Besouro: Mais do Mesmo. |
Acho que todo mundo já sabe que os filmes baseados nas HQs da DC Comics está passando por uma reformulação pelas mãos de James Gunn. Desde que Adão Negro (2022) não conseguiu tudo o que desejada, estava decretado o que se convencionaram chamar de era Zack Snyder daquele universo. Universo é modo de dizer, já que a Warner nunca teve paciência para articular um universo cinematográfica como a Marvel. Costurou tudo de última hora com pontos frouxos, cenas pós-créditos que nunca geraram as produções prometidas e tudo mais que pudesse dar errado. Alguns filmes até funcionaram isoladamente, mas não havia coerência suficiente para dar suporte ao que se convencionou chamar de DCU. Os maiores triunfos acabaram sendo Coringa (2019) e The Batman (2022), dois filmes com personagens relacionados entre si, mas filmes que não tinham relação um com o outro ou com coisa alguma que a DC levou ao cinema nos últimos anos. No entanto, ambos tem uma coisa em comum: se levam a sério. No entanto, em 2023 ainda é necessário fazer a desova dos filmes que estavam em produção. Foi assim com Flash (2023), será assim com Aquaman2 (2024) e com este Besouro Azul, todos os três em um limbo de incertezas e com estreias num período em que se fala muito da saturação dos filmes de super-heróis (As Marvels que o dia com seus recordes negativos para a rival da DC), mas basta ser esperto para perceber que o problema não é a saturação de um gênero, mas da forma como ele é pensado pela indústria. Os filmes de heróis parecem viver de fases, ganha pompa de sério com uma produção e a perde conforme alguns espertinhos consideram que filme de herói tem que ser apenas engraçado e soca piadinhas o tempo inteiro, não interessa se faça sentido. Isso aconteceu quando Batman & Robin (1997) deu um tempo nesse tipo de filme para X-Men (2000), que tornou-se ainda mais arrojada com a trilogia Cavaleiro das Trevas (2012), até a Marvel mudar o jogo com seus filmes interligados e depois destruir seus paradigmas com filmes do porte de Thor: Amor e Trovão (2022). Resta dizer que não existe problema em fazer a plateia dar risada, mas não a faça de idiota. Estamos mais umas vez na fase da "idiotice" dos filmes de heróis e, ironicamente, cabe à James Gunn colocar as coisas nos eixos com o novo universo da DC. Se levarmos em consideração que no meio do caos heroico de 2023, Guardiões da Galáxia 3 foi um bálsamo, eu desejo acreditar que ele conseguirá reestabelecer paradigmas dignos para o gênero em breve. Até lá, acho que teremos de nos contentar com filmes feito Besouro Azul, que parece escrito em alguma cartilha em que o roteirista só completa com nomes diferentes as lacunas apresentadas. A trama gira em torno de um artefato alienígena que é alvo da cobiça de uma grande empresária (Susan Sarandon), mas que cai por acidente nas mãos de um jovem latino, Jaime (Xolo Madureña) que acaba ganhando uma armadura indestrutível. Parece interessante? A premissa já não me empolgava e só piora com todas as frases feitas como o vilão dizendo que "o amor pela sua família te torna fraco", as piadinhas sobre o que se faz no banheiro, os diálogos sem graça, a tagarelice nas cenas de ação, as lutas genéricas... confesso que cochilei várias vezes durante o filme, mas sempre que acordava parecia estar na mesma cena. É tudo tão parecido, tão genérico e pouco inspirado que exige do fã mais do que paciência, exige uma espécie de masoquismo mesmo. A latinidade é vendida como maior atrativo do filme, mas sinceramente me pareceu um festival de caricaturas e estereótipos. Nada salva o filme. Nem o talento de Susan Sarandon, o esforço de Madureña, o magnetismo de Adriana Barraza, a presença da brasileira Bruna Marquezine ou a piada com Chapolin Colorado. Raso, sem graça e pouco inspirado, Besouro Azul é uma grande perda de tempo que grita que algo precisa mudar na forma como os produtores estão vendo os filmes de super-heróis. Se esse é o tipo de filme que achavam que queríamos ver no cinema, sinceramente, sinto vontade de processar por danos morais. Socorro!
Besouro Azul (Blue Beetle / EUA - 2023) de Angel Manuel Soto com Xolo Madureña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon, Adriana Barraza, Belissa Escobedo e George Lopez. ☻
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