Cinco filmes assistidos no mês que merecem destaque:
sexta-feira, 30 de abril de 2021
PL►Y: Um Inverno em Nova York
A dinamarquesa Lone Scherfig conseguiu um feito e tanto ao se tornar a responsável pelo filme mais simpático do movimento Dogma 95. Sua direção sensível em Italiano para Principiantes/2000 com seus seis personagens tentando se encontrar em uma vida marcada por opressões. O longa a tornou conhecida da crítica e dos produtores que perceberam sua capacidade de abordar temas delicados com leveza. No entanto, sua consagração absoluta veio com Educação (2009), filme que concorreu a três Oscars, Oscars (melhor filme, roteiro adaptado e rendeu a primeira indicação de melhor atriz da carreira de Carey Mulligan, se tornando um divisor de águas na carreira da atriz de Bela Vingança/2020). O sucesso do filme em língua inglesa a credenciou a tomar frente de produções cobiçadas como a versão para o cinema do best-seller Um Dia (2011). No entanto, não são poucos que acusam a cineasta de se repetir cada vez mais em seus filmes recentes. Vejamos o que ela faz neste Um Inverno em Nova York. Aqui ela retoma uma roteiro que segue vários personagens em seus dilemas - não poderiam faltar a sua protagonista bondosa que precisa se livrar de problemas e o tom moldado para ser adorável mesmo quando a coisa deveria ser um pouco mais, digamos, densa. O que poderia ser um caleidoscópio no melhor estilo Robert Altman, logo se torna um universo que gira em torno de Clara (Zoe Kazan), mulher casada com um sujeito agressivo que resolve fugir por Nova York enquanto o esposo a procura feito um louco. Ela acaba dependendo da bondade de outros personagens para não dormir nas ruas. Assim encontra um rapaz azarado quando o assunto é emprego (Caleb Landry Jones), a médica que participa de terapias de grupo para lidar com a rotina estafante (Andrea Riseborough), um estrangeiro cheio de amor para dar (Tahar Rahim), um advogado sem muita expressividade na história (Jay Baruchel) e um porteiro que precisa imitar sotaque alemão (Bill Nighy). Embora tenha alguns momentos tensos, o filme dá voltas em torno de si mesmo sem apresentar muita consistência aos personagens e os laços que os une tão repentinamente. Embora tenha um bom elenco, nenhum deles parece ter muito entrosamento com o outro em cena - quando na verdade este deveria ser o maior trunfo do filme. Embora seja repleto de boas intenções, as relações são bastante frias durante a sessão - e ainda precisam lidar com a forma rasa com que o roteiro trata temas complicados como violência doméstica e abuso infantil. A impressão é que nada pode estragar o tom otimista e a cadência simpática da narrativa que tem uma cota considerável de temas pesados para tratar. Ao exagerar no açúcar, o filme acaba rendendo menos do que deveria, especialmente por não aprofundar as tristezas de seus personagens e seus desdobramentos. Um Inverno em Nova York pode até ser agradável de assistir com sua bela fotografia e trilha sonora otimista, mas gera certo incômodo pela forma como se esquiva de tratar os temas a que se propõe. Este temor acaba rendendo um filme tão genérico quanto seu título em português (o original seria A Bondade de Estranho... não sei se faria grande diferença) e difícil de lembrar depois que termina.
Um Inverno em Nova York (The Kindness of Strangers / Dinamarca - Canadá - Suécia - França - Alemanha - Reino Unido - EUA / 2019) de Lone Scherfig com Zoe Kazan, Tahar Rahim, Andrea Riseborough, Bill Nighy, Caleb Landry Jones, Esben Smed, Jack Fulton, Finlay Wojtak-Hissong e Jay Baruchel. ☻☻☻
segunda-feira, 26 de abril de 2021
GANHADORES DO OSCAR 2021
Acho que a Academia soube como vencer o desafio de inovar perante os tempos de pandemia e a crise de audiência. A cerimonia foi rápida e dinâmica, ainda que não mantido o embalo da ótima introdução realizada por Regina King (que foi espetacular)! No entanto, o tom descontraído e nada engessado cumpriu o seu papel de entreter e celebrar o papel do cinema em um ano tão conturbado. Achei legal as curiosidades sobre os indicados quando eram apresentados, mas senti falta dos trechos do filme que dão um gostinho especial à cerimonia. Óbvio que aconteceram surpresas e elas acabaram estragando meu volume de acertos neste ano (embora não tenha desgostado delas). A seguir os ganhadores, meus acertos (☻) e meus breves comentários sobre o que aconteceu na noite de ontem em Los Angeles:
sábado, 24 de abril de 2021
PALPITES PARA O OSCAR 2021
Depois de mudar a data, mudar o período de consideração de seus indicados e ter que se adaptar, assim como as produtoras e o público no ano conturbado da pandemia. O Oscar acontecerá neste domingo, dia 25 e eu gostaria de escrever sobre mais indicados antes da cerimonia, mas acho que não terei tempo. Então, prefiro apostar em quem deverá sair premiado na cerimonia de amanhã. Quero deixar claro que esses palpites não tratam dos meus favoritos, mas quem deve ser celebrado pela Academia como o melhor da temporada. Meu favorito na categoria de melhor filme é Meu Pai - mas só acredito vendo que Nomadland levará melhor filme (mas creio que Chloé Zhao é imbatível no páreo de direção). Queria muito ver Vanessa Kirby levar o prêmio para casa por Pieces of a Woman, mas sei que é impossível... então, vamos aos que devem receber suas estatuetas amanhã:
INDICADOS AO OSCAR 2021: Melhor Filme
Depois de abordar os atores, atrizes e cineastas indicados ao Oscar deste ano, chegou a vez das produções que estão na disputa do prêmio mais cobiçado da noite. Este ano a Academia escolheu oito filmes na categoria principal e deixou alguns de fora que bem que poderiam ter completado a lista de dez. No entanto, diante do ano complicado que o cinema viveu por conta da pandemia, ter filmes lançados já é uma verdadeira vitória. A seguir os oito indicados em ordem alfabética (e um que todos acharam que estariam na disputa e ficou de fora):
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Premiados Independent Spirit Awards 2021
Melhor direção: Chloé Zhao (Nomadland)
Melhor atriz: Carey Mulligan (Bela Vingança)
Melhor ator: Riz Ahmed (O Som do Silêncio)
Melhor atriz coadjuvante: Yuh-jung Youn (Minari)
Melhor ator coadjuvante: Paul Raci (O Som do Silêncio)
Melhor roteiro: Emerald Fennell (Bela Vingança)
Melhor fotografia: Joshua James Richards (Nomadland)
Melhor montagem: Chloé Zhao (Nomadland)
Melhor filme de estreia: Darius Marder (O Som do Silêncio)
Melhor roteiro de estreia: Andy Siara (Palm Springs)
Melhor filme internacional: Quo Vadis, Aida? (Bósnia)
Melhor documentário: Crip Camp
Prêmio Robert Altman: Uma Noite em Miami
Prêmio John Cassavetes: Residue
Revelação: Ekwa Msangi, diretora de "Farewell Amor"
Melhor nova série de TV: I May Destroy You
Melhor atriz em nova série de TV: Shira Haas (Nada Ortodoxa)
Melhor ator em nova série de TV: Amit Rahav (Nada Ortodoxa)
Melhor elenco em série de TV: I May Destroy You
Melhor série documental: Immigration Nation
PL►Y: Better Days
Representante de Hong Kong no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, Better Days é mais uma prova de que o olhar do Oscar para os filmes estrangeiros mudou muito nos últimos anos. Se ano passado o premiado Parasita acabou levando o prêmio de Melhor Filme também, neste ano o grande favorito é um filme dinamarquês sobre um bando de marmanjos que se rendem sem pudores ao prazer do álcool (DRUK) que cravou também uma indicação ao prêmio de direção. Nota-se um rompimento com aquela ideia de que os filmes estrangeiros indicados ao Oscar precisam ter aquele tom hermético de outros tempos (que representava muito o olhar dos votantes mais idosos do Oscar, plateia que costumava ver e votar nos concorrentes da categoria - o que remetia diretamente ao olhar deles sobre o que era um bom filme não feito nos Estados Unidos). A categoria de Filme Estrangeiro se tornou um verdadeiro deleite nos últimos anos, muitas vezes com concorrentes melhores do que os mais indicados ao Oscar de determinado ano, especialmente pela capacidade e universalizar seus temas (o que é fundamental na categoria) de forma atrativa pra o público mundial. Confesso que fiquei muito surpreso com o filme de Kwok Cheung Tsang, que constrói sua história como um verdadeiro manifesto antibullying, sem medo de por vezes ser um tanto sensacionalista na abordagem do tema. A trama tem como pano de fundo o vestibular nacional chinês (espécie de ENEM local), que serve como um verdadeiro divisor de águas na vida dos milhares de estudantes que realizam a prova todos os anos com a esperança de galgar uma vaga numa boa universidade e ter um bom emprego no futuro. O filme demonstra bem o processo exaustivo dos adolescentes de uma escola, a pressão que sofrem e o medo do fracasso. Se só isso já poderia render um filme interessante, o roteiro ainda apresenta como ponto de partida um suicídio na escola. Assim, a atenção volta-se para a insegura Chen Ian (Dongyuy Zhou), que teve contato com a menina suicida minutos antes do ocorrido. Por conta de um ato de solidariedade à colega, ela chama a atenção de um grupo que será capaz das piores torturas físicas e psicológicas sobre Chen Ian. Neste ponto surge o medo, a dor, mas também o medo de denunciar e sofrer represálias, além da passividade de quem observa aquelas ações hediondas. A trama toma outro rumo quando ela encontra Zheng Yi (Fang Yin), jovem um tanto perdido que abandonou os estudos e não tem muitas perspectivas de vida. Chen e Zheng aos poucos se tornam bastante próximos e ele se torna uma espécie de guarda costas dela. Esta união no entanto terá desdobramentos inusitados na vida de ambos, especialmente quando as provas se aproximam, o estresse aumenta e um crime ocorre na reta final da história. Filmes sobre bullying costumam pecar pela sua estrutura protocolar e um tanto repetitiva, cabendo ao diretor abusar da criatividade para prender a atenção do público perante o sadismo das cenas. Assim, foram feitos o brasileiro Ferrugem (2018) e o insuportável Depois de Lucia ( que já abandonei várias vezes no meio da sessão). Better Days, no entanto, segue um caminho oposto dos dois, ampliando rumos e acontecimentos, aumentando também o número de personagens e situações para administrar, deixando sua duração extensa (duas horas e quinze minutos) e um tanto irregular, mas acerta ao apontar o bullying no espaço escolar como uma espécie de reflexo da violência (física ou simbólica) nas relações sociais banhadas em competitividade, status, hierarquias e poder. Assim, Better Days constrói uma espécie de cadeia alimentar juvenil sem poupar a plateia de cenas angustiantes, dilemas morais e doses de romance para atenuar a maldade. Apesar de tropeçar por vezes no trato com os personagens que vem e vão durante a história, o longa cumpre o seu papel e faz pensar sobre como uma série de atitudes ofensivas evoluem para a criminalidade crime da forma mais descarada, mas "não foi esta a intenção". Esta é a primeira vez que a obra de um diretor nascido em Hong Kong concorre ao Oscar - mesmo que enfrentando uma dura censura na China para a distribuição do filme. Ainda que saia do Oscar com as mãos vazias, é um filme que merece atenção, seja pelo tema que aborda ou pela pressão depositada nos ombros de adolescentes em suas escolhas para o futuro (sejam pessoais ou profissionais).
Better Days (Shaonian de ni / Hong Kong - China /2019) de Kwok Cheung Tsang, com Dongyu Zhou, Fang Yin Jackson Yee, Ye Zhou, Yue Wu, Yao Zhang, Runnan Zhao e Ran Liu. ☻☻☻☻
quarta-feira, 21 de abril de 2021
PL►Y: Shaun, O Carneiro: O filme - A Fazenda Contra-Ataca | A Caminho da Lua
PL►Y: Radioactive
Não resta dúvidas de que Rosamund Pike é uma das atrizes mais interessantes da atualidade. Ela não vende uma imagem sensual, não aparece em páginas de revistas explorando seu estilo de vida ou um novo relacionamento com o galã do momento (ela é casada com o matemático e empresário Robie Ubniackie desde 2009), mas ouvimos falar da atriz por seus trabalhos em filmes em que sua atuação costuma ser o ponto alto. Foi assim quando o Oscar achou que sua performance era a única coisa digna de voto em Garota Exemplar /2014 de David Fincher, filme que lhe concedeu uma indicação ao prêmio de melhor atriz. De certa forma a situação se repetiu no Globo de Ouro deste ano em que ninguém esperava que ela fosse premiada como melhor atriz de comédia pelo deliciosamente maldoso Eu Me Importo/2020 (nem ela mesma). Tanto este quanto o recente Radioactive estão em cartaz na Netflix e são dignos de uma maratona com a atriz. Nas especulações antes das premiações, até cogitaram que ela tivesse chance no Oscar deste ano, mas as críticas mornas e a disputa acirradíssima deste ano a deixaram de fora. Aqui ela vive a famosa cientista polonesa Marie Curie, que conquistou a proeza de receber duas vezes o Prêmio Nobel. Nascida Maria Sklodowska e formada em Química, Marie nasceu em 1967, quando a Rússia ainda era um Império e para ganhar a vida trabalhou como governanta. Foi em 1891 que ela partiu com a irmã para Paris em busca de formação acadêmica, lá mudou de nome e após o casamento com o físico Pierre Curie realizou o estudo da radioatividade, o que lhes rendeu um Nobel (em parceria com Henri Becquerel que ficou de fora do filme). Em 1903 concluiu seu doutorado e se tornou a primeira professora mulher da Universidade de Paris. Fascinada em estudar usos práticos dos elementos químicos Marie (como a utilização para gerar radiografias), ela foi responsável por identificar dois novos elementos da tabela periódica: o rádio e o polônio (batizado em homenagem à sua terra natal). Obviamente que condensar uma vida destas, repletas de desafios e pioneirismos deixaria muita coisa de fora em menos de duas horas de filme (uma minissérie seria o ideal!), talvez por isso a diretora iraniana Marjane Satrapi (do excepcional Persépolis/2007) segue por outros rumos que podem gerar estranhamento. Além de lidar com um texto completamente fora da sua zona de conforto, ela tenta encontrar um equilíbrio entre o retrato da mulher e da cientista em um período em que desafios e preconceitos eram muitos, seja por ser mulher num universo extremamente masculino e machista, seja por ser estrangeira. O filme oferece destaque ao seu relacionamento com Pierre (outro trabalho charmoso de Sam Riley) e mais tarde com a filha, Irène (Anya Taylor Joy), tem uma preocupação quase didática com as descobertas da cientista e ousa ao projetar suas descobertas para o futuro, relacionando com bombas nucleares e o desastre de Chernobyl. Neste ponto o filme se coloca em uma espécie de corda bamba, já que os desavisados podem achar que é Marie a responsável por aquelas catástrofes. Neste ponto, o filme patina sobre o valor da ciência, mas também a responsabilidade das políticas sobre estas descobertas. As intenções de Curie sempre foram nobres (e o filme destaca isso ao apresentar seu trabalho com as unidades móveis de radiografias na Primeira Guerra Mundial). Se o roteiro deixa muita coisa de fora e a montagem por vezes se atrapalha, o melhor é o excelente trabalho de Rosamund Pike. É verdade que Marjane consegue fugir do óbvio e imprime sua personalidade no que poderia ser apenas mais uma cinebiografia protocolar. Ouso dizer que aqui ela se distancia ao máximo de sua zona de conforto (que sempre flertou um pouco com o poder evocativo da fantasia na construção de suas tramas - mesmo no tosco A Gangue dos Jotas/2012). Com a leveza e força de costume na construção de suas personagens femininas, Radioactive não é um filme perfeito, mas consegue resgatar parte da vida e obra de Marie Curie, a destacando como uma das mentes mais brilhantes da História.
Radioactive (Reino Unido / França / EUA / China / Hungria - 2020) de Marjane Satrapi com Rosamund Pike, Yvete Feuer, Mirjam Novak, Sam Riley, Simon Russell Beale e Anya Taylor-Joy. ☻☻☻
domingo, 18 de abril de 2021
INDICADOS AO OSCAR 2021: Melhor Direção
#FDS Oscar2021: O Homem que Vendeu Sua Pele
Ali: refugiado como objeto de arte. |
Entre as surpresas do Oscar deste ano está a indicação do tunisiano O Homem que Vendeu Sua Pele que, em momento algum durante as especulações sobre os candidatos às cinco vagas da categoria de filme estrangeiro, foi cotado como um dos favoritos. O filme conta a história de Sam Ali (Yahya Mahayni), um refugiado da Guerra Civil da Síria que vende suas costas para que um artista renomado (Koen De Bouw) tatue nela sua mais controversa obra: um visto. Ironicamente com a tatuagem nas costas, Sam tem a permissão de cruzar o mundo enquanto uma obra-de-arte, mas precisa obedecer algumas regras: estar disponível para todas as exposições que forem necessárias, zelar pelas suas costas mais do que pela própria vida e até permitir que suas costas a obra seja vendida (e ele ganhará um terço do valor, além de ter a pele removida para o dono da obra após sua morte). Some isso à uma história de amor proibido com e você terá os elementos que fazem o longa da cineasta Kaouther Ben Hania desenvolver-se de forma bastante provocativa. As provocações existem a todo instante, desde o momento em que o artista explica sua obra, afinal, Sam enquanto ser humano não tem permissão para transitar legalmente entre os países que visita, mas a partir do momento que torna-se uma obra de arte, ele pode. Além disso, um sujeito marginalizado pelo sistema, logo torna-se valorizado não enquanto pessoa, mas enquanto... coisa. Obviamente que a obra chama atenção de organizações dos direitos humanos que entram em conflito com o artista que recebe cada vez mais projeção pela sua ideia, que pode até parecer uma denúncia, mas que funciona mais em seus interesses próprios do que qualquer outra coisa (e o próprio Sam não parece muito preocupado com "a causa"). Por outro lado, Sam passa de um sujeito apaixonado do início do filme para uma pessoa cada vez mais insatisfeita com sua objetificação, sua história, suas emoções, sua vida não importa para quem contempla suas costas, o que importa é a obra. Estigmas e preconceitos que recaem sobre ele permanecem, assim como seus dilemas pessoais se ampliam - algo que explode naquela cena em que assusta toda uma plateia de endinheirados. Infelizmente, depois deste acontecimento o filme caminha apressado para um desfecho um tanto fantasioso em nome de um final feliz que vai contra todo o tom dramaticamente satírico que apresenta ao longo de seus primeiros noventa minutos. O final pode não estragar o filme, mas reduz muito o impacto da obra que até então era provocativa. Embora seja baseado na história real de Tim Steiner (que exibe nas costas a obra do artista belga Win Delvoye - que foi vendida em 2008 por 50 mil euros ao colecionador de arte alemão Rik Reinking) a diretora Kaouther Ben Hania insere outro contexto para a história com romance e temáticas sociais, pena que faltou o pulso firme para criar um desfecho tão impactante como o longa merecia. A indicação além de prestigiar os méritos do filme, ainda incentiva a produção cinematográfica local que após a Revolução de Jasmin (2010-2011) iniciou uma nova fase no país e tem em Kaouther uma voz ativa no incentivo do cinema como forma de expressão, especialmente entre as mulheres do país.
O Homem que Vendeu sua Pele (The Man Who Sold His Skin / Tunísia - França - Bélgica - Alemanha - Suécia - Turquia / 2020) de Kaouther Ben Hania com Yahya Mahayni, Dea Liane, Monica Bellucci e Koen De Bouw. ☻☻☻☻