Cinco filmes assistidos no mês que merecem destaque:
quinta-feira, 31 de março de 2022
segunda-feira, 28 de março de 2022
PREMIADOS OSCARS 2022
domingo, 27 de março de 2022
#FDS do Oscar: 007 - Sem Tempo para Morrer
Fechando este Fim de Semana do Oscar por aqui está o filme de despedida de Daniel Craig enquanto o agente secreto mais famoso do cinema. Bem... na verdade, o Daniel já disse que se aposentaria do personagem desde o sucesso estrondoso de Skyfall (2012). Apesar de todo o sucesso, Craig criticava a postura do personagem, que Bond é machista, misógino e outras coisas que acabou virando motivo de algumas alterações no rumo do personagem a partir de então. O ator acabou topando voltar ao papel em Spectre (2015), que sofria por ser o filme seguinte do que é considerado por muitos o melhor 007 de todos os tempos. Spectre não chega nem no dedinho do pé do que seu anterior foi, muito por conta de precisar improvisar uma trama que desse continuidade aos fatos que aconteceram no sucesso anterior. De certa forma, Sem Tempo para Morrer padece do mesmo problema. Aqui existe mais uma vez a necessidade de criar uma continuidade a partir de possibilidades pautadas em detalhes de filmes anteriores, colocando, desde a primeira cena o par de James Bond, Madeleine (Léa Seydoux) com uma participação ainda mais importante ao explorar novamente o misterioso grupo vilanesco do lançamento anterior. Desde o início Cary Joji Fukunaga deixa clara a sua intenção de criar um filme impactante. O primeiro momento é cheio de tensão e o espectador começa a entender o que está por vir dali em diante. Fukunaga cria então uma sucessão de cenas impressionantes, de forma que o filme demora a parar para respirar com a chegada dos créditos iniciais embalados por Billie Eilish e a canção tema favorita ao Oscar deste ano. Então conhecemos um MI6 que está diferente após a aposentadoria de Bond e alguns anos de gestão de M (Ralph Fiennes), ao ponto do novo agente 007 ser uma mulher, Nomi (Lashana Lynch) que possui uma visão bastante crítica sobre seu antecessor. Q (Ben Whishaw), Tanner (Rory Kinnear) e Monneypenny (Naomie Harris) também estão de volta em pequenas participações e dispostos a ajudar James em descobrir e impedir os planos do misterioso Lyutsifer Safin (Rami Malek). A história passa a evoluir com mortes misteriosas, experimentos secretos até se misturar de vez com o futuro de Bond. Com duas horas e quarenta minutos de duração, o filme tem alguns problemas para segurar a atenção por tanto tempo, a primeira delas é que o início é tão repleto de momentos arrebatadores que fica difícil manter o ritmo tão elevado dali em diante, quando desacelera para desenvolver a trama ele encontra um grande problema com o vilão da vez, Lyutsifer (sim, é para soar parecido mesmo) que tem uma aparência assustadora (com ou sem máscara), mas que não se sustenta por muito tempo com a atuação gélida de diálogos sem graça ditos por Rami Malek. De ameaçador ele passa a ser estranho e não mais do que isso (sem falar que fiz as contas aqui e uma dúvida ainda paira na minha cabeça sobre o personagem e sua ligação com Madeleine). Outro ponto que me parece desperdiçado foi a presença da nova 007 (e como o filme repete provocativamente ser apenas um número), que não parece desenvolvida o suficiente para tanto alarde que houve em torno dela. Lashana Lynch tem presença forte, charmosa e inteligente, mas... sua personagem não cresce ao longo do filme, tendo um efeito muito parecido com excelente participação de Ana de Armas como a agente novata Paloma, que rouba a cena e vai embora. Tive a impressão que o roteiro assinado pelo diretor, Neal Purvis, Robert Wade e Phoebe Waller-Bridge foi tão mexido que acabou picotando o que havia de mais promissor e investindo em pontos que na tela não se mostraram tão envolventes (embora tenha um padrão de qualidade que lhe garantiu indicações também ao Oscar de melhor Som e Efeitos Especiais). James Bond chega aqui diferente, é um homem apaixonado com pendores para pai de família (assim como o próprio Daniel Craig) e s acharam que isso era bom para que o ator se aposentasse da franquia. O único astro a viver o papel com chance de fechar sua era com dignidade deve deixar saudade nos fãs e lança um grande desafio para a nova fase que se anuncia. Não é fácil ser Bond no século XXI.
Sem Tempo Para Morrer - 007 (No Time to Die / Reino Unido - EUA / 2021) de Cary Joji Fukunaga com Daniel Craig, Léa Sydoux, Rami Malek, Lashana Lynch, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Ben Wishaw, Rory Kinnear, Jeffrey Wright, Ana de Armas, Billy Magnussen e Christioph Waltz. ☻☻☻
APOSTAS PARA O OSCAR 2022
sábado, 26 de março de 2022
INDICADOS AO OSCAR 2022: Melhor Filme
#FDS do Oscar: Flee
Flee (Dinamarca - França - Noruega - Suécia - Países Baixos - Reino Unido - EUA - Finlândia - Itália -Espanha - Estônia - Eslovênia) de Jonas Poher Rasmussen com vozes de Daniel Karimyar, Fardin Mijdzadeh, Milad Eskandari, Belal Faiz, Elaha Faiz, Sadia Faiz e Georg Jagunov. ☻☻☻☻
sexta-feira, 25 de março de 2022
#FDS do Oscar: A Pior Pessoa do Mundo
Renate e Anders: o poder das incertezas. |
Julie (Renate Rensvie) está prestes a completar trinta anos. Ela já começou a faculdade de medicina e deixou pela metade quando decidiu que preferia ser psicóloga - mas ao começar o curso, achou que não era muito a sua praia e acabou deixando a faculdade para enveredar na sua paixão pela fotografia. No entanto, ela não sabe muito bem como se aplicar à nova carreira. Na vida amorosa ela também se apaixonou por vários rapazes em relacionamentos curtinhos que não deram em grande coisa... pelo menos até ela encontrar Aksel (Anders Danielsen Lie), um autor relativamente conhecido de graphic novels que já passou dos quarenta anos e está naquela fase de encontrar um relacionamento sério, planejar casamento e filhos... não demora muito para que os dois percebam que estão em fases diferentes da vida, mas eles tentam lidar com isso e permanecerem juntos (pelo menos até Julie começar a repensar se aquele relacionamento será satisfatório dentro de todos os planos de Aksel). Indicado ao Oscar de filme estrangeiro e roteiro original, A Pior Pessoa do Mundo é mais um acerto na carreira de Joachim Trier, cineasta norueguês (e parente distaaaante de Lars Von Trier) do qual sou fã desde que assisti Mais Forte que Bombas (2015) e Thelma (2017), mas este aqui tem mais relação com o que está sendo chamada de trilogia Oslo, formado pelos dois primeiros filmes de sua carreira (Reprise/2006 e Oslo, 31 de Agosto/2011 que já assisti e prometo comentar em breve por aqui). Como em suas obras anteriores, A Pior Pessoa do Mundo é mais uma prova do talento que Joachim possui para contar suas histórias com uma fluência narrativa atraente, mesmo que esteja contando a história mais comuns do mundo. Aqui o filme mistura um tanto de comédia romântica, coming of age até chegar num drama de fazer chorar, no entanto, mais do que qualquer coisa, o filme é sobre um período decisivo na vida de Julie, aquele em que decidirá o rumo que sua vida tomará. Família? Carreira? Casamento? Filhos? São pontos fundamentais nas decisões que Julie tomará com a chegada da vida adulta e Renate Reinvie transpira cada emoção da personagem com uma notável naturalidade. Suas incertezas e contradições são sempre presentes de uma forma bastante humana, evitando que ela se torne o que o título anuncia e se aproxime cada vez mais uma pessoa normal que ainda busca os rumos de sua vida. Claro que no caminho algumas decisões irão magoar quem está por perto e até ela mesma, mas Joachim conduz o filme com uma elegância que sempre o afasta do lugar comum e do melodrama. Existe um cuidado com o enquadramento e a construção de cada cena que gera alguns momentos inesquecíveis (a cena de Julie correndo com o mundo inerte ao seu redor é uma delas). No desfecho não há rancores, culpas ou ressentimentos, no lugar disso, vemos gratidão às pessoas que foram importantes em sua vida. A Pior Pessoa do Mundo é sobre crescer e tornar-se você mesmo e, por isso mesmo, se torna uma história tão atrativa quanto universal (que se não fosse pela presença do japonês Drive my Car na categoria de filme estrangeiro, provavelmente levaria o Oscar para casa sem problemas). Se Joachim não foi indicado pela direção, ao menos foi lembrado na categoria de roteiro (ao lado do eterno parceiro Eskil Vogt), mas se muita gente reclama que Lady Gaga (Casa Gucci) ficou de fora do Oscar, agora faço parte do time que acha que Renate Rensvie merecia uma vaga no páreo de melhor atriz. Sua performance é tão luminosa que imagino o estrago que outra atriz poderia ter feito na pele de Julie. Assisti em uma entrevista que ela já havia feito uma pequena participação no segundo filme de Joachim Trier e que estava prestes a desistir da carreira por achar que não estava seguindo o caminho que gostaria. Ela acabou levando para casa o prêmio de melhor atriz do Festival de Cannes e foi lembrada com uma indicação ao BAFTA pelo papel de Julie. Mesmo que o Oscar não tenha reconhecido seu trabalho extraordinário, ela é uma das atrizes mais interessante a se ficar de olho nos próximos anos.