nós conhecemos a história de Ascanio. Um menino que nasceu nos "loucos anos 60" e que desde o início viveu sobre o peso de ter a mãe internada num sanatório. Sua infância foi dividida entre às visitas à mãe, a convivência com a avó que se tornou responsável por sua criação e algumas travessuras de criança que, incompreendidas, só ressaltavam que o garotinho teria algum comprometimento neurológico. Situações como o dia em que conta para o amor de infância que comeu uma aranha, ou quando acredita que existem bolinhas mágicas capazes de realizar seus desejos e até a brincadeira de que poderia ressuscitar os mortos recebem uma conotação mais séria devido ao seu histórico familiar. No entanto, ao ser narrado em primeira pessoa, como se fosse um livro de memórias, é impossível não simpatizar com o olhar de Ascanio sobre o mundo. É a partir de seu olhar que assistimos as situações apresentadas pelo filme - e nem estranhamos quando em meio à narrativa ele parece estar se comunicando com galinhas (se ver o filme você vai entender o que eu quero dizer). Desde o início é fácil simpatizar com a história do menino que é criado pela avó após ser abandonado pelo pai e  ser sempre chamado de esquizofrênico pelos irmãos. Apresentado como um menino mal compreendido, a simpatia permanece até quando personagem é interpretado pelo barbudo diretor Ascanio Celestini. Adulto, Ascanio, trabalha no sanatório em que ficou famoso desde o tempo em que sua mãe era uma paciente. Ele ajuda as freiras a zelar pelos pacientes e até a fazer compras, tendo sempre ao seu lado o curioso Nicola (Giorgio Tirabassi). Articulado, Ascanio vê novos ares para o seu futuro quando reencontra Marinella (sua paixão de infância vivida pela bonita Maya Sansa) trabalhando no supermercado. É na nostalgia dos sentimentos que sente por ela que o personagem irá esclarecer ao público o seu vínculo com o sanatório e o seu passado entre os loucos e as crianças que compartilhavam as desventuras de infância em desdobramentos que podem surpreender a plateia. Durante o filme lembrei muito das minhas aulas de psicologia na faculdade quando a professora no segundo período dizia que "a loucura é não saber se comportar no tempo e no espaço" e ao contar a história do ponto de vista do personagem, isso fica ainda mais interessante, já que ressalta uma outra leitura desta frase: é não perceber o que é  o tempo e o espaço real ou imaginário. Baseado em uma certa nostalgia e alguma inocência, o diretor Celestini escreveu, dirigiu, produziu e atuou no filme depois de passar três anos fazendo pesquisas em sanatórios. O resultado deste empenho podemos conferir em cada minuto do filme, especialmente na forma como um roteiro bem humorado pode ser lapidado para causar estranhamento no espectador. Apesar dos risos que provoca, A Ovelha Negra deixa ao final um nó na garganta tão forte quanto a simpatia de seu elenco. 

A Ovelha Negra (La Pecora Nera/Itália-2010) de Ascanio Celestini com Ascanio Celestini, Giorgio Tirabassi, Maya Sansa e Barbara Valmorin. ☻☻☻

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

DVD: Para Poucos

Foïz e Duvauchelle: amantes em um quadrilátero amoroso. 

Filmes que abordam a temática sexual costumam ser muito mais interessantes quando não se contentam em mostrar os personagens sentindo prazer (senão, ficam reduzidos à filmes pornôs metidos a besta). As produções costumam ser muito mais ricas quando mostram que o sexo envolve muito mais aspectos do que o puramente uma relação física supõe. O francês Para Poucos consegue despertar interesse ao partir do que é uma fantasia para muitos casais e mostrar os sentimentos que podem surgir desta aventura. O ponto de partida é o flerte que começa a existir entre Rachel (Marina Foïs) e Vincent (Nicolas Duvauchelle), ela trabalha numa joalheria e ele encomendou uma peça personalizada para a esposa. Entre os dois fica claro que existe algo mais do que relacionamento profissional.  Os dois acabam programando um jantar onde levarão seus respectivos conjuges, Franck (Roschdy Zem) e Teri (Élodie Bouchez). Conversa vai, conversa vem, os dois casais começam a demonstrar interesse pelo parceiro do outro, iniciando mais do que uma amizade: uma história de amor a quatro. Enquanto Rachel aprecia a agressividade de Vincent, Teri demonstra admiração pelo romantismo de Franck, de forma que os relacionamentos que se estabelecem entre os quatro preenchem, ao menos no início, as necessidades de todos. Temos que reconhecer que a tarefa escolhida pelo diretor Antony Cordier não é nada simples, já que utiliza a temática da troca de casais para aprofundar temas mais profundos como cumplicidade, traição, adultério, fidelidade, ciúme, auto-estima e insatisfação. Nesse processo, acho interessante como Rachel se envolve emocionalmente com Vincent enquanto poda o relacionamento do esposo com Teri com um conjunto de regras que parecem satisfazer somente a sua necessidade de evitar que o esposo sinta por Teri o mesmo que ela sente por Vincent. São regras tão tolas que somente a cabeça que alguém que se vê dividido entre sentimentos contraditórios acharia que funcionaria para evitar o inevitável. Enquanto a amizade colorida do quarteto prossegue, eles parecem habitar um universo paralelo (especialmente quando se refugiam numa casa no campo e se banham em... farinha!) , mas a relação se torna o vício para alguns e um incômodo para outros. Questões como a necessidade de estarem sempre por perto ou até a quebra das fronteiras de onde começa um lar e termina o outro começam a afetar a harmonia do quarteto - os filhos dos casais por exemplo se misturam, mas nunca parecem ter uma relação entre si, mesmo que a proximidade dos pais os obrigue a conviverem - e o desconforto traz a tona um segredo de Rachel. Durante boa parte da sessão, Cordier realiza um belo trabalho, em momento algum o filme soa vulgar ou gratuito, mesmo quando aparece a intimidade entre os casais ou as conversas sobre as diferenças entre um parceiro e outro, o diretor consegue guiar os seus atores para que tudo soe natural, e por isso mesmo, seus personagens não parecem fantoches sexuais, mas pessoas comuns que se envolveram num relacionamento que os leva a questionar se é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Embora bem cuidado, o filme tem dois momentos que poderiam ter ficado de fora, como a noite em que Rachel assume outras facetas de sua sexualidade ao lado de Teri ou o desfecho onde tudo pareceu fruto de uma grande conspiração. São dois aspectos que podem ser considerados até interessantes para alguns, mas que rompe o equilíbrio com que os personagens mergulham num conjunto de descobertas que nem imaginavam no início e proporciona à trama um desfecho apressado e insatisfatório para o que vimos até ali.  

Para Poucos  (Happy Few/França-2010) de Antony Cordier com Marina Foïs, Élodie Bouchez, Nicolas Duvauchelle e Roschdy Zem. ☻☻☻

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

DVD: Shame

Fassbender: a verdade nua e crua de um viciado em sexo. 

Quando o diretor inglês Steve McQueen exibiu sua segunda parceria com o ator alemão Michael Fassbender (a primeira foi o cultuado Hunger/2008) no Festival de Veneza, todo mundo esperava que Shame garantisse ao ator uma vaga entre os concorrentes ao Oscar. Pela empreitada, Fassbender coroou seu ano de ouro de serviços prestados ao cinema ganhando o prêmio de melhor ator do Festival. Foi bastante merecido, já que seu  desempenho na pele de Brandon Sullivan é milimétricamente construído para dar conta de um homem que sofre de erotomania - um distúrbio psicológico que gera compulsão sexual. Se nas mãos da maioria dos  diretores o personagem serviria de desculpa para cenas de sexo desenfreado e - no máximo - uma pose intelecutalóide, McQueen opta pelo caminho oposto. Obviamente que existem cenas eróticas no filme (na verdade, são três - o que pode decepcionar muita gente), algumas bem ousadas para o circuito comercial (sem falar nas cenas de nudez que renderam a esnobada da Academia para Fassbender), mas elas servem menos para excitar e mais para ressaltar a degradação vivenciada pelo personagem. No decorrer do filme, fica claro que para Brandon sexo já se tornou menos prazer e mais compulsão. Ele persegue orgasmos seja sozinho na privacidade do banheiro ou usando seus dotes conquistadores com a mulherada em restaurantes, - ou contratando prostitutas, frequentando chats eróticos ou indo a enferninhos. Brandon é maduro, bem sucedido profissionalmente e, essencialmente, solitário. No filme, as suas investidas mais emotivas  acabam gerando mais decepção do que realização. Mas afinal de contas, por que para Brandon envolver-se emocionalmente é tão frustrante? Um dos méritos do filme é não perder tempo buscando explicações para o comportamento do personagem, apenas recebemos pistas -  e a maioria delas aparecem quando sua irmã, Sissy (uma espetaculosa Carey Mulligan) aparece para passar um tempo em seu apartamento compulsivamente organizado. A presença de Sissy faz com que Brandon tenha que lidar com sentimentos os quais não gosta - e gera conflitos que expõe o que o personagem tem de mais frágil. Devido a falta de explicação sobre os dois irmãos, inúmeras especulações devem aparecer na mente do expectador e o efeito deixa o longa ainda mais interessante, especialmente quando Sissy canta a versão mais tristonha da música New York, New York que já ouvimos na vida ou quando ela diz para o irmão que não são pessoas ruins, que apenas vieram de um lugar ruim (e a trilha de hits antigos ressalta ainda mais essa espécie de 'nostalgia' pelo avesso). Shame (que pode ser traduzido por vergonha, desonra ou rubor) ousa ao esgarçar as lacunas de seu roteiro, permitindo que a plateia as preencha construindo um filme subjetivo a partir das belíssimas cenas urbanas construídas pelo diretor. Próximo ao fim da sessão, estamos tão imersos na relação entre Brandon e Sissy que podemos sentir as emoções de ambos e prever o que está por vir. Dramaticamente estimulante e eroticamente angustiante, o filme consegue ser emocionalmente cru, especialmente depois da noite em que Brandon sai com algumas cicatrizes após sua descida ao inferno e, ao retornar para seu reino particular, enfrenta o risco de perder seu único vínculo afetivo com o mundo. Fassbender tem um trabalho de primeira ao compor um sujeito gélido (basta ver a antológica cena inicial para perceber tudo sobre ele) imerso numa bolha que tem a casca desafiada pela temperatura de Carey Mulligan. Trata-se de um belo dueto em cena e que constrói um dos filme mais interessantes que chegaram por aqui neste ano. 

Shame (Reino Unido/2011) de Steve McQueen com Michael Fassbender, Carey Mulligan, James Badge Dale, Nicole Beharie e Lucy Walters. ☻☻☻☻

FILMED+: O Pianista

Brody: performance excepcional em obra-prima de Polanski. 

Roman Polanski é um diretor que pode se gabar de ter várias obras-primas eu seu currículo - eu não conseguiria dizer qual é o melhor entre os filmes que dirigiu. Obviamente que existem aqueles dos quais não gostamos muito (A Morte e a Donzela/1994 e O Último Portal/1999), mas  o impressionante é que depois de alguns anos se dedicando a filmes menores, ele foi capaz de criar algo colossal como O Pianista. Apesar de curtir outros filmes premiados de 2002, posso afirmar que a cinebiografia de Wladyslaw Szpilman foi o melhor lançamento daquele ano. O filme é baseado na biografia escrita por Szpilman para exorcizar os fantasmas do holocausto, no entanto, oferece um foco diferente, voltado para um lado mais intimista: o de quem sobreviveu ao genocídio e seu poder de gerar solidão,  impotência e, simplesmente, testar sua sobrevivência às adversidades. Szpilman (numa soberba atuação de Adrien Brody que levou para casa o Oscar de ator) era um músico reconhecido quando os judeus passaram a ser perseguidos na Polônia. O interessante é que Polanski prefere mostrar a ascensão das medidas nazistas pelas bordas, a partir do olhar de pessoas comuns que não acreditavam que as proporções daquelas circunstâncias se tornariam monstruosas. O diretor nos brinda com cenas impressionantes, como o momento em que ficam isolados no gueto de Varsóvia ou quando são retirados de suas casas para irem aos campos  de concentração - onde ninguém sabia ao certo o que aconteceria. É neste momento em que o mundo conhecido chega ao fim, que Wladislaw consegue escapar, menos por iniciativa dele e mais pela afeição de um amigo. Por um breve instante ter escapado causa alegria, mas quando volta para Varsóvia e encontra a devastação e o isolamento de seus familiares e amigos, estar vivo torna-se quase um fardo. Wladyslaw irá passar por circunstâncias que irão testar os seus limites físicos e psicológicos enquanto foge da perseguição dos soldados nazistas. São tantos apuros e humilhações tratados com tanta seriedade que dificilmente outro diretor alcançaria os momentos sublimes desta produção. Basta comparar com A Lista de Schindler (1993), embora o filme de Spielberg seja notável em vários sentidos, não é difícil notar que em vários momentos o sentimentalismo beira a irritação (aquela cena do anel ao final é uma das coisas mais toscas que já vi). Em O Pianista tudo é preciso e a dor do protagonista nos contamina sem que o cineasta precise apelar para excessos. Sem dúvida um dos grandes méritos do filme é a atuação de Brody, que foi convidado pessoalmente por Polanski depois que mais de 1400 atores foram testados e descartados para o papel. Apesar de Hollywood (até hoje) não saber muito bem o que fazer com ele (talvez por conta de seu tipo esguio e de nariz proeminente), o rapaz mereceu se tornar o mais jovem ator a ter um Oscar de protagonista na estante (ele tinha 29 anos na época). Além da força de sua trama defendida por um ator de verdade, o filme conta com um belo apelo visual já que a fotografia, os figurinos e direção de arte são de primeira (conjugado à trilha sonora, que não podia deixar de ser excepcional) - sem contar que a força narrativa do filme se deve às conexões da história de Wladyslaw com o próprio Polanski, que escapou do Gueto de Cracóvia  após a morte da mãe e viveu na fazenda de um polonês até o fim da Guerra, Polanski só reencontrou o pai ao final da Guerra (um pensando que o outro havia morrido). O Pianista é um desses filmes que provam que fazer cinema é realmente fazer arte!

O Pianista (The Pianist/França-Alemanha-Reino Unido-Polônia/2012) de Roman Polanski com Adrien Brody, Thomas Kretschmann, Emilia Fox e Frank Finley. ☻☻☻☻☻

sábado, 15 de dezembro de 2012

DVD: O Deus da Carnificina

Reilly, Winslet, Waltz e Foster: tentando manter a pose. 

Meu senso de humor é bastante peculiar, talvez por isso eu salivava quando descobri que Roman Polanski iria levar para as telas a peça O Deus da Carnificina, escrito da francesa Yasmina Reza os menos informados deveriam pensar que se tratava da premissa de uma chacina, ou um filme de serial killer - sabe aquele tipo de gente que vai para o shopping e decide qual filme irá assistir meio que aleatoriamente e depois sai reclamando do que viu, pois é, acredito que muitos consideraram o filme uma armadilha ao serem seduzidos ao ver o nome do quarteto que estrela este filme provocador (somando, o elenco chega a impressionante 12 indicações acumuladas). Os mais atentos, devem ter matado a charada assim que souberam que Jodie Foster e Kate Winslet foram indicadas ao Globo de Ouro de melhor atriz em comédia. Existem também os sortudos que puderam ver a peça em São Paulo com Paulo Betti, Julia Lemmertz, Orã Figueiredo e Deborah Evelyn.   Trata-se de um texto de humor negro, de estética bem simples, mas ainda assim interessante pelos jogos de cena propostos pelo diretor e as performances do elenco que encontra-se isolado num apartamento de Nova York. O filme começa com o desentendimento entre dois adolescentes - e a câmera se mantém distante enquanto a trilha farsesca embala o que parece ser um desentendimento até o momento em que um deles agride o colega com um galho. No decorrer do filme descobriremos que a vítíma perdeu dois dentes, está tomando remédios fortes para a dor, alguns nervos da boca foram afetados, encontra-se inchado e mesmo assim frequenta as aulas. Sabemos das consequências do ocorrido quando aparece em cena o quarteto formado por dois casais, os bem vestidos (e visivelmente mais ricos) Alan (Christoph Waltz, pedante como sempre) e Nancy (Kate Winslet) e os mais humildes Michael (John C. Reilly) e Penelope (Jodie Foster). Os primeiros são pais do agressor e os outros são os pais da vítima,  - estes pretendem conseguir uma espécie de esclarecimento para o ocorrido ao conversar com os outros pais, mais que isso, querem providências quanto à educação do menino. Enquanto Nancy e Alan ficam quietinhos e aceitam os termos do outro casal tudo vai bem, mas quando a tal conversa começa a se estender por quase duas horas a coisa começa a complicar. É interessante como os diálogos começam a descascar os personagens vagarosamente, arrancando-lhes a civilidade e expondo as pequenas crueldades de que todos são capazes de fazer. Do hamster abandonado no parque, passando por um polêmico bolo de maçã e pêra - além de um celular que insiste em tocar nas horas mais impróprias - o que o filme quer dizer é que é fácil manter-se civilizado... até ser provocado. Dar uma alfinetada na intolerância contemporânea parece ser a intenção de Polanski. Tem gente que odiou a troca de farpas entre os casais, sinal de que perdeu de vista o quanto é saboroso ver um elenco de primeira linha brincando de se digladiar diante da câmera (e na brincadeira Polanski até aparece bisbilhotando a pendenga por uma fresta na porta). Enquanto Waltz e Reilly conseguem ser interessantes em suas zonas de conforto (e acho que os melhores momentos da dupla são quando a disputa entre casais se torna uma guerra dos sexos numa lavagem de roupa conjugal explícita), Foster e Winslet atingem momentos hilários ao virar suas personagens do avesso. Eu já disse isso no Diáriw que sempre acho interessante quando atrizes sérias soltam a franga em personagens diferentes das que costumas fazer. Winslet começa elegante, mas depois se mostra uma pinguça tresloucada enquanto Foster é tão politicamente correta que beira a arrogância mais insuportável - sem falar em suas caretas que revelam alguém à beira do colapso nervoso. Quem gosta de efeitos especiais e edição picotada irá achar o filme uma chatice, mas quem curte o trabalho do diretor e dos atores escalados por ele irá se divertir um bocado com uma discussão que parece não chegar a lugar algum. Irônica, a cena final dos casais soou insatisfatória para alguns, mas cai como uma luva para quem percebeu que livre é o hamster que deixado do lado de fora daquele cenário... sem falar nos dois meninos, que, no fim das contas, mostram-se mais sensatos do que a maioria dos adultos. 

O Deus da Carnificina (Carnage/EUA-2012) de Roman Polanski com Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz, John C. Reilly e Roman Polanski. ☻☻☻☻

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

INDICADOS AO GLOBO DE OURO 2013


Amor Impossível: filme que ninguém viu por aqui é a grande surpresa!
Ontem foi divulgado a lista de concorrente ao Globo de Ouro 2013, mas além de conferir quantos acertos tive entre os meus palpites, não tinha como deixar de comentar algumas surpresas, por isso deixei para escrever hoje aqui no blog as minhas impressões sobre esse prêmio que há tempos é considerado uma prévia do Oscar. Os ganhadores serão divulgados no dia 13 de janeiro. Só para lembrar a tradição do Diáriw, o significa um acerto entre as minhas apostas. Será que eu chego aos quarenta acertos neste ano? Confira e veja se os seus favoritos também foram lembrados pela crítica estrangeira de Hollywood (espero que não se incomodem, mas me concentrei somente nas indicações cinematográficas). 
MELHOR FILME DE DRAMA
"Argo"

"Django Livre" (o trailer não me convenceu por isso não o coloquei aqui)
"As Aventuras de Pi" (visualmente interessante, o filme tem poucas chances)
"Lincoln"
"A Hora Mais Escura"
MELHOR FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL
"O Exótico Hotel Marigold"

"Les Misérables"
"Moonrise Kingdom"
"Amor Impossível" (Um filme que não convenceu, alguém esperava?)
"O Lado Bom da Vida"
MELHOR DIRETOR
Ben Affleck - "Argo"
Katherine Bigelow - "A Hora Mais Escura"
Ang Lee - "As Aventuras de Pi" (Poucas chances)
Steven Spielberg - "Lincoln"
Quentin Tarantino - "Django Livre"
MELHOR PERFORMANCE PARA ATOR EM DRAMA
Daniel Day Lewis - "Lincoln"
Richard Gere - "A Negociação" (subestimei as amigas que viram o filme no Festival de Búzios)
John Hawkes - "The Sessions"
Joaquin Phoenix - "The Master"
Denzel Washington - "Flight"  (Tomei implicância do Denzel nos últimos anos, mas deve merecer)
MELHOR PERFORMANCE PARA ATRIZ EM DRAMA
Jessica Chastain - "A Hora Mais Escura"

Marion Cottilard - "Ferrugem e Osso"
Helen Mirren - "Hitchcock" (Para meu azar, lembraram dela e esqueceram de Anthony Hopkins)
Naomi Watts - "O Impossível"
Rachel Weisz - "The Deep Blue Sea"
MELHOR ATOR EM COMÉDIA OU MUSICAL
Jack Black - "Bernie"
Bradley Cooper - "O Lado Bom da Vida"
Hugh Jackman - "Les Misérables"
Ewan McGregor - "Amor Impossível" (Ewan sempre tem crédito, mas até ele deve ter estranhado)

Bill Murray - "Hyde Park on Hudson"
MELHOR ATRIZ EM COMÉDIA OU MUSICAL
Emily Blunt - "Amor Impossível"
(A reza dos envolvidos no filme foi forte!)
Judi Dench - "O Exótico Hotel Marigold"

Jennifer Lawrence - O Lado Bom da Vida"
Maggie Smith - "Quartet"
Meryl Streep - "Um Divã para Dois"
MELHOR PERFORMANCE DE ATOR COADJUVANTE
Alan Arkin - "Argo"
(Boa surpresa!)
Leonardo DiCaprio - "Django Livre" (Eu juro que ia colocar DiCaprio, juro mesmo...)
Philip Seymour Hoffman - "The Master"

Tommy Lee Jones - "Lincoln"
Christoph Waltz - "Django Livre" (Waltz x DiCaprio = um deve anular o outro na categoria)
MELHOR PERFORMANCE DE ATRIZ COADJUVANTE
Amy Adams - "The Master"

Sally Field - "Lincoln"
Anne Hathaway - "Les Misérables"
Helen Hunt - "The Sessions"
Nicole Kidman - "The Paperboy" (Fiquei surpreso, mas ADOREI a indicação pela periguete, foi merecido!)

MELHOR ROTEIRO
Chris Terrio - "Argo"
Mark Boal - "A Hora Mais Escura"
Tony Kushner - "Lincoln" (Era óbvio, mas eu errei...)
Quentin Tarantino - "Django Livre" (Me surpreendi mesmo com a aceitação do filme)
David O.Russell - "O Lado Bom da Vida"
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"Intocáveis"
"Ferrugem e Osso"
"Amour"
"A Royal Affair"
"Kon-Tiki" (se vocês soubessem a quantidade de filmes que concorriam...)
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
"A Origem dos Guardiões"
 (Outro que errei por não curtir o trailer)
"Valente"

"Frankenweenie"
"Hotel Transilvânia" (Não achei que dois filmes sombrios fossem emplacar... ótimo!)
"Detona Ralph"
Minhas apostas terminam aqui num total de 42 acertos em 60 palpites... Bati meu recorde!!! E que venha o OSCAR!!! A seguir as categorias em que não me arrisquei a dar pitaco algum...
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL EM UM FILME
"For You" - "Ato de Valor"
"Not Running Anymore" - "Stand Up Guys"
"Safe & Sound" - "Jogos Vorazes"
"Skyfall" - "Operação Skyfall"
"Suddenly" - "Les Misérables"

MELHOR TRILHA SONORA
“A Vida de Pi” (Mychael Danna)
“Argo” (Alexandre Desplat)
“Anna Karenina” (Dario Marianelli)
“A Viagem” (Tom Tykwer, Johnny Klimek, Reinhold Heil)
“Lincoln” (John Williams)