Totoro: amizade mais que especial.
Ótima pedida para este período de confinamento é assistir aos filmes do Estúdio Ghibli que estão disponíveis na Netflix! São mais de uma dezena de filmes do consagrado Estúdio japonês de Hayao Miyazaki (e com previsão de outros aparecerem em breve). Eu estou assistindo e para não me estender muito irei comentar três por vez. Vou escrever sobre os três primeiros que assisti (sim, já tem outros prestes a serem comentados), o primeiro é o classicão
Meu Amigo Totoro (que eu pronunciei a vida inteira como sendo Totoró...) lançado em 1988 (e lançado por aqui somente em 1995!!!), o longa foi um verdadeiro marco para o estúdio. O filme conta a história de duas meninas que sofrem muito com a ausência da mãe e, ao se mudarem, descobrem que moram perto de uma floresta mágica, cheia de criaturas peculiares. A mais impressionante delas é Totoro, que parece um enorme coelho de pelúcia e que tem a bondade proporcional à sua altura. A serenidade do personagem faz com que as meninas atravessem a fase difícil com mais leveza e torna o filme um programa delicioso para todas as idades! O filme é um belo exemplo do estilo Ghibli, o traço é fofo, os desenhos cheios de detalhes e somado às cores, existe a composição de um verdadeiro espetáculo visual. Existe uma nitidez impressionante em cada quadro e uma verdadeira perfeição em juntar o ambiente rural em que as meninas vivem com o toque de fantasia que as criaturas trazem para narrativa. O filme fez tanto sucesso que até hoje os brinquedos inspirados nos personagens são vendidos no Japão. Belo e sensível, Totoro é uma influência para o cinema até hoje, basta ver
Okja (2017) de Bong Joon-ho que você irá perceber algumas referências. Hayao Miyazaki arrasa! No ano seguinte, o diretor lançou
O Serviço de Entregas de Kiki (1989) outro filme saboroso de assistir! Desta vez saem as criaturas fofas e entra em cena uma bruxinha adolescente que precisa escolher uma cidade para viver. Kiki tem apenas 13 anos e conforme manda a tradição bruxa, ela precisa encontrar um lugar para viver longe da família. Assim, ela parte com uma vassoura e seu fiel gato preto falante, Jiji, para uma cidade no litoral. No início a situação é meio difícil por ela perceber que a cidade não simpatiza muito com bruxas, mas após ela criar um eficiente serviço de entregas ela começa a conquistar seu espaço. Miyazaki acrescenta à esta história sentimentos típicos da adolescência: a busca pela identidade, as inseguranças, o primeiro amor, a sensação de perda... vários outros elementos estão presentes e abordados com muito humor.
Kiki e Jiji: a bruxice como heroísmo.
A protagonista é uma graça em suas virtudes e defeitos, além de ser rodeada por coadjuvantes muito carismáticos, seja o casal dono da padaria, uma amiga pintora ou o pequeno inventor chamado Tombo (de visual que parece inspirado nos quadrinhos de Onde Está Wally?). Tombo revela outro aspecto interessante do filme, se Kiki tem lá os seus feitiços (os quais ainda precisa aprender a lidar) ela está rodeada de pessoas que também tem lá suas formas de fazerem mágica no dia a dia, seja o padeiro com as massas, a mãe de Kiki com experiências químicas ou as invenções do amigo um tanto desastrado. Miyazaki conta esta história com cores serenas e alguns momentos de aventura que funcionam muito bem. Particularmente gosto muito das cenas em que a menina ainda está aprendendo a dominar a vassoura em seus voos, tenho a impressão que aprender a voar em uma vassoura é exatamente daquele jeito. Para terminar esta modesta resenha, Reino dos Gatos é um filme irresistível para quem curte felinos. A história gira em torno de uma menina que não consegue se encaixar bem na escola, mas tem bom coração suficiente para ajudar os gatinhos que cruzam seu caminho. Ela não faz ideia que a gratidão dos bichanos irá coloca-la em maus lençóis, a começar pelos presentes indesejados que todo dono de gato conhecem bem (como um bando de camundongos mortos, por exemplo...). Tanta devoção à menina irá leva-la para um mundo diferente, onde os gatos são os únicos habitantes e criam até uma conspiração perante o rei. A trama é bastante viajante e pode causar mais estranhamento do que gargalhadas, mas é uma boa pedida, principalmente pelas surpresas que reserva aos gatos antropomórficos que apresenta. O Reino dos Gatos foi uma produção para a televisão japonesa que chegou aos cinemas em outros lugares do mundo e, talvez por isso, seu traço seja mais simples do que o presente nos filmes cinematográficos do estúdio, mas o uso das cores e a atmosfera de fantasia funcionam muito bem sob a direção de Hiroyuki Morita, que trabalhou como desenhista em várias animações, entre elas Serviço de Entregas da Kiki e o clássico Akira (1988) de Katsuhiro Otomo. Reino dos Gatos foi seu primeiro e único filme na direção.
Reino dos Gatos: estranha fábula felina.
Meu Amigo Totoro (Tonari no Totoro / Japão - 1988) de Hayao Miyazaki com vozes de Hitoshi Tagashi, Noriko Hidaka, Reiko Suzuki e Chika Sakamoto. ☻☻☻☻
O Serviço de Entregas da Kiki ( Majo no takkyûbin / Japão - 1989) de Hayao Miyazaki com vozes de Minami Takayama, Keiko Toda, Rei Sakuma e Kappei Yamagushi. ☻☻☻☻
Reino dos Gatos (Neko no engaeshi / Japão - 2002) de Hiroyuki Morita com vozes de Chizuru Ikewaki, Aki Maeda, Kenta Satoi e Mari Hamada. ☻☻☻