Cinco produções assistidas durante o mês que merecem destaque:
segunda-feira, 31 de março de 2025
sábado, 22 de março de 2025
Pódio: Lupita Nyong'o
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Bronze: a poetisa sobrevivente |
3º Um Lugar Silencioso: Dia Um (2024) Lupita Amondi Nyong'o nasceu na Cidade do México em 1983 e começou a carreira em Hollywood como assistente de produção. A atriz se tornou cada vez mais reconhecida por desaparecer nas personagens que interpreta, como é o caso de Sam, a paciente com câncer terminal que se depara com as criaturas de audição ultrassensível desta franquia milionária. Lupita carrega toda a dor da personagem no olhar desde a primeira cena, mas ao longo do filme a faz reencontrar a leveza de uma vida da qual deverá se despedir em breve. Um trabalho belo e sensível que demonstra mais uma vez que a atriz é uma das melhores de sua geração.
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Prata: a mulher duplicada |
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Ouro: a mulher escravizada. |
PL►Y: Um Lugar Silencioso - Dia Um
PL►Y: A Semente do Fruto Sagrado
Em um período de conflitos em Teerã, Iman (Missagh Zareh) é promovido a investigador na expectativa de futuramente ser um juiz. Sua empolgação com a nova função logo se estende para esposa, Najme (Soheila Golestani) que fica animada com as possibilidades de ter uma vida e melhor e finalmente conseguir uma casa que possa oferecer um quarto para cada uma de suas filhas. Rezvah (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki) também se animam com a possibilidade, mas as meninas logo desanimam com todas as restrições que passam a ser expostas pela mãe a todo instante. Elas passam a sempre ouvir que precisam tomar cuidado com o que fazem nas redes sociais, com as pessoas que conversam, com as amizades, com as saídas de casa que precisam ser mais restritas, assim como as visitas que precisam ser ainda mais criteriosas e nunca, jamais, deverão sair de casa sem véu. A paranoia chega ao nível de Sadaf (Niousha Akhshi), uma amiga das garotas, ser vista cada vez mais com desconfiança por estar na universidade (até mesmo as sobrancelhas finas da jovem são dignas de comentários desconfiados). A empolgação de Iman diminui e ele começa a ficar mais calado perante as coisas que precisa fazer no trabalho, seus dilemas morais pioram ainda mais quando explodem manifestações em Teerã e ele precisa agir com mais rapidez, sem que possa pensar de fato sobre o que está acontecendo (e mesmo que discorde de algo, não pode agir diferente do que lhe exigem). A rotina da família muda, a atmosfera da casa também e a tensão entre os personagens chega às bordas da loucura quando a arma de Iman some e ele jura que sumiu dentro de casa. As desconfianças recaem sobre a filha mais velha e tal e qual a semente da figueira sagrada que dá nome ao filme (e que é explicada logo no início), a desconfiança fomentada por um regime opressor será plantada naquele lar e crescerá estrangulando uma árvore que parecia sólida até que seja capaz de destruí-la por completo. O filme de Mohammad Rasoulof concorreu à Palma de Ouro do Festival de Cannes no ano passado e recebeu o Grande Prêmio do Júri (espécie de segundo lugar do Festival), além de outros quatro (o AFCAE Award, o Fipresci, do Júri Ecumênico e o François Chalais) pela força de sua história e da forma como é narrada. As primeiras duas horas de filme são magníficas e constroem a tensão gradativamente com aquela capacidade de fazer um drama se tornar um thriller psicológico envolvente, que se torna ainda mais arrepiante com as gravações de vídeo reais que perpassam a realidade da família. Além disso, o roteiro aborda brilhantemente as tensões de um regime totalitário sempre mesclando o microuniverso da família para o macro que está ao redor dela. A forma como as notícias são ouvidas e espalhadas sem criticidade, como pessoas que eram amigas passam a ser rotuladas como inimigas para que as relações de poder permaneçam intactas são elementos fundamentais para que se existam momentos de tensão indescritíveis ao longo do filme e eu só imaginava como aquilo tudo iria terminar. Particularmente, a partir do momento em que a família resolve se afastar da cidade, considero que o filme perde parte de sua força, mas continua funcionando em suas simbologias. No entanto, aquela parte da família se procurando entre as ruínas se estende mais do que deveria e por mais que eu saiba que aquilo representa as pessoas perdidas em meio a dogmas ancestrais e limitadores, o último ato me soou mais cômico do que deveria. Indicado ao Oscar de Filme Internacional pela Alemanha (que ajudou a financiar o projeto já que o filme foi filmado clandestinamente e jamais seria indicado pelo Irã uma vaga na premiação), o filme acabou ofuscado pela pendenga entre o francês Emília Pérez e o brasileiro Ainda Estou Aqui, no entanto o longa se tornou um dos filmes de língua não inglesa mais falados de 2024 e merece ser assistido. Atualmente está em cartaz no TeleCine.
A Semente do Fruto Sagrado (Ane-ye Anjir-e Aa'abed / França - Alemanha / 2024) de Mohammad Rasoulof com Soheila Golestani, Missagh Zareh, Setareh Maleki, Mahsa Hostami, Niousha Akhshi e Reza Akhlaghirad. ☻☻☻☻
sexta-feira, 21 de março de 2025
NªTV: Adolescência
Se ano passado a Netflix acertou em cheio com a minissérie Bebê Rena (que recebeu vários prêmios recentemente), parece que o feito irá se repetir com a minissérie Adolescência ao longo de 2025. A produção britânica de quatro episódios foi para o topo dos programas mais assistidos ao redor do mundo assim que entrou em cartaz na gigante do streaming. Existem vários motivos para esta proeza, já que o programa conta com um elenco impecável (que inclui um jovem ator que é um verdadeiro achado) uma narrativa tensa e urgente que ousa construir um plano sequência durante cada episódio. O que poderia ser visto apenas como um virtuosismo dos produtores se torna fundamental para dar veracidade à trama e, especialmente, aos sentimentos dos personagens com suas vidas registradas no ritmo da vida real. A trama começa com a polícia chegando à uma casa para prender o filho de 13 anos daquela família. Ninguém entende ao certo o que está acontecendo, apenas vemos o desespero daquelas pessoas e o menino dizer que não fez nada. O menino em questão é Jamie Miller (o prodígio Owen Cooper) que é levado à delegacia tendo o pai como companhia. Eddie Miller (Stephen Graham) acredita na inocência do filho, mesmo sem fazer ideia do que ele está sendo acusado. Quando os dois são apresentados à uma fita de vídeo, torna-se difícil acreditar que o garoto não matou uma colega da escola. A partir daí, cada episódio irá aprofundar os personagens envolvidos naquela situação.O segundo capítulo é dedicado à ida dos investigadores à escola e para além das provas que buscam, o que encontram é uma agressividade (mal) camuflada nas relações de todos ali dentro e (obviamente) encontra nas redes sociais uma extensão das relações tóxicas vivenciadas naquele espaço (some isso à identidade em formação com a intensidade hormonal da adolescência e você tem um território bastante fértil para construção de verdadeiras bombas relógios). O episódio torna ainda mais interessante os caminhos da série ao ampliar o universo em torno daquele crime, mas nada se compara ao terceiro episódio em que Eddie trava um verdadeiro duelo com a psicóloga responsável por acompanhá-lo (outro ótimo trabalho de Erin Doherty), ali percebemos muito da instabilidade do personagem e, mais ainda, a forma agressiva e ressentida com que lida com as mulheres. O capítulo é de perder o fôlego e já serve como desfecho para a parte criminal da história. Só que a minissérie tem outros interesses e o episódio final serve para retratar as repercussões em torno do caso perante a família do acusado e sua relação com a comunidade em que vivem. Algumas pessoas irão estranhar a opção de fazer um desfecho tão intimista da trama, mas a intenção do programa é fazer com que se perceba que o crime si está longe de ser um fato isolado - e a ideia de um julgamento com condenação daria a impressão que o problema se resolveu, não é essa a intenção aqui. Existe todo um contexto perigoso que é apresentado sem que os adultos responsáveis tenham noção do que está se construindo, seja pelos compromissos com o trabalho, o efeito do cansaço cotidiano ou simplesmente por ignorar ou vivenciar um processo de negação diante do que se vê, a impressão é que existe um grupo de pessoas se construindo à deriva e buscando referenciais sombrios para lidar com o mundo e as frustrações presentes nele. Adolescência termina sem dar respostas e nem deveria, se as tivesse o mundo já seria um lugar quase perfeito.
Adolescência (Adolescence / Reino Unido - 2025) de Stephen Graham e Jack Thorne com Owen Cooper, Stephen Graham, Ashley Walters, Faye Marsay, Christine Tremarco, Amelie Pease, Erin Doherty e Kaine Davis. ☻☻☻☻
CATÁLOGO: Encaixotando Helena
Não estava nos meus planos escrever sobre este clássico das locadoras dos anos 1990, mas como planejei fazer uma retrospectiva de David Lynch ao longo do ano, achei que seria de bom tom comentar o filme de estreia de sua herdeira, a cineasta Jennifer Lynch. Jennifer atualmente trabalha de forma recorrente dirigindo episódios de séries de TV (como American Horror Story, Ratched e Capote Vs The Swans) e demonstrava desde o início um gosto e estilo bastante peculiares para contar histórias (que logo disseram ser influência do pai). Seu primeiro longa metragem chamou atenção antes mesmo de estrear por conta da desistência da estrela Kim Basinger em protagonizar o filme, foi alegada uma quebra de contrato que gerou um processo milionário. Vale a pena lembrar que o filme foi concebido em meio aos anos 1990 e com todo o sucesso de Instinto Selvagem/1992 (que Kim também rejeitou o papel que acabou ficando com Sharon Stone), todo mundo estava atrás de um thriller erótico para chamar de seu (até Madonna cometeu Corpo em Evidência/1993 no mesmo ano deste aqui e teria interpretado Helena se não tivesse Evita nos planos). Foi o período em que o puritanismo de Hollywood cedeu espaço ao erotismo em nome de bilheterias robustas, mas ao invés disso, muitos fracassos se seguiram (incluindo o filme seguinte de Sharon Stone, Invasão de Privacidade também de 1993 - um ano agitadíssimo como se percebe). Eis que Jennifer Lynch, com todo o peso de seu sobrenome, consegue tirar do papel seu roteiro (escrito ao lado de Phellipe Calland) sobre uma paixão obsessiva que motiva ações bizarras. Quando o filme começou a ser exibido a crítica o massacrou (e houve até aquele famoso comentário de que os nove milhões que Kim precisou pagar para sair do filme valeu cada centavo). A maioria das críticas se deve à audácia da diretora estreante de 24 anos contar uma história tão abusiva com um verniz tão sensual. A trama conta a história de Nick (Julian Sands), um médico cirurgião obcecado por Helena (Sherilyn Fenn), uma mulher com quem manteve um relacionamento no passado. Só que Helena seguiu em frente e já possui até outro namorado (Bill Paxton), mas Nick ainda deseja reconquistá-la. Quando ele percebe que não tem chances, ele a sequestra e a leva para sua mansão. Até aí a trama lembra outras centenas que já vimos, a diferença é que para ela não ir embora, ele começa a amputar seus membros. A estratégia chocante do personagem é apresentada em contraponto com toda a ambientação do filme repleta de jardins, cortinas, velas, trilha sonora e fotografia luxuriante. Toda a estética do filme remete aos filmes eróticos que tentavam parecer chiques no período. Além da direção de arte referencial, não faltam cenas picantes para endossar semelhanças com o gênero impróprio para menores. O longa deu o que falar nos meus tempos de escola (imaginem, eu tinha menos de quinze anos na época que o filme foi disponibilizado por aqui) e a mistura de filme de terror (qual outro gênero falaria de amputação tão desavergonhadamente?), suspense e erotismo aguçava a curiosidade. Vale dizer que a performance de Sherilyn Fenn que segura o filme. A atriz (que ganhou fama pela beleza e por seu trabalho na série Twin Peaks concebida pelo pai de Jennifer), tem um trabalho marcante com todas as limitações físicas que possui no filme (e os efeitos especiais feitos em seu corpo são desconfortáveis de tão impressionantes). Visto com o distanciamento permitido nos dias de hoje, Encaixotando Helena mantém seus deslizes, mas traz elementos interessantes se não percebermos sua trama como algo literal, mas como uma metáfora para um relacionamento abusivo em que a vítima se percebe impossibilitada de se afastar do abusador. A dinâmica entre Nick e Helena torna-se ainda mais incômoda por conta da dependência que ela passa a ter de um sujeito sádico desequilibrado que a percebe como propriedade de seu desejo. Falando em desejo, Jennifer ousa mais ainda ao expor não apenas a nudez de suas atrizes, mas de seus atores também, com direito até a nu frontal de Bill Paxton (algo raro para o período). É um tema bastante sério tratado com uma atmosfera sexual inusitada e Jennifer Lynch pagou um preço alto por isso, voltando a dirigir outro filme somente quinze anos depois (com o policial Sob Controle/2008 que foi exibido no Festival de Cannes). O mais curioso é perceber que a Helena se relaciona com problemas de saúde enfrentados pela própria cineasta, já que Jennifer nasceu com uma deficiência nos pés que a impossibilitava de engatinhar, quando bebê, ela se arrastava e quando cresceu precisou de uma barra de metal entre os tornozelos para conseguir se locomover. Ela passou por quatro cirurgias e usava sapatos ortopédicos até os doze anos. Se a situação parecia resolvida, ela piorou novamente quando foi atropelada aos 19 anos, o que comprometeu sua espinha dorsal e a fez passar por novas cirurgias. Foi neste período que ela escreveu Encaixotando Helena e o impregnou de seus temores mesclado à sexualidade ainda latente da adolescência. Pelo filme, Jennifer Lynch ganhou o Framboesa de Ouro de pior direção daquele ano, mas ainda hoje aparenta orgulho de sua obra de estreia. Foi tão ousado e corajoso quanto estranho. Muito estranho.
Encaixotando Helena (Boxing Helena / EUA - 1993) de Jennifer Lynch com Sherilyn Fenn, Julian Sands, Bill Paxton, Kurtwood Smith, Art Garfunkel, Betsy Clark e Nicolette Scorsese. ☻☻
KLÁSSIQO: Eraserhead
segunda-feira, 17 de março de 2025
PL►Y: Baby
Ouso dizer que dois diretores prometem colocar de vez o cinema queer brasileiro no mapa das premiações. Um é o goiano Daniel Nolasco, responsável pelas tintas surrealistas que deram ares diferenciados para Vento Seco (), o outro é o mineiro Marcelo Caetano, que já havia chamado atenção com Corpo Elétrico (2017) e foi exibido no Festival de Cannes no ano passado com seu novo filme, Baby. O filme conta a história do jovem Wellington (João Pedro Mariano), que acaba de sair do Centro de Detenção de São Paulo após criar problemas em sua antiga escola. De volta à sua antiga rotina, o rapaz não sabe muito o que fazer perante a família que não o vê com bons olhos, além disso, sem emprego e sem grana, o rapaz corre o risco de dormir nas ruas. Resta os encontros com sua galera na cidade (e a câmera de Caetano capta muito bem essa energia urbana). Em uma noite, quando o grupo busca por alguma diversão, vão até um cinema pornô e lá o protagonista encontra Ronaldo (Ricardo Teodoro), que lhe oferece abrigo, mas também se tornará parceiro de trabalho. Este é o ponto de partida de uma relação que perpassa todo o filme, mas que caminha para além do desejo entre os dois, já que a dinâmica apresente cumplicidade e proteção, mas também envolve aspectos complicados como ciúme e exploração. Ainda que o filme não se esquive de apresentar cenas apimentadas da rotina dos personagens, Marcelo Caetano está mais contido na condução do que o filme teria de mais sexual, se em seu filme anterior já havia o interesse em abordar as emoções de seus personagens, aqui, ele consegue ser ainda mais profundo no relacionamento entre os personagens. João Pedro realiza um bom trabalho apresentando a vulnerabilidade do personagem perante um mundo que ainda mexe com suas feridas pessoais, enquanto Teodoro rouba a cena como um homem que se prostitui há tempos e parece bem resolvido com isso, no entanto, sua ligação com o jovem pupilo sempre é atravessada por questões que fogem do seu controle, especialmente quando o submundo ameaça o que resta de integridade nos dois. Pela sensibilidade (surpreendente) de sua interpretação, Ricardo Teodoro ganhou um prêmio de ator revelação em Cannes no ano passado. Embora muita gente vá ver o filme em busca de cenas tórridas, haverá uma grande surpresa em ver que a narrativa privilegia os sentimentos entre Wellington e Ronaldo em uma paisagem urbana que teima em acentuar a solidão de seus habitantes.
Baby (Brasil-2025) de Marcelo Caetano com João Pedro Mariano, Ricardo Teodoro, Ana Flavia Cavalcanti, Bruna Linzmeyer, Luiz Bertazzo, Marcelo Várzea, Patrick Coelho e Sylvia Prado. ☻☻☻
4EVER: Émilie Dequenne
Nascida em Beloeil na Bélgica, Émilie Dequenne começou a estudar atuação aos doze anos de idade e logo começou a participar de um grupo de teatro em sua cidade. Cinco anos depois ela se tornava protagonista de Rosetta (1999) da dupla Jean-Pierre e Luc Dardenne. O filme foi o ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes e também concedeu à jovem atriz o prêmio de melhor atriz pelo papel da adolescente que parte em busca de um trabalho que garanta um futuro melhor para ela e para a mãe. O reconhecimento lhe garantiu uma carreira sólida no cinema europeu, interpretando papeis em produções aclamadas como O Pacto dos Lobos/2002, Perder a Razão/2012 (que lhe rendeu outro prêmio de interpretação no Festival de Cannes) e o belíssimo Close/2022. A atriz foi indicada cinco vezes ao Prêmio César, sendo premiada em 2022 por seu trabalho em Amores Infiéis. Emílie faleceu em decorrência de um tipo raro de câncer na glândula suprarrenal.
domingo, 16 de março de 2025
PL►Y: Nosferatu
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Lily: performance respeitável. |
Com A Bruxa (2015) e O Farol (2019) o diretor Robert Eggers se tornou um dos nomes mais prestigiados do terror atual. Sua obsessão em construir uma narrativa moderna que reverencia os clássicos do gênero sempre lhe rendeu elogios, mas depois que ele se aventurou pelo incompreendido O Homem do Norte (2022), saber que ele faria uma nova versão do clássico Nosferatu já era um deleite. A história em torno do original de 1922 dirigido por F. W. Murnau já rendeu até um filme, A Sombra do Vampiro/2000 que rendeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante para Willem Dafoe. A trama gira em torno de Ellen Hunter (Lily Rose Depp), que é perseguida por uma entidade diabólica desde a adolescência. O tempo passa, a moça se casa com um corretor imobiliário, Thomas (Nicholas Hoult), e tudo parece estar na mais completa paz... até que Thomas é enviado para um serviço em terras longínquas e percebemos que tudo é um plano da tal entidade vampiresca (desta vez encarnada por Bill Skarsgård) para ter Ellen novamente para si. Já é público e notório que a história é inspirada no clássico Drácula escrito por Bram Stoker (motivo pelo qual cópias originais do filme foram destruídas por conta de direitos autorais) e isso compromete um pouco a experiência, já que involuntariamente eu mesmo imaginava o encadeamento da história com referência no Drácula feito por Coppola em 1992. A sorte é que Eggers vai para um caminho oposto, nada operístico e mais gótico sem pudor de criar belas imagens sombrias e flertar com o gótico o tempo todo. O diretor capricha mais uma vez em sua produção com a direção de arte, figurinos e uma fotografia que impressiona no trabalho meticuloso entre luzes e sombras. Vale dizer que o elenco está mais do que eficiente, mas o destaque vai mesmo para Lily-Rose Depp com um trabalho corporal arrepiante (o que esta menina faz aqui meus caros, honra definitivamente o fato de ser a filha de Johnny Depp e Vanessa Paradis e espanta de vez aquela mal agouro da série The Idol/2023). Falando nisso, é em torno da personagem que o filme constrói a sua nuance mais interessante em torno do desejo feminino como algo ameaçador. Em diversas cenas, o novo Nosferatu escancara a alusão à insatisfação sexual e a presença do vampiro como a personificação deste desejo proibido (a ideia da mordida no pescoço nunca me pareceu tão erótica em um filme do gênero, basta conferir os encontros ou os momentos em que Ellen sente a presença do dentuço). O filme poderia ser um pouco mais enxuto, já que por vezes ele parece estar enrolado em si mesmo, mas visualmente o filme se torna um verdadeiro espetáculo do horror. Se a ideia de refazer um clássico já soa como um mal presságio para muita gente, Robert Eggers demonstrou que ele dá conta do recado com bastante desenvoltura.
Nosferatu (EUA - 2024) de Robert Eggers com Lily-Rose Depp, Bill Skarsgård, Nicholas Hoult, Aaron Taulor-Johnson, Emma Corrin, Willem Dafoe, Ralph Ineson e Simon McBurney. ☻☻☻☻
PL►Y: The Here After
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Ulrick: o preço do crime é a punição constante. |
John (Ulrick Munther) acaba de retornar para casa do pai após cumprir pena na prisão. Após cumprir o período de punição pelo crime que cometeu, o rapaz tem esperança de recomeçar a vida do ponto em que foi interrompida, no entanto, não demora muito para que ele perceba que ninguém esqueceu o ocorrido, nem mesmo sua família e, mais do que isso: ninguém o perdoou. Desde o momento em que retorna para a escola, fica visível a rejeição da instituição e de seus antigos colegas. Observado sempre com desconfiança e ressentimento, o jovem sofre agressões, xingamentos e exclusões perante a comunidade que o cerca e o faz imaginar se realmente vale a pena persistir em seguir em frente e deixar de lado os impulsos agressivos que o fizeram ser preso. The Here After é o filme de estreia do diretor sueco Magnus Von Horn que recentemente lançou A Garota da Agulha (2024), indicado ao Oscar de filme internacional. Eu fiquei tão impressionado com seu último trabalho que desejei conhecer mais de sua cinematografia. Ao contrário de seu último trabalho, a estética de The Here After é bastante simples e tradicional, deixando que a fotografia em tons de azul, os silêncios e os poucos diálogos expressem a triste história que acompanhamos. É interessante a opção do diretor em não deixar claro ao longo da sessão qual foi o crime que o garoto cometeu, o que nos deixa ainda mais tensos diante do calvário de ofensas e rejeição que sofre ao retornar para casa. Não por acaso o diretor explora bastante a imagem inofensiva de Ulrick Munther como seu ator principal, para que aos poucos possamos vê-lo como uma bomba relógio sob pressão constante. Aqui, Horn também utiliza a ideia de um rosto desconfigurado para provocar nossa percepção acerca do que seria um monstro e o que podemos esperar dele, mas assim como em A Garota da Agulha esta monstruosidade parece mais o reflexo em que se vê o horror do mundo ao redor. The Here After pode não ser narrativamente tão impressionante como sua premiada última obra, mas demonstra o pulso firme de um diretor que gosta de provocar a plateia a elaborar julgamentos perante (tod)os os personagens que vemos na tela. Para John, sua namorada, seu pai, irmão caçula, a diretora da escola e colegas agressivos, todos estão ali para dizer ao protagonista o quão mal visto ele é, sem se dar conta de como também podem ser nocivos. O filme foi indicado ao Golden Camera (voltado a diretores estreantes) no Festival de Cannes e merece uma conferida antes que saia do catálogo da Mubi.
The Here After (Efterskalv / Suécia - Polônia - França / 2015) de Magnus von Horn com Ulrik Munther, Mats Blomgren, Ellen Jelinek, Loa Ek, Inger Nilsson, Wieslaw Komasa e Oliver Heilmann. ☻☻☻
Pódio: Karine Teles
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Bronze: A patroa megera. |
3º Que Horas Ela Volta? (2015) Nascida em Petrópolis em 1978 a atriz se tornou um dos nomes mais importantes do cinema brasileiro. Ao longo de sua carreira já coleciona vários prêmios e produções relevantes na telona como atriz, roteirista e cineasta. Karine ficou mais conhecida do grande público quando viveu a patroa antipática de Regina Casé neste filme de Ana Muylaert. Sua personagem funciona em perfeito contraste com a protagonista e Karine sabe como fazer a personagem exalar sensações que na maioria das vezes não podem ser ditas. Pelo trabalho foi indicada na categoria de atriz coadjuvante no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e passou a chamar mais atenção do público.
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Prata: a ex-esposa. |
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Ouro: A mãe zelosa. |
PL►Y: A Vilã das Nove
Em um episódio da sexta temporada da série Black Mirror, uma mulher tem sua vida virada de cabeça para baixo quando percebe que um programa de televisão a tem como personagem principal. A ideia (genial) serve para desdobramentos que envolvem questões que vão para além das questões entre o público e a privacidade, enveredando por discussões sobre inteligência artificial que se assemelham bastante às preocupações que provocaram a greve dos atores em Hollywood em 2023 (o mesmo ano em que foi ao ar o tal episódio). Um ano depois chegou aos cinemas brasileiros a comédia dramática A Vilã das Nove de Teodoro Poppovic, que tem um ponto de partida muito parecido com o visto na cultuada série da Netflix. No entanto, ao que parece, a ideia do filme brasileiro surgiu primeiro, mas com a morosidade para conseguir financiar o longa ele chegou às luz do público somente agora. O filme conta a história de Roberta (Karine Teles), uma professora de canto que se separou recentemente e vive com a filha, Nara (Laura Almeida) em um pacato apartamento. Nas cenas iniciais já vemos sugestões de que a vida tranquila da personagem pode esconder um segredo, já que o ex-marido, Cassio (Negro Leo) indaga sobre o passado da personagem e no início ela é confundida com uma tal de Eugênia enquanto passeia com a filha (gerando uma reação mais aguerrida do que se espera). O motivo para tanto mistério pode estar em uma novela de sucesso ancorada em seus segredos do passado. Motivada a saber o que está por trás disso, ela acaba se envolvendo com a atriz principal (Camila Márdila) e reencontrando pessoas importantes que deixou para trás. O ponto de partida do roteiro é interessantíssimo e segue por caminhos totalmente diferentes do tal episódio da série... se por um lado a trama segue um caminho mais novelesco, por outro, o filme perde a chance de fazer suspense sobre o que está acontecendo em torno de Roberta, afinal já deixa explicado desde o início o que pode estar havendo quando a personagem de Alice Wegman surge em cena. O fato do filme também curtir uma repetição "diferente" de cenas (momentos do passado de Roberta e depois a cena da novela que os reproduz, a discussão do início do filme e o linchamento da atriz da novela) também deixa o filme um tantinho previsível pelos caminhos que percorre. Achei interessante o filme estabelecer uma atração entre Roberta e a atriz que a interpreta na novela, mas o desenvolvimento da relação entre as duas é abandonado no meio do caminho como muitas outras possibilidades do roteiro que aos poucos perde o frescor e a esperteza. A sorte é que Karine Teles é uma ótima atriz e segura a complexidade de sua personagem com grande desenvoltura do início ao fim. A Vilã das Nove pareça mais novela do que cinema. Vale pela curiosidade.
A Vilã das Nove (Brasil/2024) de Teodoro Poppovic com Karine Teles, Alice Wegman, Camila Márdila, Laura Pessoa, Antônio Pitanga, Negro Leo, Rodrigo García, Murilo Sampaio e Otto Junior. ☻☻
PL►Y: Robô Selvagem
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Roz e seu filho: a doce maternidade robótica. |
O ano de 2024 foi ótimo para as animações, reflexo disso foram as indicações ao Oscar da categoria que conseguiu mesclar produções de apelo comercial impressionante (basta lembrar do fenômeno Divertida Mente2), com outras menos conhecidas que ganharam maior projeção com a indicação (Flow e Memórias de Um Caracol) - além disso, outros trabalhos interessantes acabaram ficando de fora do páreo este ano (como o elogiado Look Back). Robô Selvagem se encaixa no primeiro grupo, arrecadou uma fortuna nas bilheterias mundiais, agradou a crítica e chegou forte na categoria de melhor animação no Oscar, sendo apontado várias vezes como o favorito (e o fato de ter sido lembrado nas categorias de melhor som e trilha sonora colaboraram ainda mais para o aumento dessa expectativa). O filme conta a história de um robô inteligente chamado Roz (voz original de Lupita Nyong'o) que devido a um acidente vai parar em uma ilha desabitada. Ele se depara com um mundo totalmente diferente do qual foi projetado, sendo recebido com hostilidade pelos bichos que habitam o lugar e enfrenta desafios para lidar com o meio ambiente local. A solidão do personagem é atenuada pela companhia da esperta raposa Fink (Pedro Pascal) e a chegada de um bebê ganso que ficara sob seus cuidados até que o pequeno saiba cuidar de si mesmo... pena que apesar da relação afetiva que existe entre o robô e o bebê, alguns preconceitos entre os habitantes locais e a máquina podem comprometer a alegria de ambos. Já vimos diversas vezes filmes que robôs são capazes de ter sentimentos e aqui não é diferente. Cheio de boas intenções e lições calorosas, Robô Selvagem se desenvolve amparado por um visual belíssimo (muito da estética é inspirada na construção de cenários e uso de cores dos estúdios Ghibli) e uma trilha sonora adocicada, que ajuda ainda mais ao filme se tornar emocionante com seu apelo e analogias à maternidade (além de abordar um pouco como a I.A. pode ser ameaçadora também). Tudo isso torna o filme tão bonito quanto fofo, porém, apesar da estética e do ritmo fluente, tive a estranha sensação de já ter visto a mesma história diversas vezes. Esta falta de novidade em sua essência pode ter sido decisivo na hora dos votantes escolherem Flow como a melhor animação no Oscar deste ano.
Robô Selvagem (Wild Robot / EUA - Japão / 2024) de Chris Sanders com vozes de Lupita Nyong'o, Pedro Pascal, Kit Connor, Bill Nighy, Matt Berry, Ving Rhames, Mark Hamill e Catherine O'Hara. ☻☻☻
sábado, 15 de março de 2025
PL►Y: O Reformatório Nickel
Ninguém adapta um livro premiado com o Pullitzer sem ter grandes ambições. Depois de ser indicado ao Oscar de melhor documentário por seu trabalho em Hale County This Morning, This Evening (2018), o cineasta Ramell Ross escolheu premiado O Reformatório Nickel de Colson Whitehead para ser seu primeiro longa-metragem com atores. Whitehead recebeu o segundo prêmio Pullitzer de ficção de sua carreira com este livro (o primeiro foi por A Estrada Subterrânea/2016 que virou uma ótima minissérie no Prime Video) e provoca arrepios ao se basear em uma história real devastadora. O filme conta a história de dois adolescentes que se conhecem na instituição do título. Elwood (Ethan Herisse) era um jovem promissor que estava prestes a cursar faculdade quando acontece a infelicidade de pegar carona com a pessoa errada e é enviado ao reformatório. Lá ele conhece Turner (Brandon Wilson), que já conhece bastante a rotina daquele lugar e servirá não apenas de companhia ao novato, mas também de guia de sobrevivência por ali. Não demora para o espectador perceber a diferença no tratamento que era dado aos jovens brancos e aos jovens negros (e um jovem mexicano não se encaixa nem em um grupo nem no outro, vivendo numa espécie de limbo no trato recebido pelos funcionários). Ambientado no período de luta pelos direitos civis, a imagem de Martin Luther King surge como uma esperança para os protagonistas que precisam lidar com injustiças, discriminações e agressões físicas. No entanto, Ramell Ross opta por um caminho diferente da violência nua e crua ou estilizada, optando por cenas sugestivas para tornar a narrativa mais suportável. Falando em narrativa, o grande diferencial do filme é a opção do diretor por uma câmera em primeira pessoa, o que serve para o espectador conhecer aquela história pelos olhos dos protagonistas. De início a ideia funciona, mas depois causa estranhamento pela sensação de estarmos diante de cenas soltas, até o ponto em que o filme consegue ajustar sua narrativa de forma mais imersiva. Existem momentos comoventes, outros arrepiantes e mas a sensação de indignação ao longo de toda a narrativa é a que mais se faz presente. Por conta da forma de conduzir a narrativa de forma diferentona, o diretor Ramell Ross chegou a ser comparado com Terrence Mallick (de A Árvore da Vida/2011). Porém, apesar de toda a verve do diretor, considero que o grande destaque o filme é o poder da dupla Ethan Herisse e Brandon Wilson, dois jovens atores que estão ótimos em cena e logo conquistam a plateia com seus personagens. Apesar de toda a trapalhada da Amazon com o lançamento do filme, ele foi lembrado em duas categorias importantes do Oscar (melhor filme e melhor roteiro adaptado), o que comprova a força da história apesar de toda a lambança feita pela distribuidora (basta lembrar que aqui no Brasil ele foi lançado na véspera do Oscar no catálogo do Prime Video). A trama é inspirada na história da Escola para Meninos Arthur G. Dozier, na Flórida. A instituição ficou famosa por ser o maior reformatório dos Estados Unidos e funcionou de 1900 até 2011, só que após o seu fechamento foi encontrado um cemitério clandestino em seu terreno e as atrocidades cometidas por ali vieram à tona. Uma história assustadora que merece ser dita e nunca esquecida.
O Reformatório Nickel (Nickel Boys / EUA - 2025) de Ramell Ross com Ethan Herisse, Brandon Wilson, Aunjanue Ellis-Taylor, Ethan Cole Sharp, Sam Malone, Najah Bradley e Hamish Linklater. ☻☻☻
PL►Y: Sebastian
PL►Y: O Aprendiz
Sebastian Stan pode dizer que 2024 foi o ano de ouro de sua carreira. Premiado no Festival de Veneza por sua interpretação em Um Homem Diferente, o mesmo filme lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor interpretação masculina em comédia ou musical. Reconhecido pelo trabalho em outras premiações independentes, Stan cogitava ser lembrado no Oscar pelo trabalho! Quando saíram as indicações ao maior prêmio de Hollywood, ele de fato estava lá, mas por outro trabalho o do jovem Donald Trump em O Aprendiz. O filme de Ali Abassi teve problemas de distribuição em solo americano e em outros países por conta de sua temática sobre a relação entre o jovem herdeiro do mercado imobiliário e o advogado e mediador político Roy Cohn (vivido aqui com grande estranheza por Jeremy Strong, que foi lembrado na categoria de ator coadjuvante) durante os anos 1970 e 1980. Obviamente que perante a recente eleição dos Estados Unidos, o filme poderia receber grande projeção (ou rejeição), além de uma promoção gratuita com todos os xingamentos que Trump e seus seguidores destinaram ao filme. Mais interessante do que ficar discutindo o que é verdade ou mentira nas situações apresentadas na produção é perceber no roteiro do estreante Gabe Sherman os sinais de como Trump se tornou dono de um império e mais tarde se tornou um nome presidenciável em seu país. A proximidade entre Cohn e Trump começa quase que por acaso e ganha contornos para além dos negócios, afinal, foi Cohn que influenciou o acordo nupcial de seu famoso casamento com Ivana Trump (vivida por Maria Bakalova). Strong representa Cohn de forma repulsiva, com todos os preconceitos e discursos que infelizmente ouvimos sair de figuras influentes da política atual como se fossem trivialidade. Fica perceptível como a proximidade entre os dois ajudou a moldar o discurso de Trump e, mais do que isso, fazer com que ele percebesse que existiam intenções e discursos políticos que não poderiam ser ditos claramente, mas que era capaz de agregar seguidores em sua jornada rumo a postos de poder. Abassi opta por uma narrativa quase documental, como se estivesse espionando o que se passa naqueles encontros e situações com uma câmera na mão e fotografia datada. O tom segue discreto, mas por vezes soa como um grande deboche no humor que brota de cenas desconfortáveis. Os pares devem ter apreciado a coragem de Sebastian Stan para encarnar um personagem real tão conhecido explorando justamente as suas nuances menos lisonjeiras e, em alguns momentos, eu realmente não parecia ver o ator de Soldado Invernal em cena, mas uma versão jovem do sujeito em questão. Quem também merecia algum reconhecimento na temporada de prêmios era Maria Bakalova, que está ótima como a esposa que funciona como contraponto do universo ao seu redor (e que sofre as consequências por conta disso). Em alguns momentos eu parecia ver um versão às avessas do filme anterior do diretor, O Tigre Branco (2021) que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de roteiro adaptado. Embora seja menos esperto que sua obra lançada pela Netflix, O Aprendiz está totalmente imerso em polêmica, o que pode ofuscar seus méritos como cinema.
O Aprendiz (The Apprentice / EUA - 2024) de Ali Abassi com Sebastian Stan, Jeremy Stron, Maria Bakalora, Martin Donovan, Charlie Carrick, Mark Rendall e Joe Pingue ☻☻☻
Na Tela: Mickey17
Mickey 17 (EUA-Coreia do Sul / 2025) de Bong Joon Ho com Robert Pattinson, Naomie Ackie, MArk Rufallo, Toni Collette, Steven Yeun, Patsy Ferran, Holly Grainger e Angus Imrie. ☻☻☻☻
segunda-feira, 3 de março de 2025
Ganhadores do Oscar 2025
Melhor Filme
'Anora' ☻
Direção
Sean Baker - 'Anora' ☻
Ator
Adrien Brody - 'O Brutalista' ☻
Atriz
Mikey Madison - 'Anora'
Ator Coadjuvante
Kieran Culkin - 'A Verdadeira Dor' ☻
Atriz Coadjuvante
Zoe Saldaña - 'Emilia Pérez' ☻
Roteiro Adaptado
'Conclave' ☻
Roteiro Original
'Anora'
Filme Internacional
“Ainda estou aqui" ☻
Animação
'Flow' ☻
Figurino
'Wicked' ☻
Maquiagem e cabelo
'A Substância' ☻
Trilha Sonora
'O Brutalista' ☻
Curta-metragem com atores
'I am not robot'
Curta-metragem Animado
'In The Shadow of the Cypress'
Canção original
'El Mal' - 'Emilia Pérez' ☻
Documentário
'No other land' ☻
Documentário de curta-metragem
'The Only Girl in the Orchestra'
Direção de Arte
'Wicked' ☻
Montagem
'Anora'
Som
Duna: Parte 2
Efeitos Visuais
Duna: Parte 2
Fotografia
'O Brutalista'