Cinco filmes assistidos durante o mês que merecem destaque:
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
PL►Y: Wicked
4EVER: Gene Hackman
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Premiados SAG Awards - 2025
Em uma temporada de prêmios em que tudo pode acontecer nas categorias principais do Oscar, ao menos o SAG, ou o Prêmio do Sindicato dos Atores, acalmou o coração de Kieran Culkin e Zoe Saldaña que permanecem nos postos de favoritos nas categorias de coadjuvante. Ao que parece, Demi Moore ainda é a favorita ao prêmio de melhor atriz (mas não despreze as chances de Mikey Madison pós BAFTA e da brasileira Fernanda Torres que não estava indicada por aqui). Quanto aos apontamentos para melhor filme, Conclave prova ainda está no jogo entre O Brutalista e Anora. Nas categorias televisivas, Xógum levou tudo que tinha direito. A seguir todos os premiados da noite de hoje:
Atriz: Demi Moore (A Substância)
Ator: Thimothée Chalamet (Um Completo Desconhecido)
Ator Coadjuvante: Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)
Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña (Emilia Pérez)
Melhor Performances de Dublês: O Dublê
Elenco de Série de Drama: Xógum
Ator em Série de Drama: Hiroyuki Sanada (Xógum)
Atriz em Série de Drama: Anna Sawai (Xógum)
Elenco em Série de Comédia: Only Murders in the Building
Atriz em Série de Comédia: Jean Smart (Hacks)
Ator em Minissérie ou Telefilme: Colin Farrell (Pingüim)
Atriz em Minissérie ou Telefilme: Jessica Gunning (Bebê Rena)
Dublês em série de TV: Xógum
domingo, 23 de fevereiro de 2025
INDICADOS AO OSCAR 2025: Direção
Brady Corbet (O Brutalista) com 36 anos e três filmes no currículo, o diretor conseguiu sua primeira indicação ao Oscar (e também concorre na categoria de roteiro original e melhor filme, afinal, também assina como produtor). O estilo de narrativa que mistura o tom dos grandes épicos de Hollywood com uma certa modernidade fez toda a diferença entre os votantes da Academia. Cotado desde que o filme ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, a indicação pode ser a guinada que faltava na carreira do cineasta. O longa custou dez milhões de dólares e impressiona pelo seu cuidado na produção. Brady levou o Globo de Ouro na categoria. Vale lembrar que Brady começou a carreira como ator em filmes como Melancholia/2011 e o remake de Funny Games/2007

Na Tela: O Brutalista
PL►Y: Wallace & Gromit - Avengança
Existe uma tradição em indicar as animações da dupla Wallace & Gromit ao Oscar. A primeira vez que os amados personagens dos estúdios Aardman foram indicados pela Academia foi em 1991 na categoria de curta-metragem com A Grande Day Out. Eles só seriam premiados na próxima indicação a melhor curta com As Calças Erradas em 1994. O feito se repetiu em 1996 com A Close Shave e dez anos depois os dois foram indicados pelo seu primeiro longa-metragem, A Batalha dos Vegetais (2006) e levaram o prêmio de melhor filme de animação! Em 2009 foram indicados novamente a melhor curta (por Uma Questão de Miolo e Morte). Obviamente que colabora muito para o apelo das produções o fato de ser toda feita em stop motion, aquela técnica feita quadro a quadro movimentando bonecos, aqui feitos de massa de modelar, mas além disso, os personagens (criados em 1989 por Nick Park) possuem todo um universo que vai muito além dos títulos que foram reconhecidos pela Academia. O novo longa da dupla está disponível na Netflix e rendeu mais uma indicação ao Oscar para os personagens. A trama gira em torno do plano de vingança de Feathers McGraw, um aparentemente inofensivo pingüim, mas que é um dos vilões mais populares a desafiar a dupla. McGraw foi preso devido a ajuda de Wallace & Gromit no curta de 1994 e está prestes a bolar um plano para acabar com os dois sem precisar sair da cadeia. Ironicamente, ele utiliza a última invenção de Wallace para acabar com a reputação do pacato inventor. Para ajudar a cuidar do jardim, Wallace inventou um gnomo dotado de inteligência artificial. Embora Gromit estranhe aquela invenção desde início, a coisa só piora quando McGraw tem acesso ao invento e o transforma em um gnomo maligno que irá comandar um verdadeiro exército para desespero não apenas da famosa dupla, mas de toda a vizinhança. Desta vez Nick Park conta com a ajuda de Merlin Crossingham na direção, o moço já dirigia episódios da série e de videogames da dupla e traz um novo tom para a narrativa. O filme transborda citações aos filmes de terror e suspense (além claro ao lendário vilão Pingüim do Batman), tudo costurado com muito bom humor em tiradas espertas sobre inteligência artificial e os temores que giram em torno dela. Rico em detalhes e com cores chamativas, a qualidade técnica do filme parece ainda melhor que antes! Sinceramente, acompanho os filmes de W & G faz tempo e confesso que considerei este o mais divertido de todos. O filme andava meio escanteado na disputa do Oscar de animação deste ano, mas depois que levou para casa dois prêmios BAFTA na semana passada, seus concorrentes ficaram bastante preocupados. Embora eu torça para Flow, se Avengança levar, eu saberei exatamente os motivos.
Wallace & Gromit - Avengança (Reino Unido / 2024) de Nick PArk e Merlin Crogssingham com vozes de Ben Whitehead, Peter Kay e Lauren Patel. ☻☻☻☻
sábado, 22 de fevereiro de 2025
Ganhadores Film Independent Spirit Awards 2025
Filme de Estreia / Didi
Performance Principal / Mickey Madison (Anora)
Performande Coadjuvante / Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)
Roteiro / A Verdadeira Dor
Primeiro Roteiro / Didi
Artista Revelação / Maisy Stella (Meu Eu do Futuro)
Fotografia / Nickel Boys
Montagem / Setembro 5
Documentário / Sem Chão
Nova Série de Ficção / Xógum
Performance Principal em série / Richard Gadd (Bebê Rena)
Performance Coadjuvante em série / Nava Mau (Bebê Rena)
Revelação em série / Jessica Gunning (Bebê Rena)
Prêmio Robert Altman / As Três Filhas
Prêmio John Cassavetes / Girls Will Be Girls
FESTIVAL DE BERLIM 2025
Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri: “O Último Azul”
Urso de Prata – Prêmio do Júri: “The Message”
Urso de Prata de Melhor Diretor: Huo Meng, de “Living the Land”
Urso de Prata de Melhor Atriz: Rose Byrne, de “If I Had Legs, I’d Kick You”
Urso de Prata de Melhor Ator Coadjuvante: Andrew Scott, de “Blue Moon”
Urso de Prata de Melhor Roteiro: “Kontinental ’25”
Melhor Contribuição Artística: “La Tour de Glace”, de Lucile Hadžihalilović
Urso de Prata de Melhor Curta: “Ordinary Life”, de Yoriko Mizushiri
domingo, 16 de fevereiro de 2025
PREMIADOS BAFTA 2025
Melhor Diretor: Brady Corbet (O Brutalista)
Melhor Ator: Adrien Brody (O Brutalista)
Melhor Atriz: Mikey Madison (Anora)
Ator Coadjuvante: Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)
Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña (Emília Pérez)
Estrela Ascendente: David Jonsson (Alien Romulus)
Roteiro Original: A Verdadeira Dor
Melhor Filme Britânico: Conclave
Filme em Língua Não Inglesa: Emília Pérez
Animação: Wallace & Gromit - Avengança
Filme para Família: Wallace & Gromit - Avengança
Documentário: Superman - A História de Christopher Reeve
Curta Metragem: Rock, Paper Scissors
Curta Metragem de Animação: Wonder To Wonder
Trilha Sonora: O Brutalista
Britânico Estreante: Rich Peppiatt (Kneecap)
Design de Produção: Wicked
Efeitos Especiais: Duna - Parte2
Fotografia: O Brutalista
Cabelo e Maquiagem: A Substância
Figurino: Wicked
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
4EVER: Cacá Diegues
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19 de maio de 1940 ✰ 14 de fevereiro de 2025 |
Carlos José Fontes Diegues nasceu em Maceió, Alagoas, sendo o segundo filho de um antropólogo e uma fazendeira. Cacá Diegues se tornou um dos jovens cineastas responsáveis pelo movimento conhecido como Cinema Novo nas décadas de 1950 e 1960. Após trabalhar com curtas nos anos 1950, em 1964 ele lançou seu primeiro longa-metragem, Ganga Zumba. Depois ele realizou clássicos do cinema nacional como Xica da Silva (1976), Bye Bye Brasil (1976) e Dias Melhores Virão (1989). Durante o período da retomada do cinema brasileiro, fez sucesso nas telas com Veja Esta Canção (1994) e adaptou a obra de Jorge Amado, Tieta do Agreste (1996), para o cinema com Sônia Braga a frente do elenco e uma nova versão de Orfeu (1999), além disso, Deus É Brasileiro (2003) estrelado por Wagner Moura se tornou um dos seus filmes mais populares e deve receber uma sequência em breve. Sua carreira atravessa cinco décadas da História do Cinema Brasileiro. O cineasta faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
INDICADOS AO OSCAR 2025: Ator Coadjuvante
Edward Norton (Um Completo Desconhecido) é o único da categoria que já foi indicado ao Oscar. Em sua estreia (As Duas Faces de Um Crime/1996) ele foi indicado como coadjuvante e tempos depois voltou à mesma categoria por seu trabalho como o ator arrogante de Birdman (2014). Entre as duas indicações, ele concorreu como melhor ator pelo polêmico A Outra História Americana (1998) que o consagrou como um dos maiores nomes de sua geração. Embora trabalhe pouco no cinema, Edward ainda é bastante respeitado entre seus pares e conseguiu a quarta indicação da carreira ao encarnar o cantor folk Pete Seger nesta cinebiografia sobre o início da carreira de Bob Dylan. Será que Edward leva dessa vez?
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Na Tela: Anora
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Mark e Mikey: conto de fadas às avessas. |
Ani (Mikey Madison) é uma dançarina erótica que ganha a vida em uma boate. Sua avó era russa e, por conta disso, quando um jovem daquele país aparece em seu local de trabalho, ela é chamada para atendê-lo e render-lhe um pouco de... digamos, diversão. Os dois irão se encontrar várias vezes naquela semana e diante da disposição sexual dos dois, Ivan (Mark Eydelshteyn), o tal rapaz, fará a proposta de ficarem juntos por uma semana. Diante do entusiasmo da rotina compartilhada, o moço a pede em casamento e os dois se casam em Nevada. Parece um conto de fadas? Pois o roteiro pegará isso e virará do avesso quando a família do rapaz descobrir o que ele acabou de fazer e fará de tudo para desfazer o ocorrido. Destinados a resolver a pendenga, são encaminhados dois capangas e um amigo da família pra anular o casamento. O problema é que quando Ivan foge e deixa Ani na mão dos seus compatriotas, a plateia percebe que o príncipe russo encantado, pode não ser tão encantado assim. Anora surpreendeu ao ser o premiado com a Palma de Ouro do último Festival de Cannes, primeiro por se tratar essencialmente de uma comédia e segundo porque o estilo caótico de Sean Baker não costuma agradar tanto assim os votantes de festivais. Acompanho a carreira de Baker desde que ele lançou Tangerine (2015), filme que ficou famoso por ter sido filmado com iPhone5 e ser protagonizado por duas atrizes trans. Depois ele caiu no radar do Oscar com Projeto Flórida (2017) rendendo uma indicação de coadjuvante para Willem Dafoe para depois ser totalmente ignorado por Red Rocket (2021). Embora transite pelo território da comédia, as tramas de Baker sempre carregam doses generosas de drama em torno de seus personagens, geralmente pessoas marginalizadas que enfrentam uma dificuldade particular durante a trama. A narrativa sempre flui de forma caótica, fazendo você acreditar que é uma colagem de improvisações em cenas aleatórias, mas não é nada disso. Existe muito de Robert Altman no cinema de Baker e em Anora (o nome real de Ani) isso fica ainda mais evidente com seus personagens em momentos em que todos parecem falar ao mesmo tempo. Existe ainda um tom de comédia que beira o exagero em alguns momentos envolvendo personagens que você não consideraria os mais apropriados para elas. Indicado a seis Oscars (Filme, direção, atriz, ator coadjuvante, roteiro original e montagem) o filme parecia ter perdido fôlego na temporada de prêmios, mas ao receber na mesma semana o Critics Choice, o Prêmio do Sindicato dos Produtores (PGA) e o Prêmio dos Sindicato de Diretores (DGA), o filme começou a ser apontado como o favorito ao Oscar de melhor filme. Seria uma escolha inusitada, já que o longa é bastante ousado em sua primeira meia-hora com cenas da rotina sexual dos seus personagens (e que acho um tanto extensa demais esse primeiro ato), mas aos poucos ganha o coração da plateia ao ver a protagonista tentando agarrar a chance de mudar de vida para sempre. Mikey Madison faz por merecer sua indicação aos prêmios de atuação da temporada por fazer o coração do filme entre a ilusão e a negação de sua personagem em ver que suas ambições se desfazem da mesma forma como se construíram. Também é uma delícia ver Yura Borisov ser indicado como ator coadjuvante por um papel irresistível do capanga com um coração valoroso escondido - e confesso que sou fã do moço desde que o vi em Compartimento nº6 (2021) que tentou uma vaga de filme estrangeiro no Oscar pela Finlândia e ficou de fora. A cena dos dois que encerra o filme partiu meu coração e deve ter influenciado muita gente na hora de votar nas premiações. Anora é um conto de fadas às avessas, se constrói e desconstrói num choque de realidade que pode ser doloroso, mas também um tanto necessário para seguir em frente. Em um ano sem grandes favoritos, não deixa de ser interessante ver o cinema indie de Baker fazer bonito nas premiações.
Anora (EUA-2024) de Sean Baker com Mikey Madison, Mark Eydelshteyn, Yura Bosisov, Lindsey Normington, Vache Tovmasyan, Luna Sofía Miranda, Karren Karagulian e Darja Nikolajewna. ☻☻☻☻
CATÁLOGO: A Estrada Perdida
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Patricia e Bill: labirinto sombrio entre imagens e identidades. |
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
10+ Ralph Fiennes
Nascido em 22 de dezembro de 1962 em Sufolk na Inglaterra, Ralph Nathaniel Twisleton Wykeham-Fiennes é o filho mais velho de uma família de seis irmãos. Fiennes começou sua carreira como ator na Royal Academy of Dramatic Art chamando atenção em seus trabalhos em obras shakesperianas. No início dos anos 1991 fez seu primeiro trabalho na televisão começou a fazer trabalhos para a televisão e no ano seguinte estrelava uma versão de O Morro dos Ventos Uivantes ao lado de Juliette Binoche. Hoje com participação em quase cem produções, a carreira do ator é cheia de momentos marcantes - embora ainda não tenha um Oscar na estante. Essa lista é para lembrar os meus dez trabalhos favoritos do artista por ordem de preferência pessoal deste que vos escreve:
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#09 "O Jardineiro Fiel" de Fernando Meirelles (2005) |
#08 "Sunshine" de István Szabó (1999) |
Na Tela: Conclave
Quanto Conclave começou a ser exibido, muitos declararam que era a vez de finalmente Ralph Fiennes levar o primeiro Oscar de sua carreira. A indicação ele já conseguiu, mas tendo em vista a carreira do ator britânico, torna-se surpreendente que esta seja apenas a terceira indicação de uma longa carreira com atuações memoráveis (antes ele concorreu como coadjuvante por A Lista de Schindler/1993 e ator principal por O Paciente Inglês/1996). Em Conclave ele vive o Cardeal Laurence, que após a morte do Papa, torna-se responsável por conduzir o processo confidencial da escolha do próximo líder da Igreja Católica. Representantes da Igreja de todo o mundo vão ao Vaticano e ficarão isolados para realizar a votação até que um dos candidatos alcance o número necessário de votos para que seja o sucessor do falecido. Acontece que desde a morte do Papa, uma série de comentários e segredos começam a chegar aos ouvidos de Laurence, que logo percebe que o trabalho será muito mais árduo do que ele imagina. O diretor Edward Berger (do excepcional Nada de Novo no Front/2022) é muito bem ancorado pelo roteiro de Peter Straughan baseado no livro de Robert Harris. Para escrever sua obra, Harris realizou muita pesquisa entre padres, freiras e um cardeal que participou de uma votação, com isso criou uma trama cheia de subtextos e que chega às telas com tom de conspiração, o que pode incomodar alguns fiéis. No entanto, o que vemos na tela não é nada muito diferente entre os conflitos entre grupos mais conservadores e outros mais liberais que ocorre nos espaços de poder. Existe toda uma preocupação em torno da concepção de mundo que o próximo Papa possui, seja sobre divórcio, homossexuais, imigração, política, assim se revela uma rede de intrigas envolvendo nomes como os sacerdotes Bellinni (Stanley Tucci), Tremblay (John Lithgow), Tedesco (Sergio Castelitto), Adeyemi (Lucian Msamati), Wozniak (Jacek Koman) e Benitez (Carlos Diehz) e seus segredos mais ocultos virão a tona para influenciar nos votos de seus colegas. No meio de tanta disputa, Laurence se preocupa cada vez mais com o nome que será escolhido (e o temor que seja o dele próprio). Berger reuniu um elenco de respeito (que inclui ainda Isabella Rossellini em uma participação mais do que especial que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar da carreira) e constrói um clima de tensão que perpassa toda a narrativa mas, por vezes, a rede de intrigas se torna um tanto cansativa para sustentar duas horas de filme. No entanto, nada que diminua os méritos do filme que concorre em oito categorias no Oscar, incluindo Melhor filme, ator (Ralph Fiennes), atriz coadjuvante (Isabella Rossellini), roteiro adaptado, montagem, figurinos, design de produção e trilha sonora original.
Conclave (Reino Unido - EUA / 2024) de Edward Berger com Ralph Fiennes, John Lithgow, Stanley Tucci, Isabella Rossellini, Sergio Castelitto, Lucian Msamati, Jacek Koman, Carlos Diehz e Thomas Loibl. ☻☻☻☻
FILMED+: Flow
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Flow: uma obra-prima direto da Letônia. |
Considero sempre interessante quando no meio das animações produzidas durante o ano aparece uma verdadeira joia de um país que não costumamos ter muito contato com a cinematografia. Eis que da Letônia apareceu um filme que muitos apontaram como a melhor animação de 2024. Celebrada em festivais, o filme foi o escolhido letão para representar o país na categoria de Filme Internacional o que chamou ainda mais atenção para a produção que cravou sua presença na categoria e também na de melhor animação do ano. Um presente duplo para o país que já havia tentado uma vaguinha no Oscar por 16 vezes anteriores e somente agora conseguiu o reconhecimento da Academia. Pode-se dizer que Flow é um filme irresistível, sua estética é diferente da que se tornou comum em Hollywood e seu roteiro não conta com diálogos, apenas com a fluência dos acontecimentos com a sonoridade à base de uma trilha sonora discreta e a precisa utilização dos sons (reais) dos bichos que vemos em cena. A trama gira em torno de um simpático gatinho preto que percebe que o mundo ao seu redor lida com um alagamento. É público e notório o medo que os gatos possuem da água, motivo pelo qual deixa o bichano ainda mais aflito. Ainda que os cenários demonstrem que houve presença de pessoas por ali, elas não estão mais por lá. O roteiro não explica o motivo de somente vermos os bichos naquela região ou o motivo da água invadir tudo, o que deixa para a plateia preencher as lacunas com a própria imaginação. Em sua jornada, o gatinho irá encontrar um grupo de cachorros não muito amistosos, uma capivara, um lêmure e um grupo de serpentários um tanto temperamentais. Na luta por não se afogar, o protagonista junto de outros bichos irão navegar em um barco e verão os traços de suas personalidades (ou seria puro instinto?) ajudar e atrapalhar em alguns instantes, o que ajuda a construir uma trama emocionante sobre empatia, amizade, sobrevivência e sacrifício. Vendo o gatinho lutando para não se afogar, lembrei daqueles momentos em que pensamos se vale a pena continuar remando contra a maré, mesmo quando não temos mais forças ou energias para tanto e a motivação vem de imaginar que pode haver muita coisa boa para além daquela adversidade. Em Flow existe um desfecho místico para toda aquela situação, uma bela sequência que me provocou um deslumbramento que foi logo seguido de uma certa melancolia por conta do desfecho de um dos seres mais misteriosos do filme. O longa é de uma perfeição tão singela que é impossível ficar indiferente e vale um elogio especial para o diretor Gints Zilbalodis que constrói a relação entre seus personagens de forma tão perfeita, que você pode jurar que ouviu a voz dos personagens durante o filme. Um trabalho excepcional que foi realizado com a ferramenta Blender e um orçamento de quatro milhões de dólares (só para ter uma ideia, Robô Selvagem custou 78 milhões e Divertida Mente2 teve o orçamento de 200 milhões). Flow já está na minha lista de filmes favoritos a estrearem por aqui em 2025. Uma obra-prima.
Flow (Straume / Letônia - 2024) de Gints Zilbalodis. ☻☻☻☻☻